10 July 2017 -
Um dos fatores que explicam a queda da criminalidade violenta em Belo Horizonte – verificada no primeiro quadrimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2016 – é o conjunto de ações voltadas para o combate à criminalidade que foi executado pela Guarda Municipal, de forma estratégica e com base em estudos das áreas mais violentas da cidade.
Entre as 11 modalidades de crimes classificados como violentos, nada menos que dez apresentaram queda na capital, no período de janeiro a abril deste ano em comparação aos quatro primeiros meses de 2016, conforme dados disponibilizados no site da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp/MG).
A redução da violência em Belo Horizonte mostra que as operações lançadas pela Guarda Municipal vêm surtido o efeito esperado pela Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção, chegando a ter reflexos consideráveis até mesmo nos índices do Estado.
Desde janeiro deste ano, passou a ser comum ouvir relatos de pessoas que dizem se sentir mais protegidas ao transitar pelas ruas da capital, seja no trajeto para o trabalho, para a escola ou nos momentos de lazer. Essa sensação de tranquilidade é, em parte, atribuída à presença da Guarda Municipal nas praças, estações de ônibus e demais espaços públicos da cidade.
O encarregado de produção Charlon Alex Motosa de Miranda é um exemplo. Ele conta que atualmente se sente mais seguro ao utilizar o transporte público, destacando a importância da Operação Viagem Segura: “Sou usuário da linha de ônibus 8101 (Santa Cruz/ Alto Santa Lúcia) e nela os assaltos eram constantes. Já tinha acontecido com amigos meus. Desde que os guardas municipais passaram a embarcar nos coletivos, o problema acabou.”
Novo papel
A Guarda Municipal de Belo Horizonte assumiu um novo papel na vida da população da capital a partir de janeiro passado, deixando de atuar somente na defesa do patrimônio público e assumindo também ações preventivas contra a criminalidade. Para o cidadão comum, a presença dos guardas municipais, com as fardas azuis, nas praças, ruas e ônibus, desde então, tornou-se parte da rotina e passou a ser vista como uma nova força de segurança, capaz de viabilizar a retomada de hábitos simples, como um passeio a pé pela cidade ou a participação em eventos públicos, como o Carnaval, as festas juninas e outros eventos culturais.
O novo modelo surgiu no sentido de cumprir as determinações da Lei Federal 13.022, que atribuiu às Guardas Municipais a função de desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente ou em conjunto com as forças de segurança estadual e federal. Em Belo Horizonte, além da Operação Viagem Segura, outras iniciativas passaram a ser desenvolvidas pela Guarda, a partir dessa nova postura.
Balanço
A criminalidade violenta apresentou queda em Belo Horizonte, interrompendo uma preocupante escalada de crescimento que vinha sendo registrada ao longo dos últimos anos. O novo cenário traçado na capital, a partir da integração entre as forças de segurança do Estado, por meio das polícias Militar e Civil, e da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), com a Guarda Municipal assumindo um papel preventivo e focado no patrulhamento em áreas de maior incidência de crimes, possibilitou uma redução de 13,84% nos roubos, no comparativo entre os quatro primeiros meses de 2016 e o mesmo período deste ano.
A capital apresentou redução em 10 modalidades de crime violento, sendo que apenas os casos de estupro de vulnerável não tiveram queda, subindo de nove para 10 ocorrências. O resultado positivo pode ser conferido, sobretudo, na queda de 22,75% no índice de homicídios consumados na capital, verificada no mesmo período deste ano. Os homicídios tentados seguiram a mesma tendência, com queda de 24,75%. Confira o quadro estatístico abaixo.
Fonte: Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp/MG)
Viagem Segura
Por volta das 20h de uma quinta-feira, enquanto aguardava o coletivo da linha 5250 (Estação Pampulha/ Betânia) na estação do Move, em frente ao SENAI, na Avenida Antônio Carlos, Lagoinha, a vendedora Adriana Figueiredo demonstrava uma única preocupação. “Posso falar bem rapidinho com você, mas não posso perder o meu ônibus!”, disse, ao ser questionada sobre a segurança na capital. "A presença da Guarda Municipal nas ruas é muito positiva. Aqui nesta estação era comum saber de alguém que tinha sido roubado. Hoje, porém, eu sei que posso ficar tranquila”, disse, já embarcando no ônibus.
Na mesma estação, enquanto aguardava a chegada de qualquer ônibus que o levasse até a UFMG, onde daria aula, o fotógrafo Márcio Pereira da Silva também avaliou de forma positiva o novo papel assumido pelos guardas municipais em Belo Horizonte. “Sem dúvida, eu acho importante poder contar com eles para transitar com segurança pelas ruas”, declarou.
A Operação Viagem envolve 80 guardas municipais e é uma das ações que foram lançadas este ano na capital. Os trabalhos tiveram início em 16 de janeiro, com o objetivo de reverter os altos índices de assaltos a passageiros de ônibus. Com foco nos horários e corredores de tráfego em que os ataques vinham ocorrendo com mais frequência, praticados por criminosos que visavam, sobretudo, roubar celulares, a Operação Viagem Segura tornou-se permanente. O balanço das atividades, mostrado no quadro abaixo, explica o seu sucesso.
Balanço da Operação Viagem Segura (16/janeiro a 25/junho) | |
Ônibus municipais abordados | 6.906 |
Ônibus metropolitanos abordados | 267 |
Veículos abordados | 328 |
Pessoas abordadas | 3.278 |
Pessoas presas/ apreendidas | 35 |
Réplicas de armas apreendidas | 08 |
Armas brancas apreendidas | 27 |
Celulares apreendidos | 03 |
Pedras de crack apreendidas | 51 |
Porções de maconha apreendidas | 17 |
Pinos de cocaína apreendidos | 01 |
Linha Chilena (carretéis apreendidos) | 03 |
Veículos clonados apreendidos | 01 |
Fonte: Gerência de Estatística - GEEST/GMBH
Outras ações
A Operação Flanelinha, voltada para o combate a tentativas de extorsão cometidas contra motoristas que estacionam os veículos em vias públicas, no entorno de estádios de futebol e outros locais onde ocorrem eventos de grande porte, é uma ação que veio para ficar. De janeiro até o dia 25 de junho, a operação foi realizada em 54 eventos, resultando na abordagem a 796 pessoas suspeitas, com prisão de 29 delas.
Já a Operação Sentinela, lançada em 27 de março, dentro do plano de revitalização do hipercentro de BH, tem se destacado pelo empenho de um efetivo de 130 guardas no patrulhamento a pé da Praça Sete, Praça Rio Branco (Praça da Rodoviária) e Praça da Estação. Os agentes realizam abordagens em pessoas com atitude suspeita e fazem a repressão nas ocorrências de flagrante de furto, roubo ou demais delitos.
O balanço feito desde o início das atividades até o dia 26 de junho soma 1.835 abordagens a pessoas em atitude suspeita, com prisão de 27 indivíduos, além de 239 veículos abordados. As apreensões somam 13 porções de maconha, um simulacro de arma de fogo, uma arma branca, quatro celulares e 15 munições calibre 380.