12 June 2024 -
O Jardim Botânico da Prefeitura de Belo Horizonte amanheceu em festa nesta quarta-feira (12), graças à comemoração dos 33 anos de fundação. A ocasião foi marcada por uma visita guiada às novas instalações das coleções de etnobotânica (objetos, artefatos e medicamentos que compõem a cultura dos povos) e carpoteca (que reúne frutos e sementes), e integra a programação da Semana do Conhecimento, que ocorre na Zoobotânica até a sexta-feira (14).
Na visita e na comemoração estiveram presentes diferentes gerações de profissionais que fizeram parte da história do Jardim Botânico, além de pesquisadores e estudantes de diversas organizações e, também, o presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e secretário interino de Meio Ambiente, Gelson Leite.
As novas instalações das coleções, importantes conquistas para preservação do acervo do Jardim Botânico e para maior disseminação do conhecimento sobre as espécies da flora, foram planejadas por meio de um projeto de pesquisa aprovado em 2022 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que permitiu a destinação de recursos para reestruturar as coleções botânicas.
Telma Sueli Mesquita Grandi, primeira diretora do Jardim Botânico (onde atuou entre os anos de 1991 e 1995), esteve presente e ficou admirada com as melhorias no espaço. “São conquistas muito significativas para a ciência e precisamos dar visibilidade a isso. Plantas em herbários podem viver por mais de 500 anos e, por meio delas, podemos conhecer e entender até o que já desapareceu do ambiente natural. É importante que tenhamos recursos para colocar as plantas como testemunhas da história. Os avanços são grandes, comparando-se ao tempo em que aqui trabalhei, mas ainda há um longo caminho a se percorrer para que essa riqueza aqui abrigada chegue ao conhecimento de mais pessoas. Precisamos de mais investimentos (em pessoas e estruturas) e de um olhar mais atento das autoridades para que apoiem inciativas que visem dar visibilidade a esse trabalho a mais pessoas além de pesquisadores e técnicos”, comenta.
Albina Carvalho de Oliveira Nogueira é outra profissional que fez parte da história do Jardim Botânico e que visitou as novas estruturas nesta manhã. Ela comenta que as melhorias conquistadas são um grande marco para a modernização e atualização das coleções, especialmente do herbário, que agora pode ser comparado ao de outros países que estão muito avançados na preservação de suas coleções. “Considerando a dificuldade existente de modernização, não só em relação à disponibilidade de recursos, mas também às constantes e necessárias mudanças de classificação das espécies que são feitas à medida que as pesquisas avançam no Brasil e no mundo, Belo Horizonte agora tem um acervo bastante atualizado, que continuará sendo uma referência importante”, comemora.
O sentimento de satisfação em ver o avanço que as novas instalações das coleções de etnobotânica e carpoteca representam também é compartilhado por Vinícius Resende Bueno, biólogo pela Universidade Federal de Viçosa e bolsista pela empresa Vale no Jardim Botânico da PBH: “essas melhorias são importantes não somente do ponto de vista científico, afinal, mais de 60% das espécies do Herbário do Jardim Botânico da PBH são exclusivas dele (somente encontradas aqui), mas porque também trazem luz à necessidade de constantes intervenções para manter os acervos atualizados e preservados. Este é o maior herbário do Brasil, considerando-se a ordem evolutiva das espécies e é muito bom vê-lo reorganizado e atualizado”, completa.
Gelson Leite, presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, gestora do Jardim Botânico, também participou das comemorações e da visita guiada às coleções. “O Jardim Botânico da prefeitura realiza um trabalho primoroso de pesquisa e conservação de espécies da flora nativa e isso se reflete no volume de trabalhos aqui desenvolvidos ao longo desses 33 anos e nos avanços conquistados pelas pesquisas aqui conduzidas. O trabalho não para, tanto que nossos técnicos continuam ampliando seus estudos para descoberta e coleta de novas espécies, ou espécies há muito tempo não avistadas na natureza, utilizando além do trabalho de campo, esforços para uso e ampliação do conhecimento de plataformas de ciência cidadã”, comenta.
Gelson aproveitou o encerramento da visita para agradecer ao público presente, dentre os quais mais de 60 funcionários que atuam no dia-a-dia do Jardim Botânico, por prestigiarem mais um importante marco na história da unidade. “É uma honra e satisfação estar aqui na presença de três gerações distintas de técnicos que fizeram e fazem do nosso Jardim Botânico o que ele é hoje: um rico espaço de conhecimento e pesquisa, além de importante prestador de serviços para a cidade, já que por meio da nossa produção de mudas, abastecemos a cidade com espécies arbóreas e ornamentais há tantos anos. Temos um desafio crescente nesse sentido, de aumentar a arborização da nossa cidade nos próximos anos e, ainda, ampliar o conhecimento científico por meio de pesquisas e, ainda, manter e até ampliar nossos acervos. Tenho certeza de que estamos no caminho certo graças a todas as equipes que aqui passaram e aqui estão, que atuam por amor ao trabalho, por vocação e pelo desejo crescente de valorizar a pesquisa e a educação. Deixo aqui os agradecimentos da Prefeitura pelo valioso esforço de cada um de vocês”, finalizou o presidente.
Programação segue nesta quinta-feira (13)
A programação da Semana do Conhecimento segue nesta quinta-feira com apresentações de trabalhos de pesquisa que tratam, entre outros temas, da configuração urbana e sua relação com a infraestrutura verde para a manutenção de aves, a detecção de vírus Influenza A em aves silvestres que habitam áreas naturais urbanas e a amostragem preliminar da vegetação do parque Ursulina Andrade para elaboração do seu Plano de Manejo. As atividades têm início às 9h e seguem durante todo o dia.
A Semana do Conhecimento, realizada pela FPMZB, ocorre entre os dias 11 e 14 de junho, na Fundação Zoobotânica. As atividades acontecem na Casa de Educação Ambiental e tem como objetivo divulgar os resultados de projetos de pesquisa e de estudos específicos nas áreas de zoologia, botânica, educação ambiental, comportamento animal, homeopatia em plantas, uso público de áreas verdes de Belo Horizonte, conservação de espécies e de biomas, entre outras. Esses estudos (concluídos ou em andamento) foram realizados por profissionais dos diversos setores da Fundação, estagiários e bolsistas.