Os primeiros alunos inscritos no curso “Usina Escola”, da Prefeitura de Belo Horizonte,  receberam nesta sexta-feira (2) o certificado de conclusão, em cerimônia realizada na Sala Verde da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A iniciativa - direcionada a pessoas em situação de rua, moradoras de abrigos municipais ou em vulnerabilidade social -, consiste na formação de mão de obra especializada em montagem e gestão de usinas fotovoltaicas como alternativa para superação de dificuldades na vida e inserção no mercado de trabalho. 

O projeto se consolidou por meio de uma ação intersetorial entre as secretarias municipais de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, por meio do programa Estamos Juntos, e teve as aulas ministradas pelo Instituto Superar. Ao longo de um mês, os 17 alunos cumpriram uma carga horária de 25h, composta por aulas de conhecimento teórico, visitas técnicas e trabalho prático de campo. 

Para Ricardo Augusto Pedrosa, formando da “Usina Escola”, participar das aulas trouxe benefícios além da aquisição de conhecimento e capacitação profissional, possibilitando também a mudança de vida através do trabalho. “Sou ex-morador de rua e vivo atualmente no abrigo Granja de Freitas. Fiz a minha inscrição no curso e agora, tendo concluído, me vejo diante de uma das raras oportunidades oferecidas a nós que vivemos em vulnerabilidade social. Foi completamente proveitoso fazer parte do curso, no qual pude aprender algo que não sabia, conhecer o mercado de sustentabilidade e me preparar para conquistar um emprego e uma renda”, destacou. 

As usinas fotovoltaicas são estações de geração de energia elétrica que captam a energia proveniente das radiações eletromagnéticas emitidas pelo Sol. O principal objetivo é converter a radiação solar em energia elétrica por meio de células fotovoltaicas, que são posicionadas em vários painéis localizados no chão. Consideradas um tipo de energia renovável e limpa, elas oferecem soluções sustentáveis, baseadas na natureza e capazes de gerar uma economia significativa, uma vez que substituem o uso da rede elétrica para consumo. 

Atualmente, também se configuram como uma tendência de mercado, despertando a atenção de grandes empresas, gerando e demandando mão-de-obra especializada para produção, instalação e manutenção dos sistemas. O potencial do setor fotovoltaico, em especial em Belo Horizonte, é imenso. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), apenas 0.8% da capacidade total da capital já foi explorada.

De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Zé Reis, a ideia é capacitar cada vez mais pessoas através da iniciativa e formar, pelo menos, quatro novas turmas em 2023. “É uma alegria muito grande estar aqui nesse dia especial e certificando esses dedicados estudantes. O conhecimento é algo que não perece e que nos projeta para horizontes ainda mais expandidos, e foi essa a missão que tivemos no desenvolvimento desse projeto: servir a nossa gente, contribuindo para a qualidade de vida do cidadão, e essa formação é algo que vem de encontro à nossa premissa. Pretendemos, ainda esse ano, abrir quatro novas turmas, levando conhecimento e novas possibilidades para um grupo ainda maior”, conta.

Inclusão produtiva é prioridade

O programa Estamos Juntos está entre as principais estratégias da Prefeitura no pacote de novas ações para a população em situação de rua. Ele foi criado em 2019 e tem como objetivo promover a autonomia econômicadessas pessoas, por meio da qualificação socioprofissionale da inserção no mercado de trabalho, do incentivo ao empreendedorismo e à economia popular solidária. Atualmente em fase de reformulação, o programa tem como meta retirar até 1,6 mil pessoas das ruas por meio de novas oportunidades de trabalho e geração de renda, em um período de 18 meses.

"É importante destacar que esse é um projeto intersetorial, dentro de uma das prioridades colocadas pelo Prefeito para essa gestão, que é criar oportunidades para as pessoas mais vulneráveis. O desenvolvimento econômico passa essencialmente pela cidadania, pela geração de empregos e também pela sustentabilidade. Para desenvolvermos a cidade, temos que caminhar com esses três pilares juntos. Portanto, eu agradeço muito pela parceria que construímos entre as pastas e também com os empresários da iniciativa privada, presentes aqui hoje, e que serão fundamentais para reinserirmos essas pessoas no mercado de trabalho", celebra Fernando Motta, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico.

O evento de certificação contou as presenças de representantes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e das empresas Dtronic, Genyxe do Grupo Celo 4 | 

Verden, que abriram as portas aos alunos certificados para oportunidades de estágio e trabalho no setor.