3 December 2025 -
A Prefeitura de Belo Horizonte promove neste sábado (6), das 8h30 às 18h, no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira - Cresan Mercado da Lagoinha (Rua Formiga, 140, Lagoinha), um dia comemorativo dedicado às expressões culturais das Irmandades e Guardas do Rosário. O encontro marca uma etapa decisiva no processo de reconhecimento dessas tradições como Patrimônio Cultural da Cidade, com a apresentação do Inventário Cultural e do Dossiê das Irmandades e Guardas do Rosário durante a reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH).
Os estudos que originam o Inventário e o Dossiê foram realizados pela Prefeitura entre maio de 2024 e outubro de 2025, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com a instituição AME Cultura e com as próprias comunidades do Rosário, sob coordenação da Diretoria do Patrimônio Cultura. A pesquisa traçou a trajetória das Irmandades e Guardas do Rosário, presentes na região desde o início do século XIX, ainda no Arraial do Curral Del Rey.
O estudo também abordou o Ciclo Festivo das Guardas, celebrado de maio a novembro pelas 38 em atividade na capital, que se visitam ao longo do período, fortalecendo laços afetivos e identitários. Além disso, destacou os espaços essenciais à preservação dessas práticas culturais, como as sedes das Guardas, compostas por cruzeiros, capelas dedicadas a santos de devoção e acervos simbólicos que incluem coroas, espadas, bastões, estandartes e tambores.
A pesquisa foi construída de forma colaborativa, contando com a consultoria de importantes lideranças das tradições do Rosário, como a Rainha Belinha (Isabel Casimira Gasparino), Mestra da Cultura Popular, Rainha do Congo de Minas Gerais e Rainha da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário; e o Capitão Geraldo Antônio da Silva, Mestre da Cultura Popular e Capitão Regente da Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário, do bairro Alto dos Pinheiros. Dez jovens das comunidades também participaram do processo de pesquisa, apoiando a organização de acervos, entrevistas e registros fotográficos dos festejos.
A atuação destes jovens ocorreu por de parceria com a Associação Cultural e Artística Ouro Negro, coordenado por Claudia Magno, implementando uma metodologia de encontros de formação - denominada de Ciclo Formativo das Irmandades do Rosário - nos quais os jovens discutiram sobre as noções e Patrimônio Cultural; aspectos técnicos de pesquisa, realizaram visitas técnicas ao Arquivo Público da Cidade e Museu Histórico Abílio Barreto explorando as possibilidades de fontes de pesquisa, bem como realizaram trabalho de campo nas Irmandades e Guardas.
Essa participação ampliada atendeu à demanda das próprias comunidades, que buscavam assegurar que o estudo reflita seus olhares, fortalecendo o protagonismo das Guardas e Irmandades do Rosário e estimulando o surgimento de novos pesquisadores oriundos dessas tradições.
Em junho de 2025, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu os Saberes do Rosário: Reinados, Congados e Congadas com Patrimônio Cultural do Brasil, como resultante de um processo de pesquisa que abarcou tradições dos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Neste sábado, o Inventário Cultural e o Dossiê de Registro colocam em destaque as trajetórias, memórias e particularidades das práticas culturais dos grupos da capital mineira, como o longo período do Ciclo Festivo formados diversos festejos que se estende ao longo do ano.
“O reconhecimento das Irmandades e Guardas do Rosário como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte reafirma o compromisso do município com a valorização de sua memória e com uma política cultural que coloca as tradições locais no centro das ações de preservação. Ao fortalecer nossos instrumentos de proteção, promoção e fomento, avançamos na construção de uma cidade que respeita, celebra e salvaguarda os saberes que moldam sua história e identidade”, destaca a Eliane Parreiras, secretária Municipal de Cultura.
Bárbara Bof, presidenta da Fundação Municipal de Cultura, ressalta que a medida reafirma a importância dessas tradições para Belo Horizonte. “As Irmandades e Guardas do Rosário são parte viva da história da cidade, guardiãs de uma herança que atravessa gerações e mantém pulsante a força das celebrações e da ancestralidade negra na cidade. Reconhecer suas expressões como patrimônio é celebrar as comunidades que, com devoção, arte e resistência, preservam tradições que ajudam a contar quem somos e fortalecem o sentimento de pertencimento entre os belo-horizontinos”.
Programação
A programação tem início com a recepção às Irmandades e Guardas a partir das 8h30, seguida da 124ª Reunião Extraordinária doCDPCM-BH, das 10h às 12h. Na pauta, a análise do Inventário e do Dossiê de Registro das expressões culturais das Irmandades e Guardas do Rosário de Belo Horizonte e a deliberação sobre seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Cidade.
Das 12h às 18h, o público poderá acompanhar o cortejo e a confraternização das Irmandades e Guardas, um momento de celebração, troca e reafirmação das tradições de matriz africana que integram de forma profunda a memória coletiva de Belo Horizonte.
Além de compartilhar os resultados do estudo, o evento apresenta ao público um panorama histórico dessas expressões culturais e a caracterização de seu ciclo festivo, indicado para Registro no Livro das Celebrações. A iniciativa se consolida como um espaço de reconhecimento, valorização e fortalecimento das Irmandades e Guardas do Rosário, destacando sua contribuição histórica, cultural e identitária para a capital.
O encontro reafirma o compromisso do município com a salvaguarda de seu patrimônio imaterial, promovendo o diálogo entre poder público, pesquisadores e os próprios detentores das tradições, de modo a garantir que suas memórias, práticas e saberes sejam preservados e transmitidos às futuras gerações.
Inventário
O Inventário Cultural e Dossiê de Registro Imaterial, que são os dois formatos de consolidação de pesquisa, se constituem como etapas importantes no processo de reconhecimento de um bem cultural como Patrimônio Cultural da Cidade. Eles serão submetidos a análise do CDPCM-BH para finalização do rito e sua validação. Com a pesquisa, busca-se fazer o levantamento detalhado sobre um bem cultural, com objetivo de identificar e compreender quais são os seus elementos constituidores, tais como: mestres e mestras; grupos e coletivos; celebrações; saberes; formas de expressões e lugares que são referências fundamentais para sua história e manutenção/continuidade de sua existência.
Com o estudo, evidencia-se também as formas de reprodução e transmissão e os elementos que representem riscos à sua existência, assim como ações necessárias à sua salvaguarda. É a partir destas informações que o CDPCM-BH deliberará sobre o título de Patrimônio Cultural a um bem cultural.
Serviço
Celebração às Irmandades e Guardas do Rosário - Reconhecimento como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte
Data: sábado (6), das 8h30 às 18h
Entrada gratuita
Local: Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira - Cresan - Mercado da Lagoinha (Rua Formiga, 140, Lagoinha)
