A Prefeitura de Belo Horizonte inaugurou nesta quinta-feira, dia 10, o Jardim de Chuva do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. A iniciativa teve investimento do governo alemão de 50 mil euros e é um dos projetos demonstrativos do INTERACT-Bio, com coordenação do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade - e apoio da PBH. Trata-se de uma ferramenta importante para a prevenção de alagamentos e enchentes nas cidades, além da restauração dos recursos hídricos. 

Os jardins de chuva são estruturas que contribuem para a captação de chuva, criando espaços de armazenamento que facilitam sua infiltração no solo e ajudam na recarga do lençol freático. Estas estruturas recebem o escoamento de água e acumulam os excessos, formando poças que se infiltram gradualmente no solo, auxiliando o sistema de drenagem a trabalhar dentro de sua capacidade mesmo durante os picos de precipitação. Também chamados de Sistema de Biorretenção, os jardins utilizam a atividade biológica de plantas e microorganismos para remover os poluentes das águas pluviais, contribuindo para a infiltração e retenção da água de chuva. 

A região metropolitana de Belo Horizonte é uma das três selecionadas no Brasil para a execução do projeto – em conjunto com Londrina e Campinas. Além do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, o segundo local de implantação dos jardins de chuva na Região Metropolitana é a Praça Presidente Tancredo Neves, em Contagem. Em nível global, Índia e Tanzânia também participam do INTERACT-Bio. O projeto visa integrar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos ao planejamento urbano, à gestão territorial e aos projetos de infraestrutura urbana. 

Durante o evento, o secretário de Meio Ambiente Mário Werneck comemorou a iniciativa, que contou com destinação de compensação ambiental de R$ 36.151,20 do município. Na oportunidade, ele destacou a importância da ação para a prevenção aos problemas urbanos nos períodos chuvosos. “Este é um exemplo significativo da busca por alternativas eficientes e inovadoras para a qualidade de vida da nossa comunidade. As chuvas são um problema que assola toda a Região Metropolitana, sobretudo nessa época do ano. Convivendo com esse panorama, é preciso pensar em soluções sustentáveis que ajudem a resolver essa problemática, como é o caso da implantação de jardins de chuva”. 

O superintendente da Sudecap, Henrique de Castilho Marques de Sousa, reforçou a fala do secretário ressaltando que “assim como as grandes obras de infraestrutura que são desenvolvidas, esta estratégia é uma das ideias de futuro que ajudam o município a solucionar os problemas climáticos em espaços urbanos”. 

A inauguração contou ainda com a presença da diretora-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Mila Corrêa; do secretário de Desenvolvimento Econômico, Claudio Beato; do subsecretário de Planejamento Urbano José Júlio e do presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte, Sérgio Augusto Domingues. 

O presidente da Fundação de Parques explico, sob o ponto de vista ambiental, como ações iguais a esta são capazes de complementar os serviços de drenagem nas épocas de chuva. “Trata-se de um importante experimento que viabiliza soluções baseadas na natureza. A ideia é que ele, assim como outros mecanismos, complemente as intervenções de macrodrenagem, auxiliando para que a cidade seja mais resiliente aos eventos extremos relacionados às mudanças climáticas. Estamos buscando entender melhor seu funcionamento, através das medições de eficiência, e aspectos relacionados a sua manutenção e, principalmente, sua viabilidade orçamentária. A partir daí, teremos elementos para desenvolver uma expertise e ampliar essa iniciativa em toda BH. Possibilitar, inclusive, que esse dispositivo seja incorporado às condicionantes ambientais e que não só o poder público, mas também a iniciativa privada o utilize como forma de melhorarmos a drenagem pluvial em toda cidade”, explicou. 

Representando o ICLEI, o secretário Rodrigo Perpétuo assinou o termo de Doação do Jardim de Chuva, reforçando o compromisso - como rede global com mais de 2,5 mil governos locais e regionais - com o desenvolvimento urbano sustentável. “O nosso trabalho consiste em, juntos, oferecermos possibilidades para as  mudanças sistêmicas em prol da sustentabilidade urbana. Desta forma, o ICLEI vive se reinventando para além de acompanhar mudanças positivas e sustentáveis no meio urbano, apontar caminhos para esta transformação”, concluiu.