1 June 2017 -
O parklet inaugurado neste mês, na rua Gávea, no bairro Jardim América, região Oeste de Belo Horizonte, é o 37º da série de Varandas Urbanas do município. A primeira unidade deste programa surgiu em 25 de junho de 2015 e continua instalada na rua Goitacazes, entre as ruas Rio de Janeiro e Espírito Santo.
“Adoro este espaço, deveria ter mais”, diz Andréa Alves, cabeleireira de um salão na rua Goitacazes. Sua colega Ninfa Cassemiro, manicure, concorda: “Gosto muito daqui”.
Elas aproveitam o intervalo entre as clientes para conversar e ver o movimento de pessoas que passam. As colegas até criaram um apelido para o parklet: “Para nós, aqui é a varanda gourmet”, brinca Andréa, que costuma fazer os lanches ali.
Luan Martins e Rebeca Guedes, sempre que podem encontram-se no local para namorar. “É gostoso e tranquilo”, afirma Rebeca, alheia ao barulho dos veículos e das pessoas que circulam pelo comércio ao redor. A tranquilidade também motiva José Rodrigues Neto, "faz-tudo" atuante na área, a usar o miniparque para um cochilo depois do almoço.
A aceitação da comunidade no entorno manifesta-se de diversas formas. Kelle Cristina, Débora Soares e Jenifer Filinto, que trabalham em outro salão na mesma rua, comentam que sempre encontram jornais ou revistas nos bancos e que as plantas são regadas pelo porteiro de um prédio próximo. "Está sempre limpo, o pessoal ajuda a tomar conta", conta Kelle.
A varanda da Goitacazes tem a aprovação não apenas dos usuários, mas também do mantenedor dela, no caso a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), que já está de posse do termo de cooperação renovado por mais dois anos.
Humanização do espaço
O programa Varandas Urbanas começou a ganhar vida com um parklet itinerante instalado em 9 de maio de 2015 na rua Antônio de Albuquerque com rua Sergipe, na Savassi. Uma estrutura simples, constituída basicamente por um tablado ao lado da calçada, com mesas, cadeiras e bancos, decorado com plantas e dotado de paraciclo. Foi a experiência pioneira após a publicação do decreto municipal 15.895, de 12/3/15, que regulamentou a implantação desse tipo de mobiliário na cidade.
A Prefeitura criou o programa de Varandas Urbanas com o objetivo principal de promover o envolvimento direto dos cidadãos na construção e modificação dos espaços urbanos, além de modificar o caráter do espaço que tradicionalmente é ocupado na rua por estacionamento de veículos, tornando-o realmente público.
"Esses espaços de descanso estimulam a convivência entre as pessoas, ampliam a vitalidade e a diversidade das áreas", pontua a secretária adjunta de Planejamento Urbano, Izabel Dias, que acompanhou a elaboração do projeto desde o início.
Na prática, os parklets são uma expansão do passeio público, provido com mobiliários urbanos fixos, ocupando cerca de duas vagas de estacionamento. Não há um modelo único para eles, mas o projeto deve cumprir requisitos de segurança e acessibilidade. A licença é emitida por até dois anos e pode ser renovada.
Origens da ideia
O surgimento dos parklets tem sido associado a uma intervenção específica do grupo Rebar ocorrida em São Francisco, Estados Unidos, em 2005. A intervenção durou apenas duas horas, mas deu origem ao conceito do Park(ing) Day, que ocorre anualmente no mundo todo em setembro, com instalações de até um dia de duração.
À medida que a ideia foi se espalhando, prefeituras de algumas cidades do mundo – não somente São Francisco, mas também Los Angeles, Puebla, São Paulo e Belo Horizonte, entre outras – passaram a incentivar instalações mais robustas e duradouras, que são tratadas como mobiliário urbano e licenciadas por até três anos, renováveis ao término do período.
Saiba mais
A Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento Urbano disponibiliza para download e impressão um manual completo sobre o licenciamento e instalação de parklets no site Varandas Urbanas