14 November 2019 -
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, realiza de 18 a 24 de novembro o Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN-BH. Com sete dias de programação gratuita, em mais de 20 espaços da cidade, o festival chega à sua décima edição em 2019, com mais de 100 atrações do Brasil e do exterior, representando diversas linguagens artísticas e promovendo a produção de arte e cultura de matrizes africanas.
O FAN-BH 2019 fortalece as ações do mês da Consciência Negra em Belo Horizonte, buscando a democratização do acesso à cultura no espaço público e a promoção da igualdade racial, compondo um olhar expandido e diverso, para focalizar as subjetividades negras e suas singularidades artísticas.
Com o tema Território Memória, o FAN-BH 2019 traz mais de 40 filmes na sua programação de cinema. A produção negra nacional, premiada em festivais nacionais e internacionais, tem conquistado espaço nos últimos anos com obras potentes, provocativas e diversas.
Para democratizar o acesso do público a essas produções, o FAN-BH 2019 promove uma série de exibições gratuitas de curtas e longas-metragens recém-lançados no país. Com curadoria da professora e pesquisadora de cinema, Tatiana Carvalho, a seleção audiovisual do FAN-BH 2019 aponta para a diversidade da recente filmografia negra e para os seus diálogos com o tema do festival.
Protagonismo feminino por trás das câmeras
Em 2019, o FAN-BH destaca filmes dirigidos por mulheres negras. Uma das obras selecionadas pela curadoria nesse sentido é “Ilha” que traz na direção Glenda Nicácio – segunda mulher negra, na história, a dirigir um longa de ficção que chegou ao circuito comercial brasileiro – ao lado de Ary Rosa. Lançado em 2018, o filme será exibido na segunda-feira (18) às 19h30 no Cine 104. Ao longo de 96 minutos, a obra narra a história de um jovem que sequestra um prestigiado cineasta para ter sua própria vida retratada.
No mesmo dia, às 19h, o filme “Café com Canela”, da mesma diretora, será exibido no Galpão Cine Horto. A obra retrata a história de Violeta e Margarida, duas amigas que atravessam juntas por um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.
Diretoras negras em documentários
Além de longas de ficção, mulheres negras também estão à frente da direção de obras documentais. Camila Pitanga é uma delas, assinando seu primeiro longa-metragem, “Pitanga”, ao lado de Beto Brant. O documentário, de 2018, registra, a partir de encontros, conversas e imagens de arquivo, a história do ator e diretor Antonio Pitanga. O filme será exibido no dia 21 às 19h30 no MIS Cine Santa Tereza em sessão comentada pelos jornalistas Amanda Lira e Gabriel Araújo, do projeto Enquadro.
Também documental, o longa-metragem “A rainha Nzinga chegou” será outro dos filmes exibidos durante o FAN-BH. Dirigido por Isabel Casimira e Júnia Torres, o filme, que ressalta a história da própria Isabel, será projetado no MIS Cine Santa Tereza no dia 23, às 18h, em sessão comentada pela equipe responsável. Três gerações de rainhas e uma travessia de volta, em visita aos domínios da mítica Nzinga, às terras dos reis do Congo, aos cantos de Angola, pelos descendentes da Rainha da Guarda de Moçambique Treze de Maio, Isabel Cassimira, personagem central dessa história.
O documentário “O caso do homem errado”, de Camila Moraes, também será exibido gratuitamente em sessão comentada pela curadora e pesquisadora Tatiana Carvalho. A exibição será realizada no dia 24, às 19h30, no MIS Cine Santa Tereza. A obra apresenta a história real de Júlio César de Melo Pinto, o operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar, nos anos 1980.
“Ori”, de Raquel Berger, conta trajetória de Maria Beatriz Nascimento
O longa-metragem “Ori”, de 1989, realizado por Raquel Gerber, também será exibido no FAN-BH. Roteirizado por Maria Beatriz Nascimento, que inspirou o tema desta edição do festival e é personagem condutora do filme, o longa será apresentado em sessão comentada por Tatiana Carvalho. A sessão será no dia 24 de novembro, às 17h30, no MIS Cine Santa Tereza.
