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Representantes da comunidade e da coluna Lugar de Mulher
Foto: Luiza Villaroel

Circuito Municipal de Cultura aborda a temática feminina

criado em - atualizado em


A Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (CIRC), promovem durante o mês de março, no Circuito Municipal de Cultura, uma programação especial dedicada à temática feminina, além de atividades que potencializam realizações da cidade de Belo Horizonte.

Espetáculos de teatro, shows musicais, exposições, exibições de filmes, oficinas, lançamento de livro e debates serão realizados nos equipamentos culturais da Fundação Municipal de Cultura. Os eventos têm entrada gratuita. A programação completa está disponível neste site.

A diretora de Promoção das Artes da Fundação Municipal de Cultura, Aline Vila Real, ressalta que a vocação do Circuito é atender a cidade de Belo Horizonte e promover uma programação diversa ao longo do ano. “O mês de março tem como destaques as realizações artísticas femininas e a potencialização de projetos que acontecem nas diversas regionais. Com forte presença de artistas de Belo Horizonte, a programação evidencia a trajetória de Teuda Bara que, além de se apresentar no Teatro Raul Belém Machado, será homenageada pelas Minas de Minas, que farão uma releitura de seu grafitti na Zona Cultural da Praça da Estação. Dona Jacira, mãe do rapper Emicida e a sul africana Lindiwe Matshikiza também estarão na programação”.

As atividades terão início no próximo sábado, dia 7, no Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado, às 19h, com apresentação da peça “Luta”, que fala sobre a vida da artista mineira Teuda Bara.  O espetáculo é uma criação da atriz e encenada por ela, que revisita suas memórias, ficcionaliza sua trajetória, cria imagens, conta casos e elege a luta como alegoria para o teatro e a própria vida.

A dramaturgia e direção são de Marina Viana, Cléo Magalhães e João Santos (autor de "Teuda Bara: Comunista demais para ser Chacrete"). Atriz e fundadora do Grupo Galpão, Teuda Bara é uma mulher de grande representatividade para a arte e a cultura nacional.  No início dos anos 2000, viveu entre Quebec e Las Vegas para, a convite do renomado diretor Robert Lepage, participar do espetáculo “K.Á.”, do Cirque Du Soleil. De volta ao Brasil em 2007, retomou a sua carreira pelos palcos e ruas brasileiros, ao lado do Galpão.

No Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, o Teatro Francisco Nunes recebe uma programação especial em homenagem à data. Serão quatro atividades distribuídas pelo teatro, foyer e o largo do teatro.

O Largo do Teatro Francisco Nunes receberá, a partir das 16h, o projeto “Mesa de Thereza”, ação desenvolvida pela artista Thereza Portes, que tem por objetivo aproximar as pessoas, promovendo o diálogo entre os participantes a partir das histórias do centro de Belo Horizonte, contadas em torno de uma mesa com chás, quitutes quilombolas e a presença de mulheres bordadeiras. O projeto acontece desde 2010 e uma síntese dessas conversas representadas por palavras, frases ou desenhos está sendo bordada há oito anos em uma toalha coletiva. Até hoje, já foram inúmeros cafés na rua, servidos em mesas com 10 metros de comprimento e mais de 700 xícaras doadas por moradores da capital mineira.

O dia 8 segue com programação às 17h, quando o Teatro Francisco Nunes será palco do lançamento do livro “Café”, de Dona Jacira. Escritora, artista e mãe do cantor Emicida, ela representa a força da mulher e a capacidade de misturar tradição e contemporaneidade. Defensora dos direitos iguais, Dona Jacira quebrou padrões e, por meio de sua arte, tem provocado mudanças. É poetisa, escritora e mestre em artes e ofícios. Bordadeira admirada, ela pinta, escreve, tece e promove rodas de conversa e encontros para discutir a relação afetiva. No livro “Café”, ela divide memórias da sua infância e a sua trajetória até os dias atuais. Dona Jacira faz das suas angústias adormecidas, exemplos de vida que encorajam as pessoas a lutarem pelo seu lugar.

Ainda no dia 8, também no Chico Nunes, o grupo Fenda, formado por cinco mulheres que escancaram uma abertura para o feminino dentro do hip hop, fará uma apresentação, às 18h30. O Fenda tem se destacado no cenário musical pela versatilidade e por unir diferentes ritmos. Em paralelo, terá início a exposição fotográfica “8M”, da artista Isabella Leite, com imagens de mulheres produzidas durante as manifestações que ocorreram no dia 8 de março, entre os anos de 2015 e 2019. A mostra ficará em cartaz até 31 de março, no foyer do Teatro Francisco Nunes. A programação do dia 8 ocupará ainda a Praça Ernesto Che Guevara, com o “Encontro Cultural do Taquaril”, a partir das 14h. O tema escolhido é a presença da mulher nas intervenções artísticas das comunidades.

