30 July 2018 -
No CRAS São José, o coletivo de crianças participou de uma oficina de jogos e brincadeiras. A atividade deu tão certo que eles decidiram criar um grupo de teatro. As crianças são atendidas pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do CRAS e, desde outubro do ano passado, participam de oficinas de teatro e aprendem técnicas de artes cênicas, trabalhando a agilidade, percepção, concentração, criatividade e improvisação.
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) é um serviço de proteção social básica ofertado pelo CRAS que atende crianças, adolescentes, adultos e idosos por meio do desenvolvimento de encontros e atividades em grupo que objetivam fortalecer vínculos familiares e comunitários.
Orientadora Social que acompanha as atividades do grupo, Sandra Carla explicou que a oficina de teatro não atendeu somente as crianças desenvoltas e desinibidas. “Mesmo quem nunca pensou em participar de uma oficina de teatro pode se beneficiar com algumas aulas, uma vez que, além de promover o autoconhecimento e desenvolver a autoconfiança, a oficina proporcionou um exercício de aproximação das crianças”, disse.
Para incentivar a criatividade dos jovens, a arte educadora de teatro Elisângela Fátima propôs um desafio: que as próprias crianças criassem uma esquete teatral. Separados em três grupos, os adolescentes criaram as histórias “A piscina”, “Meteoro” e “Açaí”, cada uma com um enredo diferente. Para facilitar a encenação, a monitora de teatro fundiu as histórias e criou a esquete “Meteoro e Açaí”, que acontece dentro de uma sala de aula e em uma lanchonete de açaí.
Primeira apresentação
A primeira apresentação do grupo aconteceu no dia 21 de junho, no Teatro Raul Belém Machado, no bairro Alípio de Melo, sob a direção de Elisângela Fátima. Aproximadamente 60 pessoas prestigiaram a apresentação, entre amigos e familiares das crianças. A auxiliar de lavanderia Viviane Nunes de Jesus, mãe da adolescente Júlia, esteve lá para aplaudir a filha. “A Júlia é muito tímida e me surpreendeu ver que ela quebrou um pouco esta timidez. Minha filha melhorou nos relacionamentos sociais. O trabalho do CRAS é maravilhoso e ajuda até na questão da saúde, pois se divertir é também uma forma de prevenir doenças.”
Esta foi a primeira experiência teatral dos adolescentes. A Clara conta que, no início, o trabalho foi um grande desafio. “Quando começamos a ensaiar, achei divertido, difícil e quase impossível! Eu tinha pânico de palco!. Mas, no dia da apresentação, depois de muitos ensaios, o clima era outro. Ficamos nervosos sim, mas eu imaginei que era como se estivesse na sala de aula. Aí ficou mais fácil”, disse.
A adolescente Stephanie também encontrou uma maneira de driblar a ansiedade: “Fechei os olhos e fui fazendo. Depois de tudo, me deu a sensação de querer fazer de novo.” O Kaique contou que a técnica da improvisação ajudou bastante: “Fiquei tão nervoso que tive que improvisar nas falas.”
Para a arte educadora de teatro Elisângela Fátima de Souza a experiência foi muito rica. “Realmente houve entre nós uma sintonia, um vínculo, uma força criadora ora divertida, ora difícil, ora precisando entender a seriedade do teatro e suas implicações. Nestes seis meses de processo, percebi muitos alunos mudando posturas em relação à concentração, articulando melhor as falas e se posicionando com críticas. Alguns se envolveram tanto que traziam novas ideias e isso é bem positivo. Fazer se tornar nosso. No campo artístico, temos muito a crescer, mas já foi um processo riquíssimo, daqueles de levar pra sempre no coração”, disse.
Resultados positivos
Perguntados sobre a maior contribuição para suas vidas, a maioria concorda que o trabalho com teatro ajudou a diminuir a timidez. O João contou que agora consegue apresentar com mais desenvoltura os trabalhos em sala de aula; perdeu a timidez e ganhou mais pontos. A Júlia, que participa de um grupo de dança no Programa Escola Aberta da Escola Municipal Ignácio Andrade de Melo, conta que antes ficava constrangida em dançar, mas percebeu que não precisa ter vergonha. A Stephanie disse que agora fala mais. Já o Kaique percebeu que se soltou mais depois das aulas na oficina.
O CRAS – Atendimento para as famílias
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública da política de assistência social integrante do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Os CRAS estão localizados em áreas com altos índices de vulnerabilidades e risco social. Belo Horizonte conta hoje com 34 unidades e cada uma delas referencia em média cinco mil famílias e atende no mínimo mil famílias. Na capital mineira são mais de 150 mil famílias referenciadas nas nove regionais de Belo Horizonte.
No CRAS é oferecido o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) com a finalidade de fortalecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Nesse sentido, são realizadas atividades coletivas como palestras, oficinas, campanhas, reuniões e grupos de reflexão, além de atendimento individual, visitas domiciliares e institucionais.
Os CRAS promovem também o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), em parceria com organizações da sociedade civil, dentre elas a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), parceira do CRAS São José, que atende a todos os membros da família, desde a criança até o idoso, com a realização de atividades culturais e esportivas para promover a integração da comunidade.
As intervenções com as crianças de 7 a 14 anos possibilitam a ampliação do universo informacional, o desenvolvimento de potencialidades, habilidades, talentos, visando uma formação cidadã. Desenvolvem o protagonismo e a autonomia com oficinas de esportes, música, fotografia, meio ambiente, cinema, rodas de conversas, entre outras. Já os idosos participam de atividades que contribuem para o processo do envelhecimento saudável, por meio de atividades artísticas, culturais, esportivas, lúdicas e de lazer que fortalecem a autonomia, ajudam na socialização e na prevenção de situações de risco social nessa faixa etária.