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Sete pessoas se reúnem em sala de centros de saúde na luta contra o tabagismo.
Foto: Guthemberg Moraes/PBH

BH em Pauta: Luta contra o tabagismo em centros de saúde

criado em - atualizado em
“Eu não tinha cansaço, mas tinha uma secreção terrível. Ficava mais de quarenta dias tossindo e gripava três a quatro vezes por ano. Depois que parei de fumar, não sei o que é gripe. Agora estou muito feliz e com muita saúde”, relata Tereza Silva, participante do Grupo de Prevenção ao Tabagismo, programa realizada pelo Centro de Saúde Oswaldo Cruz, no Barro Preto.

O programa é realizado todo semestre e presta auxílio às pessoas que desejam parar de fumar. “Na minha família por parte de pai, não me recordo de ninguém morrer por acidente ou velhice. Todos morreram de câncer de pulmão, inclusive meu pai, que estava há 12 anos sem fumar. Quando ele fez a cirurgia, retirou um pedaço do pulmão para a biópsia e estava completamente preto”, afirma Tereza.

Para participar do grupo, o tabagista tem que manifestar o desejo de parar de fumar, pois vontade e autonomia são as principais questões para que o sucesso seja alcançado. “Nós, funcionárias da Saúde, não podemos forçar ninguém a largar o vício”, relata Cecília, farmacêutica e organizadora do grupo no posto Oswaldo Cruz. Os procedimentos adotados para o tratamento dos fumantes vão desde depoimentos de ex-fumantes, palestras motivacionais e advertências dos males do cigarro à saúde até mesmo à prescrição de medicamentos de acordo com as avaliações médicas.

José Divino não fuma há um ano e dois meses e foi um dos convidados para o encerramento do grupo desse semestre. “Minhas filhas me xingavam, pois eu não sentia o cheiro (da fumaça), mas elas chegavam em casa e sentiam”, relata ele. Divino afirma, agora, estar muito feliz sem o cigarro. Ainda mais com a companha do netinho. “Agora tenho um neto, e avô fica doido com neto, né? Minhas filhas falam: ‘tá vendo, se o senhor ainda estivesse fumando, não ia poder brincar assim com ele’”.

Experiente quanto ao processo de luta contra a dependência de cigarro, Divino reconhece a dificuldade de parar de fumar, dizendo que já pegou até guimbas na rua para saciar o vício. “Sozinho é difícil... Eu mesmo consegui parar só com ajuda do grupo. Eu quero é viver.”


Trabalho multidisciplinar

Segundo Cecília, existem grupos em várias unidades dos centros de saúde espalhados por Belo Horizonte. Os centros atendem aos moradores dos locais de abrangência de cada posto de saúde. Os grupos têm o máximo de 20 pessoas. A duração do grupo é de aproximadamente seis meses. No primeiro mês, as reuniões são semanais; no segundo mês, quinzenal; e, a partir do terceiro, a periodicidade é mensal.

A cada sessão, um profissional diferente fala sobre o tema. O grupo conta com um trabalho multidisciplinar, pois vários outros profissionais da saúde pública dão o suporte ao programa. “A pessoa, quando para de fumar, não só faz bem para ela, mas também faz bem para o ambiente em que vive. É um benefício muito amplo. Assim, é muito gratificante saber que nós já conseguimos ajudar tantas pessoas”, afirma Cecília.
 
 

07/08/2017. Tabagismo - Programa para parar de fumar. Fotos: Guthemberg Moraes/PBH