15 January 2019 -
Quem passar pela Rodoviária até 31 de janeiro poderá visitar a exposição “A Viagem Nossa de Cada Dia”, montada no Espaço Cultural com os trabalhos dos usuários do Centro de Convivência Arthur Bispo, localizado na Região Leste. São 40 trabalhos entre quadros com molduras, desenhos e pinturas feitos com lápis de cor, giz pastel, óleo sobre tela e bordados em tecido cru, além de cartas escritas pelos usuários da Oficina de Letras.
Igor Samuel da Silva, 33, tem dois quadros na exposição, que retratam as figuras de Maria e Jesus. “É muito bom participar da oficina e ver meu trabalho lá na exposição. Aqui me proporcionam um espaço de convivência e de aprendizado onde consigo desenvolver meu dom”.
O Centro de Convivência Arthur Bispo atende 150 portadores de sofrimento mental das 8 às 18 horas e oferece para os usuários oficinas de arte, artesanato, música, literatura, bordado, tapeçaria, letras, artes plásticas, desenho, pintura, cerâmica (modelagem e argila) e atividade física como forma de promover a convivência e a inserção social. É um serviço aberto e substitutivo ao hospital psiquiátrico que, junto com a rede de saúde mental, promove a reinserção do portador de sofrimento mental de forma lúdica e interativa.
Gerente do Centro de Convivência, Karen Zacché explica que a convivência é o fator primordial no processo de reinserção do indivíduo e que as oficinas de arte e artesanato são aliadas no processo que coloca o usuário como protagonista de própria trajetória de vida. “A maioria dos usuários chega aqui isolada, afastada da vida em comunidade e com os laços sociais fragilizados. O Centro enriquece o cotidiano dessas pessoas e promove o fortalecimento do vínculo com a comunidade. A convivência é mediada pelas atividades artísticas e aqui é oferecida a eles a oportunidade de se expressarem”, afirma Karen.
Neste contexto, explica a gerente, a exposição é uma ferramenta importante, pois promove a interação dos usuários com o território além de ser uma oportunidade para a população conhecer um pouco do trabalho que é desenvolvido no Centro de Convivência.
Aline Braga, 30, mora no bairro São Geraldo e frequenta as oficinas do Centro há dois anos. “Eu gosto de participar porque ocupo a mente e me ajuda a distrair. As oficinas de música, pintura e teatro são as minhas preferidas. Adoro cantar e apreciar a arte. Considero a convivência o mais importante no processo, pois, é como uma terapia e ajuda muito no tratamento”, comenta.