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PBH lança catálogo da exposição Camará, da 9ª edição do Programa Bolsa Pampulha
Viaduto das Artes

PBH lança catálogo da exposição Camará, da 9ª edição do Programa Bolsa Pampulha

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Resultado da experiência da residência artística e da exposição 9ª Bolsa Pampulha: Camará, que tem na essência o esforço coletivo nas inúmeras parcerias, diálogos e confluências, será lançado neste domingo (23), das 11h às 13h, o catálogo da exposição no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH. A publicação convida o leitor a adentrar esse universo criativo e a estabelecer conexões com as obras e os artistas, que, por meio das práticas, oferecem novas perspectivas e narrativas. Sob curadoria de Juliana Gontijo (RJ) e Pollyana Quintella (RJ), a edição contemplou 11 bolsistas, sendo dez artistas: Ana Raylander Mártis dos Anjos, André Felipe Cardoso, Anti Ribeiro, Dyana Santos, Érica Storer, Gilson Plano, Rafael Prado, Val Souza, Wisrah C. V. da R. Celestino e Yanaki Herrera, que desenvolveram projetos com ênfase em seus processos artísticos, e uma bolsista com ênfase em pesquisa curatorial, Luíza Marcolino.

 

Um dos marcos da edição foi a parceria inédita do Centro Cultural Banco do Brasil, que recebe a mostra composta por pinturas, instalações, vídeos, esculturas e objetos até 24 de fevereiro nas Galerias do andar térreo. Os ingressos gratuitos para o evento no próximo domingo e que dão direito ao exemplar poderão ser retirados exclusivamente na bilheteria física, uma hora antes do evento (sujeito à lotação).

 

A atividade é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Viaduto das Artes e apoio do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH.

 

O programa de residência artística Bolsa Pampulha, na 9ª edição, reafirma que o Museu de Arte da Pampulha (MAP) sempre esteve vocacionado para a arte de seu tempo e atento às dinâmicas e inovações dos movimentos artísticos tanto locais quanto nacionais. Em parceria com o Viaduto das Artes, o programa promoveu uma descentralização das atividades culturais, aproximando o público da arte e reforçando o papel da cidade como um espaço democrático para a produção artística.

 

Reconhecido como uma das primeiras residências artísticas do Brasil, o Bolsa Pampulha tem se consolidado ao longo dos anos não apenas como um espaço de apoio à prática artística, mas também como um centro de reflexão e influência sobre o pensamento da arte contemporânea no país. Ao longo de duas décadas de existência, o programa tem incentivado práticas artísticas inovadoras, promovendo a troca de saberes e ampliando as possibilidades de experimentação na arte contemporânea.

 

A secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, ressalta que “este registro é também um compromisso do Museu de Arte da Pampulha com a valorização da memória e da arte como patrimônio cultural universal, enquanto se projeta no futuro, fortalecendo o papel dos museus como centros vivos de produção cultural. Que essa experiência inspire reflexões, desperte sensibilidades e amplie as possibilidades de encontro entre arte, sociedade e memória”.

 

Bernardo Correia, presidente da Fundação Municipal de Cultura, reforça que a exposição reflete a diversidade das linguagens e abordagens artísticas contemporâneas, transitando entre pintura, escultura, instalação e vídeo. “Cada obra apresentada é uma investigação individual, que se conecta a uma trama ampla, formando uma rede de narrativas e afetos que compõem o tecido cultural do Brasil. Essa convergência entre o pessoal e o coletivo reafirma o Bolsa Pampulha como um espaço de experimentação, diálogo e estímulo à livre criação”, afirma.

 

Um convite à memória - De abril a outubro de 2024, onze bolsistas das cinco regiões do Brasil puderam desdobrar suas pesquisas em diálogo com a cidade e seus interlocutores, apostando numa experimentação menos pautada pelas ansiedades do mercado. Definido pela diversidade de práticas e metodologias, o grupo aborda questões caras ao presente. Os trabalhos apresentados na exposição final do programa revelam uma trama de histórias pessoais e coletivas; o gosto em se debruçar sobre arquivos, memórias e modos de construção de narrativas; a disputa por ideias de terra e território, imaginário e cultura populares; a aposta na ficção e nos encantamentos como ferramenta para transformar o mundo; e ainda o desejo de discutir o papel do trabalho e das instituições.

