31 October 2019 -
O pequeno Davi precisou de pouco mais de dez minutos para vir ao mundo. Ele nasceu em casa com a ajuda da vizinha e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). No dia do nascimento de Davi, Paloma Lauanda ligou para o SAMU solicitando socorro para a vizinha que estava em trabalho de parto. Uma Unidade de Suporte Avançado foi deslocada para a residência, localizada no bairro Jardim Guanabara. A médica reguladora, Sheila Silva dos Santos Nagliati, permaneceu na linha dando todas as orientações até a chegada da ambulância. A ligação durou aproximadamente 11 minutos, e juntas, a médica, a solicitante e a paciente, viveram momentos mais do que emocionantes.
Rodeado pelo carinho dos irmãos, da avó e da mãe, o bebê já tem uma história para contar. A mamãe Poliana disse que foi pega de surpresa, pois ainda faltava um mês para a data prevista para o parto, mas agradece a ajuda especial que teve. “Apesar do susto, graças a Deus eu pude contar com a minha vizinha que chegou bem na hora e com a médica do SAMU, que falou tudo o que ela precisava fazer. Se não fosse a ajuda dela ia ser muito mais difícil porque na hora a gente nem sabe o que fazer. A ambulância chegou e me levou para o hospital e correu tudo bem”, disse Poliana.
O trabalho realizado pelas equipes do SAMU em Belo Horizonte salva centenas de vidas todos os dias, seja com a equipe de socorro in loco ou por meio de atendimento médico telefônico. Ao todo, são aproximadamente 709 colaboradores entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores, atendentes e staff administrativo. Além disso, a capital conta com 21 unidades de suporte básico, seis unidades de suporte avançado e um médico que atua em conjunto com a equipe do Batalhão de Operações Aéreas, do Corpo de Bombeiros. A dinâmica do serviço se inicia na Central de Regulação para onde as ligações do 192 são direcionadas.
A Central de Atendimento funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. A equipe de telefonistas é responsável por fazer a coleta inicial das informações repassadas pelo solicitante e, posteriormente, encaminhar o chamado para um dos médicos plantonistas. O atendimento inicial é de fundamental importância, pois, neste momento, é feita a triagem para identificar a urgência de cada chamada e também identificar possíveis ligações de trote.
O sistema utilizado pelo SAMU possibilita a identificação do número que originou a ligação. Todas as chamadas são gravadas a partir do momento em que são atendidas. “Durante os momentos iniciais da ligação, são feitas algumas perguntas e as respostas são fundamentais para direcionar a tomada de decisões durante o atendimento”, explicou o gerente do SAMU de Belo Horizonte, Roger Lage.
Há também a equipe da Central de Regulação. Ela é composta por médicos de urgências e emergências e que atuam tanto no atendimento telefônico quanto nos socorros prestados nas ruas pelas ambulâncias. Segundo Roger, isso dá a eles uma expertise que se reflete em cada tomada de decisão.
É importante ressaltar que as orientações repassadas pelos médicos reguladores já configuram um atendimento, independente do envio ou não da ambulância. Seguir as orientações repassadas durante a ligação é fundamental para salvar a vida de alguém e diminuir os riscos de agravos. No caso da Poliana, por exemplo, a médica permaneceu em contado com a solicitante até a chegada da equipe. Orientando e avaliando toda a situação, ela foi assertiva e conseguiu conduzir o parto, mesmo à distância.
Outro setor extremamente importante é a Regulação Secundária. Essa equipe é responsável por fazer os despachos e liberações das ambulâncias. O trabalho é remoto e extremamente dinâmico. A equipe faz a conferência de endereços, verificam as rotas, fluxo do trânsito e, principalmente, direcionam as equipes para que cheguem ao endereço da ocorrência em tempo oportuno. “Esse é o coração do SAMU. Da tela é possível acompanhar o status de cada uma das ambulâncias e a sua localização. Além disso, as equipes que estão em atendimento têm na Regulação Secundária o apoio para tomada de decisões. Por mês, são aproximadamente 27 mil atendimentos, com e sem envio de ambulâncias. Esse número traduz a importância do serviço para a cidade, pois sem estas esquipes, muitas histórias poderiam ter outros finais”, explica Roger.
Desafios diários
Mesmo com a sua importante missão que é salvar vidas, uma infeliz estatística ainda preocupa: por ano, a Central do SAMU recebe cerca de 50 mil ligações caracterizadas como trote. A “brincadeira” ocupa as linhas e pode aumentar a espera de alguém que realmente precisa. Apesar de menos recorrente, pois as equipes da Central conseguem fazer essa identificação de forma eficiente, Roger Lage explica que isso ainda acontece e onera o serviço.
“Há casos em que o solicitante mente e repassa informações inverídicas sobre o estado de saúde de uma vítima. Quando a equipe chega ao local, identifica que não se tratava de uma emergência, ou até mesmo que não há nenhuma ocorrência no local. Isso é sério, pois o custo médio estimado de um empenho de uma unidade de suporte avançado é de R$ 2.000,00 e de uma ambulância de suporte básico, R$ 500,00”.
Integração entre municípios e Corpo de Bombeiros
Além das ocorrências registradas na capital, o SAMU de Belo Horizonte também faz a regulação das chamadas para sete cidades da Região Metropolitana: Ouro Preto, Mariana, Caeté, Nova Lima, Sabará, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Após a entrada do pedido na central, as ambulâncias dessas cidades são empenhadas, conforme a disponibilidade, para prestar o socorro. Quando necessário e, dependendo da natureza da ocorrência, as ambulâncias da capital podem ser acionadas para ajudar em socorros em outros municípios, como foi o caso de Brumadinho, no início do ano.
O SAMU de Belo Horizonte também mantém um sistema integrado com o Corpo de Bombeiros. Por meio dele, os chamados são compartilhados, sendo possível às instituições acionarem o apoio para atendimento das ocorrências.