28 July 2017 -
Confira a programação e resumos da mostra de artes negra Aquilombô, em cartaz de 2 a 12 de agosto no Teatro Francisco Nunes.
PROGRAMAÇÃO
DIA 02, 20h | MADAME SATÃ – Grupo dos Dez
Um espetáculo poético e político sobre a luta de invisíveis. Madame Satã é o terceiro espetáculo do Grupo dos Dez (e o segundo dirigido por João das Neves), que se dedica à pesquisa de linguagem sobre o teatro musical e suas possibilidades. Em Madame Satã, o grupo se vale da biografia de um dos mais peculiares personagens brasileiros para dialogar com questões que permeiam a critica contra a homofobia e o racismo. Com trilha sonora inédita, o espetáculo é entrecortado por textos ora poéticos, ora combativos, e traz à tona não apenas a biografia de Satã, mas dá visibilidade às pessoas à margem da sociedade que não se enquadrarem na heteronormatividade vigente. Tudo é música, essa é a proposta de linguagem do Grupo dos Dez.
Assim, a investigação teatral do grupo é calcada em fazer com que a música seja uma grande personagem. Esse elemento plural é proposta do Grupo dos Dez na construção de uma dramaturgia para um teatro musical tipicamente brasileiro. O grupo e sua pesquisa nascem de um desdobramento dos trabalhos dos artistas João das Neves, Titane e Irene Ziviane no ano de 2008 e vêm em busca de sua própria forma do fazer teatral, ainda em estudo.
Hoje, contando com os artistas Bia Nogueira, Marcos Fábio de Faria e Rodrigo Jerônimo e atores e atrizes convidados, o grupo vem desenvolvendo o conceito: “ação-musical-dramatúrgica”. O processo de criação do grupo parte de improvisos musicais que vão tomando forma até chegar às cenas. Logo, a música não é inserida como ilustração, ela é dramaturgia e está aliada a uma reflexão político-social cujas fontes são a cultura popular brasileira, a corporeidade afro brasileira e a literatura.
DIA 03, 20h | MEMÓRIAS DE BITITA – O CORAÇÃO QUE NÃO SILENCIOU – Cia. Circo Teatro Olho da Rua + Show com Pé de Amora
O espetáculo cênico/musical Memórias de Bitita, livre adaptação da obra de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), apresenta a força, a determinação, a generosidade e o lirismo contidos nos diários e composições musicais da autora. Negra, favelada e semianalfabeta, Carolina revela em seus textos uma mulher sensível, plenamente consciente de seu lugar e do papel que deveria ocupar: ser cronista de uma realidade onde nossa principal característica – ser humano - é sistematicamente ultrajada. O espetáculo tem como objetivo dar voz a uma mulher extraordinária que, a despeito de seu enorme talento, morreu como sempre viveu: pobre!
Memórias de Bitita foi agraciada com o Prêmio de Artes Cênicas de Minas Gerais em 2015 e com o Prêmio COPASA/SINPARC de Melhor Figurino em 2017, além de merecer indicações de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz (Carlandréia Ribeiro), Melhor Atriz Coadjuvante, (Eda Costa) e Melhor Ator Coadjuvante (Jacó do Nascimento).
Pé de Amora é um duo de música brasileira criado em meados de 2014 por Nath Rodrigues e Bruno de Oliveira que parte do choro e explora, além do gênero, a linguagem e a musicalidade brasileiras. A vasta experiência que ambos trazem de seus projetos paralelos, onde exploram os universos da canção, do erudito ao jazz, integram à essência do duo outras possibilidades sonoras.
DIA 04, 20h | CHÃO DE PEQUENOS – Companhia Negra de Teatro
Com direção de Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati, Chão de Pequenos é apenas o primeiro trabalho na trajetória da Companhia Negra de Teatro. A peça foi inicialmente criada como cena curta, tendo sido premiada na 6ª edição do FESTU, o que garantiu o financiamento para sua montagem como espetáculo e sua estreia no Festival de Curitiba. Toda a dramaturgia é baseada em histórias reais, dentro de um intenso processo de pesquisa no qual foram realizadas entrevistas com várias famílias e pessoas que têm relação com o tema da adoção.
Outro destaque é a trilha sonora. De autoria do músico Barulhista, ela constrói uma camada essencial na narrativa a partir de sons urbanos e cotidianos mesclados aos áudios das entrevistas gravadas. Já os figurinos, assinados por Bárbara Toffanetto, chamam atenção por serem inspirados por encontros com garotos que vendem balas nos sinais de trânsito de Belo Horizonte.