 

A curadora Juliana Gontijo explica como a canção de Gilberto Gil o “paraboli-camará” inspirou o processo expositivo por evocar ainda a interconexão que surge com os novos meios de comunicação, trazendo o longe para perto. “Hoje, qualquer programa de residência presencial lida com as dimensões do mundo, sobretudo no caso de um país de escala continental. As distâncias se encurtaram, as trocas se intensificaram e a vida se acelerou – talvez até demais. Eis a dor e a delícia. No entanto, há um tempo que nunca passa, um tempo que se torna presente sempre que ressoa o berimbau”, afirma. Já a curadora Pollyana Quintella relembra o tempo vivido no processo da residência: “junto com as distâncias percorridas nas trajetórias de pesquisa das/os artistas se manifestam no aqui e agora através da leitura deste catálogo”.

 

No catálogo será possível ver trabalhos que contam e escavam histórias da cidade, das lutas ambientais, da incidência de raios, dos fluxos que cruzam as novas formatações de trabalho e controle, de processos conceituais e modos de vida, das maternidades, dos patrimônios imateriais e manifestações de fé e tantas outras. Para Froiid, integrante da equipe curatorial junto com Lucas menezes, “em um campo que une o simbólico e historiográfico, vejo que a residência funciona como um território híbrido e fecundo, em que todos esses conceitos se entrelaçam, se estranham e se atravessam para formar uma trama em crescimento escandente e, por que não, de novas transformações.”

 

Descentralizando a cultura - Descentralizar o fomento à arte contemporânea é uma das propostas desta edição do Bolsa Pampulha. A parceria com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Viaduto das Artes tem como objetivo ampliar esse caráter de democratização artística. O MAP, que aguarda o início das obras de restauro da sua sede, segue atuante também por meio do Bolsa Pampulha – que está em sua 9ª edição. Dessa forma, o programa confirma sua expansão pela cidade e mantém o Museu como importante ponto de diálogo e convergência. A parceria, portanto, indica o olhar dos artistas e do público para diferentes regiões da cidade. De um lado, a Pampulha, berço da arquitetura modernista no Brasil e cartão postal da cidade, é também a região que se situa o Museu de Arte da Pampulha, instituição com mais de 60 anos de existência, que possui um rico acervo de arte brasileira e que conserva a memória sobre as artes visuais de Belo Horizonte. De outro, o Barreiro, região importante da cidade, construída pelo esforço dos trabalhadores que moldaram a capital mineira, hoje responsável por 40% do PIB municipal. Localizado sob o Viaduto Engenheiro Andrade Pinto, no Barreiro, o Viaduto das Artes, OSC parceira nesta edição do Bolsa Pampulha, é um espaço multidisciplinar idealizado pelo artista mineiro Leandro Gabriel. Com galeria, biblioteca, ateliês, jardim de esculturas e áreas para atividades formativas e expositivas, o local transformou um espaço de passagem em um ponto de encontro cultural e de lazer para a comunidade. Para Leandro Gabriel, “a parceria entre esses dois polos representa um movimento de deslocamento simbólico do centro para as bordas, promovendo a democratização da arte”.

 

Camará: planta que abre os próprios caminhos – Camará, que dá nome à mostra, é uma planta nativa das Américas, de nome tupi-guarani, presente por todo Brasil. Reconhecida por sua resistência, esse pequeno arbusto de flores contrastadas foi uma das espécies adotadas por Roberto Burle Marx para compor inúmeros de seus jardins, dentre eles os do Conjunto Moderno da Pampulha. Por se propagar rapidamente, foi considerada uma espécie invasora de pastos e lavouras, mas suas impressionantes variedades cromáticas a tornaram uma opção acessível para fins ornamentais.

