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Sala da capacitação da Guarda Municipal
Divulgação/PBH

Acolhimento às vítimas de racismo é destaque em capacitação da Guarda Municipal

criado em - atualizado em

O treinamento voltado para o atendimento humanizado das ocorrências relacionadas a racismo, destinado a inspetores e subinspetores da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) teve participação ativa dos agentes da corporação e também dos convidados do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Polícia Civil (PC) e do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab). A importância de realizar um atendimento que garanta um acolhimento às vítimas e que se destaque também pelo encaminhamento correto do caso à delegacia especializada, para evitar a impunidade, foi defendida por todos. A formação ocorreu nesta segunda-feira (dia 21), no Auditório JK, na sede da Prefeitura de Belo Horizonte.

 

No mês marcado pela comemoração do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o curso foi uma iniciativa voltada para a garantia da igualdade de direitos entre todos os cidadãos, sendo promovido pela Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção (SMSP). A capacitação teve como palestrante o guarda municipal Pierre Kennedy Vieira, que é graduado em Segurança Pública, pós-graduado em História e Cultura Afro-Brasileira, e MBA em Gestão de Equipes e Liderança.

 

Diferença entre racismo, injúria e intolerância

 

Na palestra, o guarda municipal Pierre Kennedy Vieira ainda tratou da diferença entre racismo, injúria racial e intolerância, com base na lei Pierre falou também de sua experiência pessoal como um afrodescendente, nascido em uma comunidade e que ingressou nas forças de segurança, ao ser aprovado no concurso público e se tornar um guarda municipal, em 2006. “A vivência nada positiva adquirida ao me tornar alvo de abordagens policiais desde a adolescência, apenas devido à minha raça e a minha origem, me fez querer mudar essa realidade, lutando contra qualquer forma de discriminação racial. Agindo, principalmente, para evitar que os casos de racismo fiquem impunes”, concluiu.

 

O secretário Municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino, destacou a importância do treinamento, que será levado pelos inspetores aos demais agentes da Guarda Municipal. “Estamos aqui, hoje, deixando a contribuição da Guarda Municipal para combater o racismo. Queremos nos somar às demais forças policiais para que essa nova forma de agir signifique um avanço rumo à igualdade de direitos entre todos os cidadãos”.

 

Para o comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Sérgio Prates, a troca de experiências proporcionada pelo encontro representa um marco, que deve ser compartilhado com outras instituições. “É motivo de orgulho para a corporação ter um guarda como o Pierre, uma pessoa com essa capacidade de tratar o tema com tanta propriedade e legitimidade. Com certeza, sairemos daqui melhor do que entramos”, declarou.

 

O titular da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG, promotor de Justiça Allender Barreto, participou do encontro e destacou a importância da iniciativa. “Trata-se de um projeto importante que, rompendo preconceitos, luta contra essa chaga social que é racismo estrutural”. As palavras dele foram reforçadas pela professora de Direitos Humanos da Academia de Polícia Civil, Lidiane Azeredo, e pela coordenadora geral do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB), Makota Célia Gonçalves Souza, que também estavam presentes.