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Cinco mulheres bordam, cada uma sua peça, todas sentadas em torno de uma mesa.
Foto: Andréa Moreira/PBH

Centros culturais oferecem atividades de lazer, aprendizado e convivência

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Localizados em todas as regionais de Belo Horizonte, os centros culturais da Prefeitura são referências para os moradores e contribuem para a formação, valorização, difusão e fortalecimento da cultura dos locais onde estão instalados. São variados projetos, ações e atividades em diversas linguagens artísticas que compõem a programação intensa e gratuita oferecida em cada um deles. Na regional Pampulha, por exemplo, nas sextas-feiras, das 14h às 16h, são realizados os encontros do grupo de bordadeiras “Agulhas que Brilham” no centro cultural, que fica na rua Expedicionário Paulo de Souza, 185, bairro Urca.

 

O grupo foi formado há cerca de um ano com a participação de 12 bordadeiras, tendo como orientadoras Sebastiana Gomes Carneiro, Maria de Fátima Souza Guimarães e Vera Lúcia Pereira. Desde então, outras pessoas da comunidade se interessaram em participar também. A cada dois ou três meses, as participantes e a equipe do Centro Cultural Pampulha escolhem um tema que inspira os bordados. O tema atual é “Nosso bairro”, que mostra imagens da região da Pampulha, com destaque para locais do bairro Urca/Confisco. A partir de novembro, o tema dos bordados será o Natal. Os interessados em participar dos encontros podem procurar o Centro Cultural ou entrar em contato pelo telefone 3277-9292 para mais informações.

 

 

Troca de experiências e de afetos

A maioria das integrantes se conheceu em oficinas de bordados e artesanatos realizados no centro cultural e também em outros espaços. Durante muito tempo o encontro semanal era conhecido como “Ponto de Prosa” e foi criado com o propósito de oferecer a atividade para pessoas da terceira idade, com ou sem experiência na técnica do bordado. “Mas, devido à grande procura que tivemos, hoje o grupo é formado por mulheres de todas as idades”, explica a assistente administrativa do Centro Cultural Pampulha, Ana Carolina Maranhoto.

 

No final de 2018, por meio de uma parceria com o Museu Casa Kubitscheck, foi realizada a oficina “O jardim que mora em mim”. Após a participação na oficina, as bordadeiras deram continuidade ao aprendizado e à troca de experiências, criando o grupo com o novo nome: “Agulhas que Brilham”. Joana Darc Corrêa de Almeida é uma das participantes. Ela conta que aprendeu a bordar ainda criança, quando estudou no Colégio São José Operário. Trabalhou em várias atividades, mas teve que parar para cuidar da mãe doente e, então, passou a se dedicar ao artesanato como forma de manter a mente saudável. “Artesanato é uma ferramenta importante para acabar com a depressão”, afirma.

 

A costureira Maria de Fátima Souza Guimarães aprendeu a bordar há cerca de três anos quando participou de uma oficina do SESC, realizada no Centro Cultural Pampulha. Agora, segue firme nos encontros semanais. “Me dedico bastante durante os encontros. Sempre quero aprender mais porque gosto muito”, conta. “O bordado me ajudou muito porque agora converso mais”, diz a aposentada Zilda Gomes dos Reis, que borda há menos de um ano. Aprendeu a bordar quando participou da oficina “O jardim que mora em mim”.

 

Uma das mais novas integrantes do grupo é a manicure Maria Auxiliadora da Rocha, 68 anos, que começou a participar há cerca de um mês. Dedicada, ela está aprendendo os primeiros pontos. “Vou observando as minhas colegas. Um dia eu chego lá.”, afirma. Outra novata, Divina Maria disse ter se sentido muito bem recebida pelo grupo. “O bordado sempre fez parte dos meus sonhos, mas nunca pude me dedicar. Agora que frequento o Centro Cultural Pampulha, amo ainda mais a arte de bordar”, ressalta.

 

Maria Lopes Queiroz Simões é técnica de enfermagem aposentada. Já tem muita experiência em crochê e agora está aprendendo o bordado. “Tenho facilidade para trabalhos manuais. Minha motivação de estar aqui é ocupar o tempo e a mente.” A colega Conceição dos Santos ressalta os benefícios obtidos frequentando as aulas. “Eu andava muito nervosa. O bordado trabalha com a mente e ajuda a relaxar”, afirma.

 

Para o gerente do Centro Cultural Pampulha, Ramalho Almeida Júnior, é importante fomentar o crescimento do grupo. “O grupo de bordado proporciona às participantes não só o aprendizado das técnicas do bordado, mas também um espaço de convivência, fortalecimento dos laços de amizade e o compartilhamento de saberes. É também uma forma de manter viva essa arte, um verdadeiro patrimônio cultural que é passado de geração em geração”, destaca Ramalho.

 

 

Bordando Memórias

Algumas das integrantes do grupo “Agulhas que Brilham” participaram do projeto Bordando Memórias, promovido pelo Museu Casa Kubitscheck. O projeto aconteceu nos anos de 2017 e 2018 e reuniu bordadeiras experientes e iniciantes nas oficinas Casa Bordada, cuja temática foram os móveis modernistas do Museu; No Jardim de Burle Marx apresentando as espécies que compõem os jardins de Burle Marx; e O Jardim que Mora em Mim inspirado em memórias afetivas das participantes.

 

Para a coordenadora do Museu Casa Kubitscheck, Vanessa Araújo o projeto permitiu ampliar o conceito de Pampulha. “A Pampulha não é só o Museu ou a orla, é toda uma regional. Os bordados não resgataram apenas memórias, mas contaram histórias de vida”, definiu. Os bordados confeccionados nas oficinas resultaram na exposição Bordando Memórias, que esteve no Centro Cultural Pampulha no período de 6 a 28 de setembro de 2019.

 

 

22/10/2019. Centro Cultural Pampulha cria grupo de bordado Agulhas que Brilham. Fotos: Andréa Moreira/PBH