 

Identidade visual – No jardim, cada espécie é única, mas também é o todo. A identidade visual explora o eixo central de camará que dá origem a pequenas flores para representar a grandeza da edição que desafiou as fronteiras da cidade. Nas cores estão as paisagens naturais e as construídas. Na 9ª edição: Camará, o jardim também é terra, pedra, água e bicho

 

 

Sobre os artistas participantes

 

Ana Raylander Mártis dos Anjos

(Cafundó do mundo, 1995)

Procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história em projetos de longa duração. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais e intercâmbio em Arte e Multimédia pela Escola Superior Gallaecia, entende a atuação como um fazer interdisciplinar.

 

André Felipe Cardoso

(Minaçu - GO, 1997)

André Felipe Cardoso vive e trabalha no Quilombo Alto Santana, Goiás-GO. Desenvolve trabalhos que partem da reconfiguração de imagens e da intervenção sobre objetos e materiais descartados que coleta pelos caminhos de suas andanças, com foco nas memórias pessoais e coletivas, vínculos, pertencimentos e as mudanças das paisagens, tencionando assim limiares e reflexões sobre os territórios, a cultura popular, o cerrado e os fazeres vinculados às ruralidades e às práticas com a terra.

 

Anti Ribeiro

(São Cristóvão - SE, 1995)

Anti Ribeiro formou-se bacharel em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Pernambuco. Sua atuação costura, de modo indissociável, pesquisa, criação e educação nos campos sonoro e audiovisual. Como foco em ficções e produção de imaginários, a partir de provocações sensoriais e narrativas, sua produção artística tem enfoque no som como principal disparador de experiências. Suas composições e produções sônicas são muitas vezes trabalhadas como experiências expandidas em direção à instalação e à escultura.

 

Dyana Santos

(Belo Horizonte - MG, 1987)

Dyana Santos vive e trabalha entre as cidades de Contagem e Belo Horizonte. É habilitada em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, onde também integra o programa de pós-graduação. Em suas pesquisas, investiga os atravessamentos da colonialidade sobre suas vivências e as tecnologias e saberes ancestrais de existência. Aplica em chapas de aço e cobre as técnicas de metalurgia e técnicas têxteis, como o bordado, corte e costura – heranças afetivas dos ofícios de eletricista e de costureira exercidos por seus pais – e com frequência trabalha com as medidas anatômicas de seu corpo para desenvolver instalações, esculturas vestíveis e objetos.

 

 

 

Érica Storer

(Curitiba - PR, 1992)

Formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Paraná, Érica Storer é artista visual e educadora. Sua pesquisa poética transita entre a tradição da performance de longa duração, vídeo e instalação, como uma estratégia de criar ficções e constranger os acordos entre a ética neoliberal e o trabalho cognitivo contemporâneo.

 

Gilson Plano

(Goiânia - GO, 1988)

Gilson Plano vive e trabalha entre o Rio de Janeiro (RJ) e Goiânia (GO). Atua entre a produção artística, a educação e a gestão de programas de arte contemporânea. A partir da ideia de escultura, desenvolve pesquisa na intersecção de objetos, materiais, ações e narrativas. Investiga o imaginário sobre a forma e o pensamento sobre o Brasil, acompanhadas das ideias de peso, ficção e encantamento. As noções de estrutura e desaparecimento guiam suas esculturas e pesquisas. As relações entre espaços, histórias, construções e a coletividade, que transformam e pensam as dinâmicas não lineares do tempo, produzindo a partir do imaginário de esculturas públicas, imaginações construtivas e suas dinâmicas de permanência.

 

Luíza Marcolino

(Ipatinga - MG, 1990)

Luíza Marcolino é curadora e artista visual, graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente desenvolve o projeto “A Curadoria como Lugar de Artista”, no Programa de Pós-graduação em Arte da Universidade do Estado de Minas Gerais. Trabalha com escrita, curadoria e produção de exposições coletivas e individuais, físicas e virtuais desde 2019. Interessa-se sobretudo por propostas experimentais sob a forma de ocupação do espaço público ou institucional.