Histórias de Fela kuti em longa-metragem de Joel Zito Araújo
“Meu amigo Fela” é outro dos filmes documentais em destaque na programação audiovisual do FAN-BH. Dirigido pelo mesmo diretor de “A Negação do Brasil”, o mineiro Joel Zito Araújo, o documentário evidencia a vida, a obra e as contradições do multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti (1938-1997).
Lançado em 2019, o longa-metragem conquistou diversos prêmios nacionais e internacionais e foi exibido em importantes festivais, como o International Film Festival Rotterdam. O filme será exibido gratuitamente no MIS Cine Santa Tereza na terça-feira (19), às 19h30. A sessão será comentada pelo filósofo e historiador Marcos Cardoso.
Produtora mineira filmes de plástico integra a programação
Os cineastas da produtora audiovisual Filmes de Plástico, de Contagem (MG), também estão confirmados na programação com sessões gratuitas dos longas-metragens “No Coração do Mundo” e “Temporada”. Ambas as exibições serão comentadas por representantes das equipes.
“No Coração do Mundo”, lançado neste ano, será exibido no CentoeQuatro na quarta-feira, dia 20, às 19h30. Dirigida pelos mineiros Gabriel Martins e Maurílio Martins, a obra foi filmada em Contagem e aborda o cotidiano de colegas que planejam um assalto ambicioso.
Já “Temporada”, dirigido por André Novais de Oliveira, estará em cartaz no sábado, dia 23, às 19h30, no MIS Santa Tereza. Longa de 2018, “Temporada” conquistou espaço no catálogo da Netflix com a narrativa de Juliana, que encara mudanças em sua rotina após se mudar de Itaúna, no interior de Minas, para Contagem.
Em 2019, a Filmes de Plástico completa uma década de existência acumulando, em seu portfólio, mais de 110 premiações. Os filmes produzidos pela equipe já chegaram a importantes festivais, como os realizados em Cannes, na França, e em Rotterdam, na Holanda.
Cinema negro em pauta nas ações formativas
O FAN-BH 2019 também promove espaço para reflexão sobre as produções atuais e o cenário do audiovisual para a negritude. A palestra “O cinema negro contemporâneo”, por exemplo, reunirá especialistas para um debate no MIS Cine Santa Tereza no dia 20 de novembro, às 19h30. Participarão das discussões a pesquisadora, curadora e doutora em História pela PUC-Rio, Janaína Oliveira, o cineasta da produtora Ponta de Anzol, Jacson Dias, o ator, diretor, produtor e professor de teatro, Adyr Assumpção, e a pesquisadora Tatiana Carvalho.
Durante o FAN-BH, ainda serão oferecidas atividades formativas com a pesquisadora Janaína Oliveira, que oferecerá o minicurso “Cinema africano pela descolonização das telas”, e com a cineasta Everlane Moraes, que promoverá a oficina “Cinema e o Espelho: experiências, olhares e registros”. Toda a programação formativa será gratuita.
Atrações internacionais
Além de filmes nacionais, estão em destaque obras produzidas em outros continentes. A britânica, radicada alemã, Natasha A. Kelly, por exemplo, estará em Belo Horizonte para comentar seu documentário “Milli’s Awakening”, que retrata as narrativas de três mulheres negras de diferentes gerações. São entrevistadas, no longa-metragem, a fabricante de máscaras Nabu, a artista e cineasta Naomi e a estudante e cineasta Maciré. O filme será exibido no Cine 104 no dia 21 de novembro às 19h30. Filmes africanos também terão destacados na programação de forma a apontar para a relevância histórica das obras e recuperar as discussões pautadas pelo FAN-BH desde a primeira edição, em 1995. Nesse sentido, serão exibidos, no dia 21 de novembro, no MIS Cine Santa Tereza, a partir das 16h, filmes como Contras’City e Hienas, do senegalês Djibril Diop Mambety, e Carta Camponesa, da também senegalesa Safi Faye.
Serviço
Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN-BH
Música, teatro, cinema, artes visuais, performances, aulas, oficinas
Programação gratuita
Data: 18 a 24 de novembro
Local: Mais de 20 espaços de Belo Horizonte