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PBH inaugura exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos” no Museu Abílio Barreto
Foto: Ricardo Laf

PBH inaugura exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos” no Museu Abílio Barreto

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Pensar a formação de Belo Horizonte para além do projeto de seu plano original de construção é uma das propostas da nova exposição de longa duração do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), intitulada “Belo Horizonte Fora dos Planos”, que tem curadoria dos historiadores Carolina Marotta Capanema e Raphael Rajão Ribeiro. Essa é uma oportunidade de conhecer o acervo do museu que celebra, em 2023, 80 anos. A inauguração da exposição acontece nesta sexta-feira (14), às 17h30, abrindo também a programação da 8ª edição do “Noturno nos Museus”, projeto que oferece novas formas de vivência nos museus da cidade e aproxima a população dessas importantes instituições culturais, por meio de uma diversa programação cultural em horários estendidos das 17h30 às 23h. A mostra “Belo Horizonte Fora dos Planos” é realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, e pode ser visitada gratuitamente de quarta-feira a domingo, das 10h às 18h.

 

A exposição propõe olhar a história do município a partir de um ponto de vista diferenciado, para além do mito da nova capital como cidade planejada, propondo uma reflexão sobre as formas de vida que foram “apagadas” ao longo da história, a exemplo de resquícios do Arraial do Curral Del Rei ou elementos naturais como riachos e córregos removidos da paisagem ao longo dos anos. Estão em exposição registros de um cotidiano que sobreviveu ao processo de construção da nova capital de Minas Gerais, como artefatos originados em fazendas e povoados que existiam nesse território, ferramentas de trabalho e mobiliário. A exposição trata, ainda, da formação de Belo Horizonte como resultado do esforço de seus vários habitantes, como uma obra coletiva, uma transformação do espaço realizada por pessoas, mas também por elementos naturais: córregos, rochas, solo, animais e vegetação.

 

A secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destaca a importância das reflexões propostas pela curadoria. “‘Belo Horizonte Fora dos Planos’ vai além da história que usualmente conhecemos. Ela evidencia a pluralidade dinâmica de uma cidade construída coletivamente, que busca ser cada vez mais moderna, inclusiva e democrática, sem perder suas identidades e raízes históricas. É momento de celebrar o MHAB em seus 80 anos preservando e difundindo a memória da nossa cidade. Um dos mais ativos museus da cidade, com amplo programa educativo, o MHAB faz parte da nossa história, fala muito de nós e por isso está tão presente nos afetos dos que vivem em Belo Horizonte”.

 

A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, ressalta que a atração é um dos destaques da programação do Noturno nos Museus, que visa a democratização, valorização e ampliação do acesso aos espaços museológicos da cidade. “A celebração dos 80 anos do Museu Histórico Abílio Barreto é simbólica dentro da programação do Noturno nos Museus, visto que trata-se do primeiro Museu da capital com a missão de preservar a memória da cidade. A exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos'' é uma reflexão crítica sobre o cotidiano de uma cidade que foi planejada, mas que nem sempre foi inclusiva”, afirma.

 

“Belo Horizonte Fora dos Planos” reúne exclusivamente itens raros que integram o acervo do Museu Histórico Abílio Barreto, como documentos, mobiliários, ferramentas, imagens, entre outros. O Museu dedica-se à história, à pesquisa, à produção e à difusão do conhecimento sobre Belo Horizonte e tem atuação ininterrupta desde sua criação.

 

Itens Raros do Acervo

 

Entre os destaques, logo na entrada da exposição, está a Planta topográfica da Cidade de Minas, no tamanho de 2,0m x 1,40m. Trata-se do documento original concebido pela Comissão Construtora da Nova Capital, datado de 1859. Entre 1894 e 1897, um grupo de técnicos estudou o arraial do Curral Del Rei, já rebatizado como Arraial de Belo Horizonte e que deu lugar à nova cidade. O plano indicava a construção de uma capital ordenada segundo ideais do regime republicano, com a divisão das classes sociais e o controle da natureza.

 

Na exposição também será possível conhecer outros itens que fazem parte do acervo do museu, como as urnas das pedras fundamentais dos edifícios do 1º Mercado Municipal, do prédio dos Correios e Telégrafos e do Teatro Municipal (depois Cine Metrópole). Essas peças foram resgatadas após demolição das edificações. Há também artefatos indígenas e outros objetos que se referem à história do território que abrigou o Arraial do Curral Del Rei e a nova capital. A exposição apresenta, ainda, documentação relacionada à formação do Museu, com informações sobre as doações feitas por cidadãos da cidade, evidenciando que um acervo é constituído por diversas mãos.

