17 July 2017 -
Com a proposta de promover divertidos encontros culinários, três jovens estudantes de arquitetura da UFMG e integrantes do grupo Nó Coletivo – os amigos Thiago Flores, Paula Lobato e Ceci Nery – não se limitaram ao senso comum. Para além das pranchas e softwares de arquitetura, o trio criou o projeto Cozinha Comum Itinerante.
A ideia surgiu quando eles participaram do projeto Banquetes Públicos, em parceria com a arquiteta Patrícia Brito, especialista em Política Cultural e Patrimonial, com um longo trabalho em memória gustativa. Por meio de uma parceria com o Centro Cultural Pampulha, o projeto realizou oficinas semanais durante os meses de junho e julho.
Produtora cultural no Centro Cultural Pampulha, Áurea Amorim conta como foram pensadas e construídas as oficinas. "Achamos incrível quando o grupo nos procurou oferecendo a execução do projeto. Visualizamos várias possibilidades de troca de saberes e, junto com os responsáveis pelo projeto, fizemos reuniões com a comunidade para fazer esse resgate histórico da cultura alimentar da região e de cada pessoa”.
O projeto
Proposto pela arquiteta, o projeto Banquetes Públicos ocorreu em Diamantina no ano de 2013 e consistia em servir grandes refeições em espaço público, a cada dia preparada em uma região da periferia da cidade, em parceria com algum grupo local, para celebrar o bem comum entre a vizinhança.
A partir daí, o grupo se contagiou com a ideia e desenvolveu outros projetos, criando com vários colegas da Escola de Arquitetura da UFMG uma cozinha compartilhada dos estudantes, levando novos saberes para a faculdade e visitando outros locais e comunidades para entender a relação delas com o território e a alimentação, sempre promovendo encontros e trocas sobre o tema. Dessa experiência de três anos, ganhou forma e consistência a ideia de fazer uma cozinha móvel compartilhada com o objetivo de conversar com as pessoas sobre hábitos e lembranças alimentares, além de discutir a questão da sustentabilidade e do aproveitamento de ingredientes.
Em 2016, com apoio do Programa Rumos Itaú Cultural, o projeto cresceu. Além da ocupação do espaço público, faz parte do conceito cozinhar em público, trocar receitas e informações sobre alimentos saudáveis, criando a oportunidade para (re)descobrir receitas e novos ingredientes, melhorar a relação entre as pessoas e valorizar conhecimentos e saberes. “Pensando na coletividade, fazemos uma releitura das receitas tradicionais, adaptando-as para ficarem mais saudáveis”, explicou Ceci Nery.
Cozinha itinerante
A cozinha móvel é formada por dois carrinhos que trazem fogão, pia e outros utensílios utilizados em uma cozinha comum. Panelas, talheres e medidores também estão presentes. Aos poucos, à medida que as receitas exigiam, foram incluídos eletrodomésticos como forno elétrico e liquidificador. Basicamente, o projeto atua em três eixos: ativador de espaço público e relações sociais; atualização de memórias e saberes culinários; pesquisa sobre o território, suas histórias e formas de habitar.
Em BH, já foram realizadas duas edições do projeto, cada uma com particularidades. A primeira, na Escola de Arquitetura da UFMG, no segundo semestre de 2016 e a segunda, na Vila Antena, no Morro das Pedras. Na UFMG, um fato interessante: a cozinha funcionou 55 dias durante a ocupação das escolas pelos estudantes, fornecendo três refeições diárias para cerca de 80 manifestantes. “Havia uma turma de 30 alunos se revezando na preparação das refeições”, explica Ceci.
Grão de bico com taioba
As oficinas começaram no dia 13 de junho, com participantes da comunidade, funcionários do Centro Cultural e qualquer outro interessado. Áurea explica que os encontros têm sido cada vez mais frequentados e causam um impacto positivo nos participantes, que variam entre dez e 20 pessoas: “As pessoas ficam tocadas. Essa proposta de troca de saberes e de produção coletiva foi um grande ganho para o bairro e para este espaço cultural.”
No encontro do dia 11 de julho, foram preparadas duas receitas de dar água na boca: pão integral com grãos e pasta de grão de bico com taioba. Moradora no bairro Confisco há 20 anos, Joana Darc Favato, de 68 anos, participou de dois encontros. “Gostei de tudo que aprendi até agora. Na semana passada, achei muito interessante a salada de brócolis japonês substituindo o arroz. Dá para aplicar em casa.”
Muito interessada em novos conhecimentos, Salma Elias Daoud já participou de três encontros. “Aprendi muita coisa boa. A iniciativa é muito criativa. Aprendemos a consumir grãos que não usamos normalmente. Para mim, foi uma novidade. Me surpreendi também porque achei que eles fossem estudantes de nutrição”, disse. Para Nilda Maria Cruz a experiência foi ótima: “Achei muito chic porque o que eles aprendem pesquisando novas receitas, nos ensinam aqui. É uma troca.”
Gerente do Centro Cultural Pampulha, Ramalho Almeida Júnior explica que o projeto Cozinha Comum Itinerante tem diversos elementos afinados com a proposta do Centro Cultural Pampulha e, por isso, teve as portas abertas: “Este trabalho de reunir as pessoas em torno da produção culinária fortalece os laços entre os participantes, além de mostrar a riqueza cultural espalhada na comunidade que existe no entorno do nosso equipamento, pois, além das receitas, são revividas histórias e também os "causos" que acabam permeando o trabalho."
