18 August 2017 -
O condutor-socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Alexandre Ghorayb reserva alguns minutos do fim de semana para levar os resíduos recicláveis até o ponto de coleta seletiva localizado na avenida Clara Nunes, no bairro Cachoeirinha, região Nordeste de Belo Horizonte. Ao longo da semana, ele vai separando os materiais e os guardando em um cesto bem fechado na área de serviço.
Há muitos anos, Alexandre abandonou o hábito de jogar fora um simples potinho de iogurte. Ele garante que procura despertar nas pessoas a consciência ambiental que agora o acompanha. Sendo assim, quando percebe que alguém da família, por mero descuido, descarta no lixo uma caixa vazia de leite ou mesmo uma embalagem de margarina, ele dá o alerta e se apressa a recolher os recicláveis no cesto. “Com isso, os resíduos destinados à coleta domiciliar diminuíram”, conta. “Nos dias de coleta, colocamos apenas um saco pequeno de lixo na calçada, o que me faz refletir sobre a quantidade exagerada de plástico que eliminamos todos os dias e que vão parar nos aterros sanitários”, avalia.
A funcionária pública Regina Silva também já se acostumou a higienizar os frascos de vidro, o plástico e as latinhas de alumínio e, assim, deixá-los em um cantinho da cozinha, até que possa levar os materiais recicláveis ao ponto de coleta. “Não é trabalho algum, é apenas nossa parcela de colaboração e responsabilidade”, afirma. “Não se pode jogar fora algo tão valioso, porque esses materiais geram renda e inserção social a muitos trabalhadores”, completa.
Engenheira da Divisão de Projetos de Coleta da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Lúcia Toledo Gonçalves explica que é fundamental esse comprometimento do cidadão com a coleta seletiva, para que as boas ações fortaleçam o serviço, melhorando a qualidade daquilo que é encaminhado para a reciclagem. “É preciso também que as pessoas preservem os equipamentos que estão nas ruas e avenidas da cidade”, salienta. “Não se pode, de maneira alguma, descartar resíduos orgânicos, tóxicos ou materiais volumosos nesses locais, nem mesmo na calçada.”
Incentivado pelo filho Lucca Gabriel, de 5 anos, o colorista técnico automotivo Lucas Rangel concorda que as latinhas das bebidas do churrasco de domingo, bem como as garrafas PET e outros recipientes de alimentos, não podem mais parar no lixo comum. “O Lucca chegou da escola dizendo que a professora havia falado sobre a importância da coleta seletiva, o que me motivou a mostrar para ele, na prática, o que seria esse gesto sensível de cuidado com o meio ambiente”, relata. Desse dia em diante, o jovem Lucca e os pais nunca mais se descuidaram dessa justa tarefa.
Em 2016, foram coletadas cerca de 7.300 toneladas de plástico, papel, metal e vidro. Por dia, são cerca de 20 toneladas de materiais recicláveis em Belo Horizonte. A média diária de destinação de recicláveis às cooperativas parceiras da Prefeitura corresponde a 20 toneladas.
Campanhas educativas
A população separa os recicláveis na residência ou no local de trabalho e os deposita em contêineres instalados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Essa é a chamada coleta seletiva ponto a ponto. Cada endereço recebe o nome de Local de Entrega Voluntária (LEV). Em toda a cidade, estão implantados 78 conjuntos de contêineres para recolhimento de papel, metal, plástico e vidro, totalizando 245 equipamentos dispostos nas nove regionais da cidade. Por mês, quase 170 toneladas de recicláveis são recolhidas nos LEVs.
Os primeiros LEVs foram instalados em dezembro de 1993, na rua da Bahia, no hipercentro da capital. Os próprios catadores eram os responsáveis pela coleta dos materiais nesses coletores. Os contentores da época eram formados por uma haste e quatro tambores metálicos do mesmo tamanho, em quatro cores: azul para o papel, vermelho para o plástico, amarelo para o metal e verde para o vidro.
Durante todo o ano, a SLU realiza campanhas educativas para sensibilizar a população sobre a correta utilização dos LEVs. Estão previstas diversas ações para este semestre. Alguns equipamentos são remanejados de lugar, conforme a necessidade, explica a engenheira da SLU, Mariana Venturini.
Porta a porta
Mariana conta que a frequência de retirada de vidro varia, podendo ser realizada uma vez por semana ou a cada 15 dias. No caso do papel, metal e plástico, o recolhimento pode variar de duas a cinco vezes por semana. “Os técnicos da SLU estão realizando estudos para adequação dos prazos de recolhimento dos materiais”, explica. “Naqueles lugares onde se verifica uma grande demanda, a frequência de coleta poderá ser otimizada, enquanto naqueles pontos mais ociosos, a proposta é realizar ações de mobilização social para ampliar a adesão dos cidadãos.”
Na coleta porta a porta, os materiais recicláveis são separados pelos moradores e expostos na calçada para serem coletados pelas equipes da SLU. Atualmente, está presente em 36 bairros, alcançando uma população aproximada de 390 mil pessoas, em 125 mil domicílios. A coleta é realizada uma vez por semana. O material deve ser acondicionado em sacos plásticos, de preferência transparentes, e dispostos em frente ao local da coleta, por exemplo, no passeio, a partir das 8h. A lista com os bairros atendidos pode ser encontrada aqui.
Confira os resíduos que podem ser destinados para a coleta seletiva
Papel: jornais, revistas, caixas de papelão, embalagens longa vida, folhas de papel, formulário contínuo, envelopes, cadernos, livros.
Metal: latas de alumínio (refrigerantes, cervejas), latas de metal ferroso (óleo, sardinha, tomate, achocolatados), clipes, grampos de papel e de cabelo, papel alumínio, arames.
A SLU recomenda pressionar as tampas das latas para dentro antes de colocá-las na sacola dos recicláveis, para diminuir o risco de acidentes.
Plástico: sacolas, garrafas PET, embalagens de xampu, recipientes de materiais de limpeza e de alimentos, copos descartáveis e canos.
Vidro: garrafas de cerveja ou refrigerante, frascos de perfume ou medicamentos (vazios e limpos), potes, copos, vidros lisos e planos.
É importante que o vidro esteja embalado em material resistente, como papelão ou embalagem longa vida, para diminuir os riscos de acidentes. No caso da coleta seletiva porta a porta, basta depositar no interior do equipamento o vidro, não o deixando jogado no chão.
Os cidadãos, sempre que possível, devem descartar para a coleta seletiva materiais limpos e secos, para não provocar mau cheiro nem atrair animais que possam causar doenças.