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PBH e Hospital das Clínicas oferecem aprendizado a pacientes de hemodiálise por meio da EJA
Divulgação/PBH

PBH e Hospital das Clínicas oferecem aprendizado a pacientes de hemodiálise por meio da EJA

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A Prefeitura de Belo Horizonte firmou parceria com o Hospital das Clínicas da UFMG para oferecer a oportunidade de retomada do ensino a 27 pacientes de hemodiálise que têm recebido acompanhamento pedagógico e materiais didáticos fornecidos pela Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RME-BH). As aulas tiveram início neste mês.

O HC-UFMG é o terceiro hospital da cidade a oferecer essa modalidade de ensino, com uma experiência que remonta a 2018, quando o Centro de Nefrologia do Hospital Evangélico de Venda Nova iniciou a parceria com a Prefeitura. Em 2024, o Hospital São Francisco também passou a integrar a Rede de Educação nos Hospitais, e em 2025 foi a vez do Hospital Evangélico da Avenida do Contorno, tornando-se a quarta unidade da cidade a apostar nesse modelo inovador de ensino.

Para Gislene Hudson, professora que atua nas turmas, o ambiente hospitalar exige uma flexibilidade no ritmo de aprendizagem, já que alguns pacientes, devido aos efeitos do tratamento, se sentem indispostos para a realização de exercícios mais intensos. “A receptividade tem sido muito positiva, e a presença de um ambiente educacional em meio ao tratamento tem trazido uma sensação de esperança para todos”, afirma a docente.

Sérgio Wagner Valentim, coordenador pedagógico das turmas de EJA no hospital, ressalta a transformação que essa oportunidade proporciona aos alunos. "Antes, os momentos de hemodiálise eram um período de angústia. Agora, com as aulas, o tempo passa de forma mais leve, e a aprendizagem traz uma renovação de esperança para os pacientes e seus acompanhantes", comenta. Segundo ele, o impacto vai além do ensino, pois se transforma em uma mudança de vida, com benefícios tanto para os estudantes quanto para os profissionais envolvidos no processo.

A assistente social do HC-UFMG, Juliana Keiko, explica que a iniciativa nasceu de um levantamento feito entre pacientes e acompanhantes, muitos dos quais tinham interrompido seus estudos por questões relacionadas à saúde. “Percebemos que recebíamos pessoas que não haviam concluído o Ensino Fundamental ou que nunca haviam aprendido a ler e escrever. Assim, mobilizamos aqueles interessados em retomar os estudos, e a parceria com a Secretaria Municipal de Educação esse projeto se concretizou”, conta.

Metodologia adaptada

As turmas são organizadas de forma a atender às necessidades dos alunos que, durante as sessões de hemodiálise, permanecem em tratamento por até quatro horas. A metodologia de ensino foi adaptada para esse contexto, levando em conta a saúde física e emocional dos participantes.

A aluna Geralda Alves, de 67 anos, compartilha a experiência transformadora de retornar à escola. "No início, eu não queria muito participar, mas depois de começar as aulas, foi gratificante. Eu me sentia vazia antes, e agora tenho algo para fazer, além de aprender, ocupar a mente e melhorar a autoestima", conta, emocionada.

A parceria entre o HC-UFMG e a Secretaria Municipal de Educação também promove a autonomia dos estudantes. Para Klaiza Cunha, professora da turma, a ação vai além da simples oferta de aulas. "Muitos alunos precisaram interromper os estudos devido à doença. Trazer a escola até eles, nesse momento difícil, garante que a educação continue, independentemente das adversidades. Isso é algo extraordinário", destaca.

A primeira certificação das turmas de EJA no Hospital das Clínicas está prevista para dezembro de 2025, com a conclusão do ciclo de formação. Esse ciclo, de acordo com a Rede Municipal de Educação, abrange entre 240 e 1.920 horas de carga horária, dependendo do percurso do aluno na EJA.