“É um trabalho sobre adoção, abandonos e aquilo que se des-abandona”, explica Ramon Brant, que dá vida a um dos protagonistas da peça. Felipe Soares, com quem contracena, complementa: “Porque fala, antes de tudo, sobre amizade, sobre o cuidado no trato com o outro, sobre querer ser visto em um mundo de visão anestesiada, sobre querer nos ver. Existimos por causa dos outros, para os outros, por nós”.
DIA 05, 20h | IMUNE – Rodrigo Negão e Guilherme Ventura
Guilherme Ventura é um compositor e multi-instrumentista nascido em Santa Luzia/ MG que, inicialmente, aprofundou-se na música como autodidata e só aos 24 anos estudou música na Fundação de Educação Artística e, posteriormente, na Bituca - Universidade de Música Popular, tendo como mestres o violonista Gilvan de Oliveira e o maestro Ian Guest. Em sua discografia, o cantautor mineiro, possui o disco “Bucadim de Samba” (2007) gravado com a Banda Cirandeiros, e agora o seu primeiro álbum solo, “Dois Lados”. Atualmente, o artista faz parte, também, do coletivo IMuNe (Instante da Música Negra).
DIA 06, 19h | ERAS – Coletivo Negras Autoras
Eras é um show cênico musical com composições sobre as relações temporais e atemporais entre o universo da mulher negra e o que a rodeia na contemporaneidade. O show é a segunda criação com composições autorais do Coletivo Negras Autoras, grupo formado por mulheres negras, mutli-artistas que encontram na arte a forma de descrever o percurso e o posicionamento da mulher negra ativa na sociedade.
O Coletivo de Negras Autoras é formado por cinco artistas e uma produtora – mulheres negras que já possuem uma potente atuação na cena teatral e musical de Belo Horizonte: Elisa de Sena, Júlia Dias, Manu Ranilla, Nath Rodrigues, Vi Coelho e Aline Vila Real.
DIA 08, 20h | KALUNDÚ – Espetáculo de dança, com Benjamim Abras
Espetáculo experimental de dança-teatro performativo. Fragmentos de palavras, cânticos e dialetos antigos evocam, através da voz, a presentificação de um corpo permeado por outros corpos. O performer faz da voz a via de deslocamento destas corporeidades, gerando um espiral onde o encarnar da palavra assenta memórias de poéticas da diáspora afro-brasileira, silenciosamente resguardadas pela potência de suas fragilidades no jogo “lúdico” das mandingas populares.
Texto direção e trilha sonora original: Benjamin Abras
Arranjos: Alexis Martins
DIA 09, 20h | LOUVAÇÃO – Rodrigo Jerônimo canta Gilberto Gil + Raphel Sales + bate papo com Rita Gusmão
“Louvação”, primeiro disco da carreira de um dos mais importantes artistas da música brasileira, Gilberto Gil, completa 50 anos desde seu lançamento no ano de 2017. Para prestar uma justa homenagem a essa importante obra da Música Brasileira, Rodrigo Jerônimo sobre ao palco do Francisco Nunes. O show cênico musical aproveita o repertório combativo de Gilberto Gil.
Raphael Sales é cantor , músico e compositor de Contagem, grande BH . Seu trabalho se iniciou por volta de 2006, e, desde então, o músico dialogou também com outras artes, como o teatro, a literatura e a contação de histórias, compondo trilhas para trabalhos desses segmentos artísticos. Transitando por diversos gêneros musicais da música popular brasileira, como baião, xote, congado e ijexá, o compositor explora, em suas canções, as harmonias da música mineira, sem perder o suingue dos ritmos afro-brasileiros. Característica que fica evidenciada no trabalho diferenciado que o compositor realiza ao explorar no violão a rítmica negra.
DIA 10, 20h | O GRITO DO OUTRO - O GRITO MEU! – Cia. Espaço Preto + bate papo com Leda Maria Martins
“Onde estão os negros? Você os vê? Você os ouve? Quem é negro? Vozes que ecoam, gestos que se completam, histórias que se misturam”. Partindo dos lugares de fala dos próprios atores, o espetáculo aborda o racismo e a construção da identidade em um sociedade que se funda sobre o mito da democracia racial. A pesquisa, voltada para a dramaturgia negra e para a arte marginal, desenvolveu textos autorais e buscou, na musicalidade e corporalidade do hip hop, elementos para a construção cênica. No palco, indivíduos negros, gritando por si e por tantos outros.