Dentro das comemorações da “Semana Literária”, o Centro Cultural Vila Santa Rita realiza no dia 9, às 20h, um pocket show com o Coletivo Negras Autoras, grupo de artistas negras que mistura música, poesia e discussão sobre a temática. Também participarão do debate representantes da comunidade e da coluna Lugar de Mulher. Já no dia 19, o Centro Cultural Jardim Guanabara receberá o espetáculo que foi sucesso de público em 2019, “Banho de Sol”, que promove a discussão sobre o dia a dia de mulheres em situação de cárcere. O Território L4 volta a receber atividades no dia 21, a partir das 14h, no Alto Vera Cruz, com a “Batalha do Posto”, um duelo de MCs que contará com uma liga feminina.

De 12 a 15 de março, o Circuito recebe a sul africana Lindiwe Matshikiza para a residência artística com mulheres que usem sua voz ou seu trabalho de voz na sua própria prática e vida e/ou colecione ou tenha acesso a coleções de LP. Lindiwe parte do pensamento do papel que a memória e a música desempenham na construção de uma auto-mitologia. Ao final, no dia 15, apresentará um filme documentário em processo, seguido de discussão da artista e as participantes da residência, sobre a troca de experiências, formas de documentar e de contar histórias, e paralelos e divergências entre Brasil e África do Sul.

No dia 26, às 16h20, no Centro Cultural Bairro das Indústrias, acontecerá o “Circuito Cine Clube”, com o média-metragem “Estado Itinerante”, dirigido por Ana Carolina Soares. Cinema, pipoca e filme comentado fazem parte dessa ação formativa, que contará com a participação da Secretaria Municipal de Saúde para a promoção de ações com enfoque na Violência contra a Mulher. Já o Centro Cultural Venda Nova irá exibir no dia 28, a partir das 18h, curtas-metragens do projeto “Imagens dos Povos”, que também integram o Circuito Cine Clube.

As atividades com a temática feminina se encerram com a homenagem a Teuda Bara, por meio de uma intervenção realizada pela “Janela Urbana: Minas de Minas”, que fará uma releitura do graffiti em homenagem à artista, no Centro de Referência da Juventude (CRJ), espaço significativo para a população jovem de Belo Horizonte e integrante da Zona Cultural Praça da Estação. O trabalho de grafitagem acontecerá entre os dias 27 e 29, com lançamento previsto para o dia 30. A ação ocorre em parceria com o Movimento Gentileza.


 

Outras ações

Em paralelo, acontecerão outras três atividades, fora da temática feminina. Nas semanas de 2 a 6 de março e de 11 a 14, o Centro de Referência da Juventude (CRJ), na rua Guaicurus, que integra a Zona Cultural Praça da Estação, receberá o projeto “Residência Artística Centralidades Periféricas”, com o artista visual e sonoro, Ricardo Aleixo. A ação é uma parceria com o “Memorial pela vida da juventude negra”, e tem o objetivo de dialogar com grupos e artistas das periferias de Belo Horizonte. Serão debatidos temas como processos criativos, modos de inserção no mercado artístico-cultural, e os principais problemas com os quais se deparam em termos de produção, criação e difusão de seus trabalhos. A proposta é pensar em soluções coletivas a curto, médio e longo prazos. Trinta jovens de diferentes áreas artísticas (já selecionados mediante inscrição prévia) participarão do trabalho que terá duração de 10 dias.

Nos dias 9 e 11, o Centro Cultural Alto Vera Cruz, no Território L4, receberá a oficina de produção de texto “ Assim nasce um jornalista”, no Centro Cultural Vera Cruz. Ministrada pelas mediadoras de leitura Stephanie Crepaldi e Viviane Ferreira, a oficina formativa será direcionada aos jovens moradores do L4 e possibilitará aos participantes a oportunidade de aprender o processo de criação e/ou aprimoramento de uma escrita com cunho jornalístico. E no dia 15, também em parceria com o Instituo Goethe, por meio do projeto Vila Sul, o Música de Domingo Lab, com o DJ alemão Daniel Haaksman, Chefe do selo Man Recordings, vai falar sobre produção musical e os seus movimentos, como a internacionalização da música brasileira, em especial o funk.

 

O Circuito Municipal de Cultura

Lançado em dezembro de 2019, junto às comemorações dos 122 anos de Belo Horizonte, tem como objetivo potencializar a programação cultural e artística de Belo Horizonte, por meio da valorização da produção local e de atrações relevantes do cenário cultural brasileiro, de forma descentralizada para atender a todas as regiões da cidade.

Em 2020, mais de 150 atrações artísticas e ações formativas nos setores do teatro, circo, dança, música, literatura, artes visuais, audiovisual e culturas populares vão ocupar os equipamentos culturais da Fundação Municipal de Cultura: centros culturais, teatros, museus, bibliotecas, Centro de Referência da Cultura Popular Lagoa do Nado, Mis Cine Santa Tereza, Escola Livre de Artes, além de parques e praças da cidade, da Zona Cultural Praça da Estação e de três bairros que integram o Território L4 (Taquaril, Granja de Freitas e Alto Vera Cruz).