 

Os curadores, Carolina Marotta Capanema e Raphael Rajão Ribeiro, ressaltam a importância de revisitar a história do município trazendo essa perspectiva da construção coletiva da cidade, levando em consideração as resistências e o apagamento de construções, os trabalhadores que ergueram edifícios e avenidas, elementos naturais e modos de vida do Arraial do Curral Del Rei. "O plano de construção da cidade, de 1895, tornou-se a materialização do mito fundador da nova capital, escondendo seu passado, suas contradições, suas hierarquizações sociais e os limites do espaço urbano idealizado. Uma escolha que fez com que nossa história fosse contada, na maioria das vezes, somente pelo lado de quem planejou a cidade, de quem esteve à frente dos governos, ou próximo deles. Foram essas as pessoas valorizadas na construção da sua memória, nos livros de história e nos objetos preservados nos museus", destaca a curadoria.

 

Segundo os historiadores, essa é uma exposição  que convida os visitantes a perceberem Belo Horizonte como cidade vivida, uma criação que não para de mudar, o lugar onde dividimos histórias em comum, no qual compartilhamos problemas, lutas, frustrações e alegrias.

 

Acervo do MHAB

 

O acervo do MHAB é composto por cerca de 78 mil itens, divididos de acordo com os suportes: tridimensional, textual, iconográfico, bibliográfico e fotográfico. Esses objetos foram coletados ao longo dos anos, de acordo com as linhas de recolhimento estabelecidas por orientação dos gestores da instituição e, desde 2003, pela Comissão criada para pensar a ampliação dos objetos colecionados para o Museu.

 

Quando começou a ser reunido, em 1940, o acervo guardava objetos remanescentes do Arraial de Belo Horizonte, antigo Curral del Rei. Entre esses itens estão Relatórios da Comissão de Estudo das Localidades Indicadas para a Nova Capital, cadernetas de campo da Divisão de Estudos e Preparo do Solo da Comissão Construtora da Nova Capital - CCNC, projetos arquitetônicos e urbanísticos, pinturas representando o antigo arraial do Curral del Rei, recibos dos pagamentos das Obras, fotografias do antigo Arraial e da Nova Capital, uniformes da Guarda Nacional, busto da República dos Estados Unidos do Brasil e a locomotiva “Mariquinha”, entre outros. Dessa maneira, foram privilegiados documentos públicos, originados do mundo oficial. Os objetos históricos eram entendidos como relíquias ou provas autênticas do passado, com o objetivo de construir uma identidade para os habitantes da cidade.

 

Até meados dos anos de 1950, foram incluídos na coleção do MHAB oratórios, um crucifixo atribuído ao Mestre Piranga, relógios, equipamentos domésticos, entre outros. Entre 1993 e 2002, realizou-se o processo de “Revitalização do Museu”, com a adoção de novas metodologias de tratamento do acervo e novas aquisições. Em consequência disso, em 2003, foi instaurada a Comissão Permanente de Política de Acervo do Museu Histórico Abílio Barreto (CPPA), responsável pela avaliação da pertinência das doações e aprovação dos objetos a serem incorporados ao acervo.

 

A partir de então, foram recolhidos objetos que buscavam complementar as coleções existentes. Destaca-se o Coche de aluguel, a Cadeira do Cassino da Pampulha e Mobiliários domésticos, entre outros. Parte do acervo da instituição se encontra disposta nos jardins do MHAB, especialmente a Coleção Transporte - bonde, locomotiva, coche, elevador - bem como outros objetos de grande porte como as esculturas “banhistas” e “caridade”. No hall, é possível visitar uma prensa que pertenceu à Imprensa Oficial, transferida ao Museu pelo Governo do Estado de Minas Gerais em outubro de 1944.

 

80 anos do MHAB

 

Inaugurado em 1943, o Museu Histórico Abílio Barreto foi o primeiro museu de Belo Horizonte, criado por meio do Decreto 91, de 26 de maio de 1941, assinado pelo então prefeito Juscelino Kubitschek (1940-1945). Como Museu da cidade, o MHAB dedica-se à história de Belo Horizonte, contribui para fortalecer os laços de pertencimento identitário e estabelecer diálogo permanente para a construção coletiva das memórias locais.

