11 November 2022 -
A Prefeitura de Belo Horizonte realizou, nessa quinta-feira (10), um encontro de capacitação para gestores que irão atuar no Projeto Respeita a Minha História, voltado para o enfrentamento à violência contra jovens que vivem em áreas de alto índice de vulnerabilidade social do Barreiro. A iniciativa, que visa também combater a violência contra a mulher residente naquela região, está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Macunaíma e tem como foco o Território B4, composto pelos bairros Alto das Antenas, Araguaia, Brasil Industrial, Cardoso, Urucuia, Corumbiara, Esperança, Flávio de Oliveira, Flávio Marques Lisboa, Miramar, Novo Santa Cecília, Pongelupe, Serra do Curral, Solar do Barreiro e Vila Cemig.
A reunião fez parte de uma série de três encontros, que acontecerão ao longo deste mês de novembro, sempre às quintas-feiras, na Escola Municipal Polo de Educação Integrada (EM Poeint), no bairro Flávio Marques Lisboa, no Barreiro, das 18h às 21h. As palestras são conduzidas pela equipe do Instituto Macunaíma, que tem sede no próprio território, em parceria com a Diretoria de Prevenção à Criminalidade (Dcri) da Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção (SMSP). Outra turma está se reunindo com o mesmo objetivo, às terças-feiras, no Parque Ecológico Roberto Burle Marx, mais conhecido como Parque das Águas, no bairro Flávio Marques Lisboa. Todos os integrantes receberão um certificado pela participação, ao final da capacitação.
O mês de julho marcou o início da etapa de elaboração do Diagnóstico Local do Território B4, feito a partir da coleta e análise dos dados, da escuta, da reflexão e da troca de experiências com personalidades que possibilitaram conhecer as especificidades da comunidade. Tais dados servirão de base para a elaboração do Plano de Prevenção à Violência Local, com o planejamento de prevenção e de redução das violências contra adolescentes e mulheres, tendo como público prioritário os jovens da faixa etária de 12 a 29 anos e as mulheres moradoras da área.
Resgate histórico
A realização de uma pesquisa histórica sobre a região, feita com o objetivo de conhecer os caminhos percorridos pelos moradores até chegar à atual realidade, serviu de ponto de partida para a viabilização do Projeto Respeita a Minha História. Tal levantamento consistiu em pesquisas bibliográficas e foi complementado pelo contato com pessoas que foram importantes na construção, formação e estruturação dos bairros abrangidos pelo projeto. O objetivo é utilizar tais levantamentos para construir um Plano de Prevenção à Violência Local que coloque os moradores como protagonistas da transformação, criando uma sensação de pertencimento e de apropriação do território, valorizando as lutas e conquistas da comunidade.
A compilação das informações relacionadas às demandas e necessidades da população local, em contrapartida ao levantamento da oferta de serviços públicos e das diversas organizações da sociedade civil existentes ali, possibilitará uma reflexão sobre a realidade socioeconômica do território B4. Dados sobre a violência e suas causas, bem como sobre os fatores de risco existentes naquela área, também serão apurados para que, ao final, todas as informações possam ser estruturadas e empregadas na construção do Plano Local de Proteção.
Na prática, o projeto deverá resultar na oferta de oficinas educativas para adolescentes e jovens, voltadas para a ampliação de oportunidades e que promovam a retomada de vínculo e reinserção escolar, bem como a inclusão produtiva pela economia criativa (abrindo possibilidades no campo de trabalho, envolvendo a tecnologia e a prestação de serviços), a ainda a prevenção à gravidez precoce e sem planejamento e o enfretamento ao trabalho infantil no tráfico e de superação ao uso abusivo do álcool e de outras drogas.
Oficinas culturais de break dance, passinho e danças urbanas, de escrita criativa e de poesia, de grafite, artes visuais e ainda de basquete de rua também fazem parte da lista de opções a ser oferecida para os jovens. Já para as mulheres, a ideia é disponibilizar oficinas de empreendedorismo feminino, como a produção de artesanato ou na área de estética, com técnicas de salão voltadas para a cultura negra, de tranças e dreads e de maquiagem para a pele negra.
A oferta de acompanhamento e orientação aos jovens em situação de risco, sinalizando situações que necessitem de intervenção, bem como a implantação de grupos de mediação de conflitos para a prevenção ao risco de violência doméstica, de gênero, racial e sexual também deverão constar obrigatoriamente no plano.