A Cia. Espaço Preto nasceu em março de 2014, na cidade de Belo Horizonte, interessada na Arte Marginal, na Dramaturgia Negra e na história cultural afro-brasileira. Formada por artistas-pesquisadores negros, a Cia. iniciou seus processos criativos e experimentais em agosto de 2014, resultando na cena curta “Primeira Mente Negra”, estreada na A.Mostra-Lab e apresentada em espaços como Centro Cultural da UFMG e Espaço Aberto Pierrot Lunar. Em novembro do mesmo ano, a Cia. estreou seu primeiro espetáculo no espaço Espanca!, cujo título também é “Primeira Mente Negra”. No ano de 2015, a Cia. dá continuidade às suas pesquisas para a montagem de seu novo espetáculo “O Grito do Outro – O grito meu!”, que estreou na Mostra inMinas, no teatro João Ceschiatti, também apresentado na Mostra Benjamin de Oliveira, Casa do Beco e Teatro Marília no ano de 2016. Ainda em 2015, a Cia. concebeu a cena curta “AMA”, inspirada na peça teatral “Além do Rio” de Agostinho Olavo, que se apresentou primeiramente no projeto ENCRUZILHADAS, primeira mostra de cenas curtas de teatro negro da Graduação em Teatro da Universidade Federal de Minas Gerais, e posteriormente apresentada no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto.
DIA 11, 20h | IMUNE – Batuque Cello + Carla Gomes + Pêlos
Participando de vários eventos em espaços culturais e dialogando com a pluralidade cultural da cidade, fazendo prevalecer à ideia de que tem q haver, espaço para todos, Carla Gomes inicia a turnê de fechamento do seu primeiro cd “O Tempo Sou Eu”, o mesmo que rendeu a ela indicação de melhor cantora no 26º Prêmio da Música, ao lado de cantoras já consagradas da música Brasileira. Para a Aquilombô - Mostra de Artes Negra, a cantora e atriz traz um repertório pautado em seu CD com uma pegada pop, ela dialoga com Reggae e ritmos ancestrais brasileiros trazendo, uma sonoridade plural, próprio da artista. Como ela mesma diz: “Não gosto de rotular minha musica”.
Nascida em 1999, a banda Pêlos chega ao seu terceiro trabalho de estúdio, “Paraíso Perdido nos Bolsos”. A longa estrada – 17 anos – se traduz em canções maduras e composições ousadas nas quais não há preocupações com rótulos, honestidade com a próprio música vem em primeiro plano, como pode ser sentido no novo trabalho da banda.
DIA 12, 20h | BALA DA PALAVRA
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DIA 13, 19h | IMUNE – Maíra Baldaia e Alysson Salvador
O músico, arranjador e compositor, Alysson Salvador começou com o violão, sua história nas artes.
Seu trabalho, sempre voltado à música popular brasileira, tem como influência a bossa de Tom Jobim, o baião de Luiz Gonzaga, o mineiro e montanhoso de Milton Nascimento e ainda passeia com classe pelos estilos musicais brasileiros. Sua música encantou o público, músicos e também o teatro. Desde 2011 vem tocando e atuando em sete (06) musicais, assinando os arranjos de seis (05) deles.
Maíra Baldaia é uma cantora, compositora e atriz mineira. A artista leva para o seu trabalho influências da afro-mineiridade e da cultura brasileira. Formada em música (Bituca – Universidade de Música Popular) e em teatro (Universidade Federal de Minas Gerais), Maíra apresenta versatilidade e identidade no palco. Em 2016, a artista lançou em Belo Horizonte o seu primeiro álbum. Denominado “POENTE e outras paisagens”, o disco traz 12 faixas autorais compostas pela cantora e por outras compositoras mineiras. Suas composições falam sobre a mulher negra, espiritualidade e amor ao ritmo da nova MPB. Com direção musical de Clayton Neri, o CD conta com a colaboração dos músicos Maurício Tizumba, Alysson Salvador, Bia Nogueira, Caetano Brasil e Nath Rodrigues. Além das participações especiais, a cantora também conta com uma banda base que a acompanha formada por Larissa Horta no baixo, Débora Costa na percussão e Verônica Zanella no violão e na guitarra.