 

Situado no bairro Cidade Jardim, seu conjunto arquitetônico compreende o Casarão secular construído em 1883, sede da antiga Fazenda do Leitão; o Edifício-sede, inaugurado em dezembro de 1998; o palco ao ar livre e os jardins concebidos como local de educação e lazer. Projeto dos arquitetos Álvaro Hardy (Veveco) e Mariza machado, o edifício sede abriga espaços expositivos, café/restautrante, auditório e reserva técnica. Na área externa, estão em exposição permanente os acervos de grande porte.

 

O Museu oferece aos visitantes exposições de longa, média e curta duração que retratam diferentes aspectos da história de Belo Horizonte, atividades de educação museal e atividades de difusão cultural, reafirmando seu papel como lugar de disseminação e valorização da produção cultural local. O Museu Histórico Abílio Barreto constitui, preserva, e pesquisa acervos históricos, toma a dinâmica urbana como objeto de investigação e promove o acesso do público aos bens culturais. Entre os destaques das exposições já realizadas no museu estão “Velhos Horizontes: um ensaio sobre a moradia do Curral Del Rei”, que foi a exposição que reabriu o Casarão após restauração e foi um símbolo da comemoração do centenário da cidade e da revitalização do MHAB, em 1997. Outra mostra de destaque é a “NDÊ! Trajetórias afro-brasileiras”, mais recente, que abordou a presença negra na cidade. O MHAB oferece de maneira democrática uma programação diversa com exposições, programações artísticas e programa educativo. Em 2022, o MHAB recebeu quase 3 mil estudantes em seu programa educativo e teve mais de 70 mil visitantes em suas exposições.

 

Programação MHAB 80 Anos

 

Além da exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos”, que abre as comemorações de 80 anos da instituição, compõem o calendário de celebrações programações diversas. Dentre elas, a inauguração da nova sala do setor Educativo do MHAB, no início do mês de agosto, e a inauguração da reestruturação do auditório do MHAB, no mês de setembro, que oferecerá programação artística cultural de maneira regular, e o início dos ciclos de palestras com temáticas associadas ao MHAB e sua história, que integram o seminário “MHAB: 80 Anos – Repensar Institucional”, previsto para novembro. Haverá ainda o lançamento do vídeo em libras “MHAB Mais Acessível” e da exposição virtual de “Belo Horizonte Fora dos Planos”, ao longo do segundo semestre de 2023.

 

Noturno Nos Museus

 

Um dos eventos de maior destaque do calendário cultural de Belo Horizonte, o “Noturno nos Museus” acontece no próximo dia 14 de julho (sexta-feira), das 17h30 às 23h, com abertura realizada no Museu Histórico Abílio Barreto junto com a mostra “Belo Horizonte Fora dos Planos”. Realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, o “Noturno nos Museus” tem por objetivo fomentar e intensificar a presença e a relação do público com os museus da cidade, além de criar oportunidades de visitas noturnas ampliando o horário de funcionamento das Instituições e oferecendo uma experiência fora do cotidiano dos equipamentos culturais. Participam do projeto 30 instituições, entre Museus, Centros de Referência e Centros de Memória de varias regiões da cidade, com uma ampla programação de atividades culturais, incluindo exposições com visitas especiais, apresentações musicais, de dança, literatura, performance, entre outras atrações. Toda a programação é gratuita (exceto atividades que contam com ingressos a preços populares) e está disponível on-line. O público terá transporte gratuito, com 21 vans e 1 micro-ônibus em percursos especiais, conectando as instituições participantes.

 

Serviço:

Exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos”

Abertura: 14 de julho de 2023 - Visitação de quarta a domingo, das 10h às 18h

Entrada Gratuita

Local: Museu Histórico Abílio Barreto – Avenida Prudente de Moraes, 202 – Cidade Jardim

Informação ao público: (31) 3277-8572 | mhab.fmc@pbh.gov.br / facebook.com/MuseuHistoricoAbilioBarreto.MHAB

 

Noturno nos Museus 2023

Data: dia 14 de julho, sexta-feira, das 17h30 às 23h

Instituições participantes: Museus e espaços culturais públicos e particulares de Belo Horizonte.

Entrada Gratuita

Programação completa do Noturno nos Museus: Portal Belo Horizonte