13 June 2018 -
Na Escola Municipal Francisca Alves (EMFAL), a hora do recreio é um momento de relaxamento e de aprendizado. Com o projeto Rádio Recreio, denominado na escola como Rádio EMFAL, criado em 2017, três vezes na semana, estudantes aproveitam a hora do intervalo para aprender sobre os diversos estilos musicais nacionais e internacionais.
Orientado pelos professores de Língua Portuguesa Maurício Elizeu da Fonseca Caetano e Júnia Santos e pela coordenadora de turno Luísa Parreiras Kattaoui, o projeto tem os objetivos de proporcionar um ambiente mais tranquilo durante o recreio, criar um espaço formativo sobre a origem dos estilos musicais e de informação sobre assuntos de interesse do público escolar, incentivar o protagonismo dos estudantes na organização de uma rádio e promover a discussão crítica sobre o conteúdo das letras das músicas, evitando canções cujas letras trazem algum tipo de preconceito ou que fazem referência à violência de qualquer natureza.
A professora Júnia conta que a ideia da rádio surgiu a partir de relatos positivos de experiências de recreio com música para estudantes do terceiro ciclo. “Ao assumir a coordenação de turno no ano passado, Luísa Parreiras sempre teve como propósito orientar a equipe pedagógica, junto com os professores, a desenvolver projetos e, ao conhecer de perto o projeto em outra escola da rede municipal de Belo Horizonte, percebeu que seria positiva essa experiência em nossa escola. Então, nos propusemos a criar este ambiente na EMFAL”.
Para colocar em prática a ideia da rádio, foi formada uma equipe de estudantes interessados em participar do projeto. Esta equipe escolhe as canções que serão tocadas na rádio. Os professores e a coordenação participam da equipe, discutindo o teor das letras das músicas e auxiliando com o equipamento de som. Recentemente, a escola adquiriu um novo equipamento, que melhorou a qualidade sonora.
Caráter formativo e informativo
Além de professor de Português, Maurício Fonseca é também músico. Ele explicou que, no início, a rádio funcionava com uma programação mais livre, tocando músicas diversificadas. À medida que o projeto ganhou força, a rádio passou a funcionar em outro formato.
Desde 2018, às segundas e quartas-feiras, a programação continua livre, tocando músicas escolhidas pela equipe de produção e aquelas propostas na “Caixa de Sugestões”. Uma vez por semana, a Rádio Recreio tem um caráter formativo, contando a história de um estilo musical específico e tocando as canções mais marcantes. "Atualmente, estamos trabalhando o Funk e mês que vem faremos uma abordagem das canções que remetem à Copa do Mundo”, contou o músico e professor.
Nos três dias de funcionamento, a rádio divulga informações sobre assuntos de interesse do público escolar como semanas de provas, visitas técnicas programadas, eventos como festa da família, feira de arte e cultura, entre outros. Para incentivar os estudantes, a gestão da escola articulou uma visita técnica a uma rádio para os alunos conhecerem como é desenvolvido o trabalho de um radialista e agregarem conhecimentos para aprimorar ainda mais a Rádio Recreio. Além disso, a equipe já vem discutindo sobre a possibilidade de criar um logotipo, montar um cenário para a rádio e fazer gravação de “jingles” para serem usados na programação.
Protagonismo juvenil e resultados positivos
A equipe de produção do programa é formada pelos estudantes Pedro Lima (14), Samuel Vasconcelos (13), João Victor Gomes (14), Jaime Rodrigues Guimarães (13), Débora de Moura (17), Bruna Louise (13), Victória Boese (12) e Camyle Rodrigues (14) que se organizam em três equipes de produção, uma para cada dia da semana.
As músicas sugeridas pela comunidade escolar são analisadas pela equipe de produção do programa, que seleciona aquelas que serão tocadas em cada dia. As letras das canções, o ritmo, entre outros aspectos do programa, são discutidos e definidos por meio de um grupo no Whatsapp, que facilita a interação entre a equipe, já que são estudantes de turmas diferentes.
