A partir da implantação de um Ponto Limpo na rua Sebastião Gomes Pereira, próximo ao córrego Floresta, situado no bairro Serra Verde, na região de Venda Nova, foi possível reflorestar todo o entorno do curso d’água. A iniciativa da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) conseguiu reunir moradores locais, lideranças comunitárias e escolas. O trabalho também contou com o apoio da Gerência de Zoonoses Venda Nova e do Centro de Vivência Agroecológica (Cevae) Serra Verde.

O gerente regional de Limpeza Urbana Venda Nova, Clarício Tolentino de Aguiar, comemora a extinção por completo desse ponto crítico de deposição clandestina de resíduos que demandava com frequência o serviço de limpeza urbana, gerando muito trabalho e gastos para a administração pública. “Para se ter uma ideia, retirávamos desde lixo orgânico até entulho pesado e animais mortos, com a necessidade de realização de 30 viagens com caminhão basculante a cada 15 dias”, descreve. “Agora a própria população rechaça qualquer descarte irregular na área, mostrando-se vigilantes na identificação dos possíveis infratores.”  O engajamento também surge por parte da comunidade da rua Pedro Feliciano de Carvalho, outra vizinha do Ponto Limpo. 

Clarício conta que houve o início de um reflorestamento do córrego, o que deixou o lugar mais bonito, repleto de jardins, mudas nativas e ornamentais, como os ipês, abrindo caminho para a futura existência de um parque ou mesmo de uma pequena floresta urbana. “Nosso contentamento é imenso, afinal o lugar é repleto de nascentes, algo que precisamos valorizar e cuidar, combatendo, com toda nossa energia, o despejo indevido de lixo naquele espaço”, enfatiza. 

As intervenções dessa natureza em Venda Nova são consideradas tão bem-sucedidas que, no momento, não há um ponto crítico sequer que exija a utilização de pás-carregadeiras, tamanha a redução do volume de lixo na região. Na avaliação da Gerência Regional de Limpeza Urbana Venda Nova, a diminuição da sujeira nos depósitos ilegais de lixo pode chegar à ordem de 50%, refletindo positivamente também no volume de despesas apuradas com esse trabalho.

Tudo isso representa menos 120 toneladas de resíduos, por mês, recolhidas das ruas Sebastião Gomes Pereira, Pedro Feliciano de Carvalho, Guido Leão e William Malacco, e uma economia anual estimada em R$ 230 mil. Em toda a região de Venda Nova, a eliminação de pontos críticos de deposição clandestina de lixo poupa mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos e aos bolsos dos cidadãos. 

Participação popular 

O fisioterapeuta William Washington dos Reis, líder comunitário e morador do bairro, desempenha um papel importante nesse processo, pois contribuiu com a mobilização social e plantou as primeiras mudas na área recuperada. Ele se lembra com tristeza do tempo em que veículos paravam para despejar animais mortos, restos de construção, podas e todo tipo de resíduo no espaço que a SLU havia acabado de limpar.

“Bastava o trator e o caminhão da Prefeitura saírem para algumas pessoas jogarem de novo bastante lixo no local”, lamenta. “Muitos colocavam fogo nos materiais e a fumaça vinha toda para nossas casas; isso sem mencionar os vetores de doenças, como insetos e animais peçonhentos que surgiam”, destaca. “Por isso, só tenho a agradecer ao município, que abraçou essa ideia e continua realizando a manutenção do Ponto Limpo com capina e outros serviços.” 

Iraci Ferreira Rodrigues possui um restaurante próximo ao antigo ponto crítico e sofria com a situação. Segundo ela, a preocupação era enorme com o aparecimento de ratos. “Foi um desafio, porque cidadãos, até de outros bairros, jogavam móveis velhos e muito entulho por aqui”, relata. “Agora tudo mudou e estou muito feliz, principalmente porque tive o prazer de plantar um pomar no terreno e ajudo a regar as árvores que hoje nos presenteiam com acerola, limão, laranja, manga, graviola e jabuticaba”.