As oficinas acontecem às terças-feiras, das 14h às 17h, e vão até o dia 31 de julho no Centro Cultural Pampulha, que fica à Rua Expedicionário Paulo de Souza, 185, Urca.
A ideia surgiu quando eles participaram do projeto Banquetes Públicos, em parceria com a arquiteta Patrícia Brito, especialista em Política Cultural e Patrimonial, com um longo trabalho em memória gustativa. Por meio de uma parceria com o Centro Cultural Pampulha, o projeto realizou oficinas semanais durante os meses de junho e julho.
Produtora cultural no Centro Cultural Pampulha, Áurea Amorim conta como foram pensadas e construídas as oficinas. "Achamos incrível quando o grupo nos procurou oferecendo a execução do projeto. Visualizamos várias possibilidades de troca de saberes e, junto com os responsáveis pelo projeto, fizemos reuniões com a comunidade para fazer esse resgate histórico da cultura alimentar da região e de cada pessoa”.
O projeto
Proposto pela arquiteta, o projeto Banquetes Públicos ocorreu em Diamantina no ano de 2013 e consistia em servir grandes refeições em espaço público, a cada dia preparada em uma região da periferia da cidade, em parceria com algum grupo local, para celebrar o bem comum entre a vizinhança.
A partir daí, o grupo se contagiou com a ideia e desenvolveu outros projetos, criando com vários colegas da Escola de Arquitetura da UFMG uma cozinha compartilhada dos estudantes, levando novos saberes para a faculdade e visitando outros locais e comunidades para entender a relação delas com o território e a alimentação, sempre promovendo encontros e trocas sobre o tema. Dessa experiência de três anos, ganhou forma e consistência a ideia de fazer uma cozinha móvel compartilhada com o objetivo de conversar com as pessoas sobre hábitos e lembranças alimentares, além de discutir a questão da sustentabilidade e do aproveitamento de ingredientes.
Em 2016, com apoio do Programa Rumos Itaú Cultural, o projeto cresceu. Além da ocupação do espaço público, faz parte do conceito cozinhar em público, trocar receitas e informações sobre alimentos saudáveis, criando a oportunidade para (re)descobrir receitas e novos ingredientes, melhorar a relação entre as pessoas e valorizar conhecimentos e saberes. “Pensando na coletividade, fazemos uma releitura das receitas tradicionais, adaptando-as para ficarem mais saudáveis”, explicou Ceci Nery.
Cozinha itinerante
A cozinha móvel é formada por dois carrinhos que trazem fogão, pia e outros utensílios utilizados em uma cozinha comum. Panelas, talheres e medidores também estão presentes. Aos poucos, à medida que as receitas exigiam, foram incluídos eletrodomésticos como forno elétrico e liquidificador. Basicamente, o projeto atua em três eixos: ativador de espaço público e relações sociais; atualização de memórias e saberes culinários; pesquisa sobre o território, suas histórias e formas de habitar.
Em BH, já foram realizadas duas edições do projeto, cada uma com particularidades. A primeira, na Escola de Arquitetura da UFMG, no segundo semestre de 2016 e a segunda, na Vila Antena, no Morro das Pedras. Na UFMG, um fato interessante: a cozinha funcionou 55 dias durante a ocupação das escolas pelos estudantes, fornecendo três refeições diárias para cerca de 80 manifestantes. “Havia uma turma de 30 alunos se revezando na preparação das refeições”, explica Ceci.
Grão de bico com taioba
As oficinas começaram no dia 13 de junho, com participantes da comunidade, funcionários do Centro Cultural e qualquer outro interessado. Áurea explica que os encontros têm sido cada vez mais frequentados e causam um impacto positivo nos participantes, que variam entre dez e 20 pessoas: “As pessoas ficam tocadas. Essa proposta de troca de saberes e de produção coletiva foi um grande ganho para o bairro e para este espaço cultural.”
No encontro do dia 11 de julho, foram preparadas duas receitas de dar água na boca: pão integral com grãos e pasta de grão de bico com taioba. Moradora no bairro Confisco há 20 anos, Joana Darc Favato, de 68 anos, participou de dois encontros. “Gostei de tudo que aprendi até agora. Na semana passada, achei muito interessante a salada de brócolis japonês substituindo o arroz. Dá para aplicar em casa.”
Muito interessada em novos conhecimentos, Salma Elias Daoud já participou de três encontros. “Aprendi muita coisa boa. A iniciativa é muito criativa. Aprendemos a consumir grãos que não usamos normalmente. Para mim, foi uma novidade. Me surpreendi também porque achei que eles fossem estudantes de nutrição”, disse. Para Nilda Maria Cruz a experiência foi ótima: “Achei muito chic porque o que eles aprendem pesquisando novas receitas, nos ensinam aqui. É uma troca.”
Gerente do Centro Cultural Pampulha, Ramalho Almeida Júnior explica que o projeto Cozinha Comum Itinerante tem diversos elementos afinados com a proposta do Centro Cultural Pampulha e, por isso, teve as portas abertas: “Este trabalho de reunir as pessoas em torno da produção culinária fortalece os laços entre os participantes, além de mostrar a riqueza cultural espalhada na comunidade que existe no entorno do nosso equipamento, pois, além das receitas, são revividas histórias e também os "causos" que acabam permeando o trabalho."
As oficinas acontecem às terças-feiras, das 14h às 17h, e vão até o dia 31 de julho no Centro Cultural Pampulha, que fica à Rua Expedicionário Paulo de Souza, 185, Urca.