“O objetivo é fazer com que os estudantes envolvidos no projeto tenham autonomia na organização de toda a estrutura da rádio, desde a escolha das músicas, apresentação durante o recreio e o cuidado na utilização do equipamento de som. Além disso, é uma oportunidade de contemplar os diversos gostos musicais dos outros estudantes e dos funcionários da escola, tocando as músicas sugeridas por eles”, explica Júnia.
A participação na rádio provocou mudanças em cada um dos estudantes da equipe de produção. Para Camyle Rodrigues, participar da rádio trouxe responsabilidade e maturidade. João Victor destacou o respeito às sugestões dos colegas. Bruna Louise disse que ajudou a vencer a timidez. Débora de Moura contou que aprendeu a trabalhar em equipe e até a mexer na aparelhagem de som. Pedro Lima aprendeu a ouvir as pessoas, valorizar o que elas gostam e os diversos estilos musicais. Samuel Vasconcelos percebeu que aumentou o conhecimento por causa das pesquisas dos temas.
Além de conhecimento, os estudantes estão aproveitando o tempo do recreio para cantar e até mesmo arriscar uns passos de dança. Os amigos João Marcelo Costa, Davi Campolina, Gabriel Augusto, Eduardo Barbosa, Dyego Oliveira e Eduardo Lustosa executam vários passos de dança enquanto as músicas são tocadas, incentivando os demais a dançarem. Eles contam que a coreografia não é ensaiada, mas vão criando os movimentos ali na hora mesmo. Para Davi Campolina, é um momento prazeroso. “Dá um gás na hora do recreio e anima o ambiente”, disse. Com criatividade na coreografia durante o recreio, o estudante João Marcelo Costa, 14 anos, acha muito boa a proposta da rádio “porque descontrai a galera”. Ele dá um conselho para os colegas: “A vida é uma só, então aproveite cada momento.”
A gestão da EMFAL dá total apoio ao projeto. “Todos os movimentos que visam o protagonismo, a inclusão dos estudantes, a criação e manutenção de um bom clima escolar recebem o apoio, materialidade e entendimento da necessidade de seu desenvolvimento por parte da direção, que incentiva a autonomia de todas as partes envolvidas”, salienta a vice-diretora Rosane Pires. “Além disso, o afeto e o carinho com que estamos atuando na gestão se traduzem nos resultados e na acolhida de toda a comunidade escolar para com as ações em andamento!”
A diretora Terezinha de Jesus Matos ressaltou os resultados positivos. “Este projeto incentiva o protagonismo dos nossos jovens, o que é uma proposta da Rede Municipal de Educação. Conseguir realizar esse projeto na nossa escola foi um grande ganho. Estamos contribuindo para torná-los mais autônomos, mais respeitosos uns com os outros e serem atores em seu próprio aprendizado”, disse.
Educomunicação
Além da Rádio EMFAL, outras iniciativas semelhantes podem ser encontradas nas instituições da Rede Municipal de Educação, principalmente por meio do Programa Escola Integrada, que tem entre seus eixos de atuação a Educomunicação. Por meio de atividades de Educomunicação, várias ações relacionadas à produção de rádio, jornal, vídeo e fotografia são desenvolvidas, promovendo a comunicação da escola com as famílias, comunidade e com a própria cidade. Os projetos Festival Educação Integral de Minicurtas (FEIMC) e Fotográfico Um Olhar, Uma Luz são direcionados a todas as escolas da rede e promovem o protagonismo infanto-juvenil na criação e produção de vídeos e fotografias.
O FEIMC reúne os minicurtas - animação, documentário e ficção - produzidos nas oficinas de Educomunicação, a partir de uma temática lançada anualmente pela coordenação do festival e são avaliados por júri técnico e popular. Já o Projeto Fotográfico Um Olhar, Uma Luz proporciona aos estudantes reflexões sobre valores artísticos, culturais e sociais da fotografia e sua utilização como instrumento de registro e expressão das realidades. O conjunto das fotografias forma uma exposição itinerante que é apresentada em vários locais da cidade.