20 June 2017 -
“Quanto mais mico, melhor!” é o tema da campanha de 2017 organizada pela Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil, em parceria com a Associação do Mico-Leão-Dourado (AMLD), com objetivo de disseminar o conhecimento sobre a conservação do mico-leão-dourado, espécie endêmica da Mata Atlântica do litoral norte do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, o primata se encontra na lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, na categoria “em perigo”.
Além de mobilizar a participação do público brasileiro para proteger esses primatas, a campanha mostra a importância dos zoos para a conservação da natureza. Trata-se de um banco genético que pode ser utilizado para ajudar a salvar espécies ameaçadas de extinção. No caso do mico-leão-dourado, o trabalho de reintrodução na natureza de animais vindos de zoológicos de diversos países é um exemplo reconhecido internacionalmente.
Vale ressaltar que a espécie integra o plantel da Fundação Zoo-Botânica de BH desde o ano 2000. A instituição já reproduziu mais de uma dezena de filhotes. Atualmente, o jardim zoológico da FZB-BH possui 15 animais no acervo, sendo que três são originários de outras instituições e 12 nasceram no zoo de BH – alguns deles gêmeos, algo comum na espécie, como os dois filhotes que nasceram em setembro de 2016.
Plano de ação para conservação
De acordo com Mara Cristina Marques, bióloga da Fundação Parque Zoológico de São Paulo e coordenadora do programa de manejo do Mico-Leão-Dourado fora da natureza, dez zoológicos brasileiros mantêm, atualmente, uma população de mais de 50 indivíduos. “A Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte participa ativamente do programa de manejo fora da natureza, mantendo em suas instalações grupos familiares da espécie cujo manejo bem-sucedido resultou no nascimento de diversos filhotes, os quais reforçam a população e contribuem cada vez mais com a recuperação e conservação da espécie”, explica.
O mico-leão-dourado está inserido nesse tipo de programa de manejo desde a década de 80. “O objetivo é a manutenção de uma população estável, retendo 90% da diversidade genética e trabalhando como uma população backup, além de promover a educação ambiental e pesquisa”, explica Mara.
A drástica diminuição das áreas de ocorrência desse animal se deve principalmente ao desmatamento, o qual reduziu em muito os habitats, deixando o animal isolado em pequenas populações. Além disso, a situação se agrava pela crescente urbanização e pela competição com espécies invasoras introduzidas, cujos aspectos ecológicos são semelhantes aos dos micos-leões-dourados e que configuram em uma de suas principais ameaças.
Frente a essas ameaças, a espécie foi inserida no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central (Portaria ICMBio 134/2010), coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O desafio maior, agora, é conservar os fragmentos de florestas nos quais o mico-leão-dourado vive e implantar corredores ecológicos, de modo a interligar as diversas áreas e, com isso, abrigar satisfatoriamente uma população em crescimento. Outras estratégias são a criação de unidades de conservação de proteção integral em sua área de ocorrência, o manejo populacional em vida livre e o reflorestamento das áreas que foram desmatadas.
Biólogo da FZB-BH, Humberto Mello ressalta que ações educativas foram planejadas pelo serviço de educação ambiental da Fundação, incluindo a produção de materiais educativos (banner, flyer, marcador de livro e pop card) para a distribuição ao público ao longo deste ano. “É nosso dever sensibilizar as pessoas sobre a importância de se preservar a natureza, por meio de ações que possam assegurar a qualidade de vida dos animais em seu ambiente natural. Neste caso, conhecendo mais sobre o mico-leão-dourado, pode-se promover a conservação da Mata Atlântica e de toda a fauna que abriga.”
Curiosidades
O mico-leão-dourado, cujo nome científico é Leontopithecus rosalia, tem coloração que pode variar de dourado a vermelho-dourado e laranja. Ocasionalmente, apresenta pelagem marrom ou preta na cauda e nas patas traseiras. Os animais adultos pesam, em média, 550 a 600 gramas e medem cerca de 60 centímetros da cabeça até a ponta da cauda. Sua dieta é constituída por frutos, néctar, invertebrados e pequenos vertebrados.