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Mão com barra de metal e chocalho próximos à estandarte com pintura de Nossa Senhora com o menino Jesus.
Foto: Ricardo Laf/PBH

Prefeitura anuncia os vencedores do 3º Prêmio Mestre da Cultura Popular de BH

criado em - atualizado em

Os vencedores do 3º Prêmio Mestres da Cultura Popular de Belo Horizonte serão premiados neste sábado, dia 23 de novembro, às 9h, durante cerimônia no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado (rua Min. Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã). 

 

Os vencedores são: Mametu Muiande Keuamaze (Efigênia Maria da Conceição), mestra da cultura e tradição de matriz africana e matriarca do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango; Nelson Pereira da Silva, Capitão-mestre da Irmandade Os Carolinos; e Paulino Caldeira Barros, mestre da medicina popular na região de Venda Nova. O Prêmio também presta uma homenagem póstuma a Wanda de Oliveira – Dona Wanda (in memoriam), que foi matriarca, parteira e benzedeira na Comunidade Quilombola de Mangueiras.

 

Promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, a premiação tem a finalidade de reconhecer, valorizar e divulgar a atuação dos mestres e mestras da cultura popular, responsáveis pela transmissão e perpetuação de saberes, celebrações e formas de expressão que compõem o patrimônio cultural imaterial da capital mineira.

 

Com o Prêmio Mestres da Cultura Popular de Belo Horizonte, a Prefeitura de Belo Horizonte busca identificar e salvaguardar saberes, celebrações e formas de expressão portadoras de referências à identidade, à história e à memória de determinados grupos formadores da sociedade belo-horizontina.

 

“As respostas podem ser universais, mas os caminhos que conduzem a elas são próprios de cada povo. Os saberes tradicionais estão vivos e atuantes na medula do Brasil, mesmo que sejam desconhecidos na sua superfície. O mundo de hoje carece, mais que nunca, de saberes, saberes no plural”, afirma Juca Ferreira, Secretário Municipal de Cultura.

 

A presidenta da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin, ressalta a importância do reconhecimento dos saberes tradicionais. “A valorização e reconhecimento destes guardiões de saberes e fazeres é uma forma de salvaguardar o patrimônio imaterial da cidade e contribuir para a continuidade de práticas e celebrações que fazem parte da história de Belo Horizonte”, destaca a presidenta.

 

Nesta terceira edição, concorreram à premiação 47 candidatos com idade igual ou superior a 50 anos, atuantes em Belo Horizonte há pelo menos 10 anos e reconhecidos em suas comunidades como detentores do conhecimento indispensável à transmissão de saber, celebração ou forma de expressão tradicional.

 

Os três vencedores receberão um prêmio de R$ 15 mil, além de placa alusiva ao título de “Mestre da Cultura Popular de Belo Horizonte”.

 

 

Sobre os vencedores:

 

Mametu Muiande Keuamaze – Efigênia Maria da Conceição

 

Nascida em 2 de janeiro de 1946, Mametu Muiande é mestra da cultura e tradição de matriz africana. É também a matriarca do quilombo Manzo Ngunzo Kaiango e zeladora (sacerdotisa) do Terreiro desta comunidade quilombola que foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte, em 2018. Seus saberes tornaram-se referência também em outras Casas de Tradição, ultrapassando os limites territoriais do quilombo. Mãe Efigênia é uma das maiores referências da tradição Angola de Minas Gerais, tendo raízes no Jeje e no Bantu.

 

 

Nelson Pereira da Silva

 

Nascido em 28 de março de 1955, Nelson Pereira da Silva é Capitão-mestre da Irmandade Os Carolinos (Guarda de Moçambique e Congo Sagrado Coração de Jesus). Desde os 7 anos de idade, Nelson Pereira atua nos festejos e celebrações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Seu bisavô, Francisco Carolino, conhecido como Chico Calu, foi o fundador, em 1917, da comunidade dos Carolinos, localizada no bairro Aparecida, em Belo Horizonte. Há mais de 100 anos, os descendentes de Chico Calu mantêm a tradição afro-mineira compartilhando seus saberes por meio da oralidade e vivência em comunidade. Nelson Pereira é o capitão mais velho da Irmandade, apontado pelos seus pares como um dos detentores do “mistério”, conhecimentos sagrados e ancestrais que são transmitidos somente aos iniciados. Nelson é um dos únicos homens que mantém viva a tradição de benzeção na capital mineira.

 

 

Paulino Caldeira Barros

 

Nascido em 10 de dezembro de 1946, Paulino Caldeira é um mestre da medicina popular. Ele lida com plantas desde os 6 anos de idade na horta e jardim da casa de sua mãe.  Sua avó, neta de indígenas, era curandeira, benzedeira e parteira, sendo ela sua maior professora e inspiração para a continuidade dos estudos a respeito do uso das plantas para a cura.

 

Tendo a Região de Venda Nova como referência de seu ofício, Paulino Caldeira ministra oficinas e cursos sobre ervas e raízes em várias localidades da cidade. Nos últimos 20 anos, o mestre palestrou em mais de 30 cursos na área, sendo responsável por conciliar conhecimentos farmacêuticos, botânicos, químicos e agrônomos. Além disso, foi fundador do Millefolium, um grupo de estudos e formação no uso de plantas medicinais, que se reúne no Centro de Referência da Cultura Popular Tradicional e Parque Lagoa do Nado, em Belo Horizonte.

 

 

Homenagem póstuma - Wanda de Oliveira – Dona Wanda (in memoriam)

 

Dona Wanda, nascida em 24 de julho de 1942, exercia os ofícios de parteira e de benzedeira na Comunidade Quilombola de Mangueiras desde 1967. Era conhecedora dos usos sagrados das folhas na tradição candomblecista, cozinheira e contadora de histórias, além de exercer outras funções na sua comunidade. Foi matriarca do Quilombo de Mangueiras até o seu falecimento (em 26 de agosto de 2019), aos 77 anos, no decorrer deste Prêmio.

 

Por meio de seu grande saber sobre o Sagrado de matriz africana era conhecida pela capacidade de realizar rezas e rituais de curas, sanando males e devolvendo a paz de espírito àqueles que a procuravam. Dona Wanda aprendeu o ofício de parteira com sua mãe, a quem a Mestre auxiliava.

 

 

Edições anteriores do prêmio

 

A primeira edição do Prêmio Mestres da Cultura Popular aconteceu em 2014 e contemplou Dona Isabel, Rainha do Congado de Minas Gerais, o Mestre Conga (José Luís Lourenço), sambista, e Dalila Fabrini, benzedeira (in memoriam). No ano seguinte, a segunda edição premiou Tia Zilda, fundadora da Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário do Bairro Aparecida, o Mestre Cavalieri, mestre de capoeira, e a Dona Fininha, benzedeira do bairro Novo Glória (in memoriam).