30 November 2020 -
No mês de conscientização sobre a saúde do homem, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do programa Movimenta PBH, promoveu encontro com especialistas para tratar sobre o tema. A palestra virtual voltada aos servidores e colaboradores municipais aconteceu na terça-feira, dia 24.
“Uma discussão rica e interessante. Tivemos uma tarde de muita troca de conhecimentos sobre temas tão importantes e que devem ser compartilhados. Os palestrantes possuem vasto currículo na área e foram brilhantes em suas explanações”, disse Lígia Rache, gerente de Gestão do Desenvolvimento da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão.
O encontro teve a mediação das médicas Ana Cândida Bracarense e Ludmilla Dornelas – referências técnicas da Coordenação de Atenção Integral à Saúde do Adulto e Idoso.
O envelhecimento saudável foi tema da palestra de Karla Giacomin, médica geriatra da Secretaria Municipal de Saúde desde 1999, onde atua na coordenação da Atenção à Saúde do Idoso.
Segundo a médica, a saúde do homem ainda depende muito da atuação da mulher. Às vezes, eles só procuram atendimento médico se for induzido pela esposa ou filha. “Eles têm que aprender a lidar com o processo de envelhecimento numa cultura que valoriza a produção e a juventude. Então há o preconceito sobre a velhice”, disse a especialista.
Ela conta que pacientes do sexo masculino têm medo de conversar sobre saúde e muitos não procuram atendimento médico e, quando procuram, não costumam seguir os tratamentos recomendados.
“Estão mais expostos aos acidentes de trânsito e trabalho, utilizam álcool e outras drogas em maior quantidade e estão envolvidos na maioria das situações de violência. Com o envelhecimento, aparecem as doenças de próstata, andropausa, hipertensão, diabetes e osteoporose. Setenta e cinco por cento dos homens terão aumento da próstata e, de cada seis, um terá este câncer. Este, se for detectado no início, tem 95% de cura. Para evitar doenças ou a baixa hormonal, o homem deve praticar atividade física, ter uma alimentação saudável, controlar as doenças crônicas, não fumar e beber com moderação”, explicou Karla.
“Por que temos pouca participação dos homens quando falamos sobre o câncer de próstata?”, perguntou Paulo Henrique Jelihovschi, psicólogo especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Sua palestra teve como tema os tabus e a importância do protagonismo do homem na sua saúde. “Temos que quebrar este estereótipo do homem forte, musculoso, machão. Ele precisa se cuidar para envelhecer com saúde e dignidade. O tabagismo, a obesidade e as doenças sexualmente transmissíveis podem estar ligados ao maior risco de desenvolvimento do câncer de próstata. Os homens devem começar a fazer os exames preventivos a partir de 50 anos. Temos que vencer os tabus em relação ao exame de próstata, como se ele fosse relacionado à homossexualidade ou a comportamentos femininos”, ressaltou Paulo.
“A Teoria U fala sobre como funciona o processo de mudança e transformação interna da pessoa. Devemos manter a cabeça aberta para evitar julgamentos, deixar o coração aberto para vencer os preconceitos e ter a vontade aberta, para vencermos nossos medos. Se a pessoa tem medo ou acha que o exame vai agredir sua masculinidade, meu conselho é: faça o exame. Ninguém muda sua orientação sexual ou tem algum problema de saúde devido ao exame de próstata. Temos que deixar os comportamentos antigos e deixar vir os novos hábitos, principalmente em relação à saúde”, enfatizou.
José Tarcísio é médico do Trabalho e coordenador de Saúde do Trabalhador do SUS BH. Ele ministrou palestra sobre “Violência no Trabalho”. “Há o mito da invulnerabilidade do homem. Lidei, por muito tempo, em ambientes de trabalho com maioria masculina e acho que devemos abordar estas questões da saúde em nosso atendimento regular, de maneira a alertar aos homens sobre os cuidados que devem tomar. Sempre existiu violência no trabalho, seja ela dissimulada ou psicológica”.
O encontro teve a parceria da Secretaria Municipal da Saúde e da Unimed-BH.