 

Rafael Prado

(Porto Velho - RO, 1989)

Rafael Prado cresceu em uma região onde a comunidade e a ecologia são profundamente afetadas pelo extrativismo ambiental. Vindo do norte do Brasil e da Amazônia, considera impossível pensar na natureza sem levar em conta as pessoas que a mantêm viva. Sua prática artística explora memórias culturais e encantarias amazônicas. Através de seres antropomorfos, representa a conexão entre pessoas, animais, árvores, rios e cachoeiras. Aproxima a fronteira entre o real e o fantástico, ressaltando a intrínseca linguagem da região Amazônica e a maneira local de perceber o mundo, contribuindo assim com a memória da sua cultura.

 

 

 

Val Souza

(São Paulo - SP, 1985)

Val Souza vive entre São Paulo e trânsitos da diáspora negra. Com a prática da performance, ações propositivas, fotografias, vídeos, objetos e instalações aborda símbolos e discursos que fundamentam o imaginário social brasileiro, contrapondo-o a práticas de retomada, abundância, autonomia e alegria. Trabalha a circulação de subjetividades por meio da contínua autoexposição de seu corpo e da produção de imagens de si. A artista se vale dos instrumentos da filosofia, mitologias e da crítica cultural para elaborar outras narrativas, conexões e leituras, com base em pesquisas iconográficas sobre a representação histórica de mulheres negras. Mestre em Dança pela UFBA (BA) e formada em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP.

 

Wisrah C. V. da R. Celestino

(Buritizeiro - MG, 1989)

Wisrah C. V. da R. Celestino é artista. Através de partitura, escultura, desenho, texto, fotografia, instalação, som e vídeo aborda as estruturas remanescentes do projeto colonial transatlântico, com foco na crítica institucional, na linguagem e na natureza do objeto.

 

Yanaki Herrera

(Cusco - Perú, 1995)

Yanaki Herrera é mãe e artista visual, graduanda em Artes Visuais pela UFMG, indígena em retomada Quéchua, nascida em Cusco, criada em Lima (Peru) e, atualmente, é imigrante no Brasil. Sua pesquisa artística é voltada às infâncias e à maternidade. Através da pintura e do uso de diversas técnicas sobre latão, cria narrativas que conversam entre a ancestralidade e o presente como um lugar de potência, transformação e possibilidade anticolonial de existência.

 

Sobre o Programa Bolsa Pampulha – O Bolsa Pampulha é um programa consolidado de arte contemporânea e se apresenta como uma das primeiras residências artísticas do Brasil. Sua origem remonta ao Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte, realizado desde 1937. A partir de 2003, passa por uma reformulação e ganha o formato atual, de forma a evidenciar e dialogar com as oportunidades da arte e da cultura contemporâneas. Enquanto política pública de cultura, o Bolsa Pampulha confere visibilidade à trajetória de relevantes nomes das artes visuais brasileiras que passaram pelas residências do programa, como Cinthia Marcelle, Paulo Nazareth, Marilá Dardot, Desali, Janaína Wagner, Rafael RG, Marcellvs L, Luana Vitra, Froiid, dentre outros.

 

Museu de Arte da Pampulha – Inaugurado em 1957, o Museu de Arte da Pampulha – MAP exerce um relevante papel na formação, no desenvolvimento e na consolidação do ambiente artístico e cultural de Belo Horizonte. Seu acervo conta com importantes obras e documentos que permitem revisitar a história da arte moderna e contemporânea brasileira, com especial destaque para o seu edifício-sede. O prédio, projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940, é uma referência icônica para a arquitetura moderna brasileira e um dos mais representativos cartões-postais de Belo Horizonte. Desde 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

 

Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

Serviço

Lançamento do catálogo da Exposição “9ª Bolsa Pampulha: Camará”

Data: domingo (23)

Horário: das 11h às 13h

Local: Foyer do Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH

Praça da Liberdade, 450 - Funcionários, Belo Horizonte - MG    

Ingressos gratuitos disponíveis exclusivamente na bilheteria física uma hora antes do evento (sujeito à lotação)

Classificação indicativa: Livre

 

Exposição “9ª Bolsa Pampulha: Camará”

Data: até 24 de fevereiro

Local: Galerias do Térreo do Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH

Praça da Liberdade, 450 - Funcionários, Belo Horizonte - MG    

Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 22h

Ingressos gratuitos: disponíveis na bilheteria física ou pelo site ccbb.com.br/bh

Classificação indicativa: Livre