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FAN-BH 2017 celebra o protagonismo das mulheres negras

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A PBH, por meio da Fundação Municipal de Cultura,  realiza o Festival de Arte Negra – FAN-BH 2017 de 15 a 22 de outubro. O tema central desta edição é FAN Mulher, e a agenda do evento terá o protagonismo das mulheres negras como eixo central, com atrações artísticas e culturais que irão destacar o empoderamento da mulher negra em várias partes do mundo, com foco no continente africano, no Brasil e em Belo Horizonte.

 

No 9º FAN-BH, o público poderá conferir aproximadamente 100 atrações, entre elas artistas de renome nacional como Zezé Motta e Ellen Oléria. O evento também promove ações que marcaram as edições anteriores como o Ubuntu – Encontro da Diversidade Religiosa, o Ojá - Mercado de Trocas e Saberes e o Fanzinho com programação dedicada às crianças e adolescentes, além de exposições, rodas de conversa, apresentações de artes cênicas, mostras de cinema e literatura.

 

Para o Secretário de Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, o FAN-BH já é parte integrante da história artística desta cidade. “É o que facilmente se constata após mais de vinte anos de existência. Sua evolução rumo à reunião de várias manifestações de matriz africana e com tanta variedade é, por si só, uma exposição da riqueza cultural que nos rodeia nesta cidade, uma reafirmação de seu lugar no mundo afro-americano, mineiro e brasileiro”, completa.

 

Romulo Avelar, presidente da Fundação Municipal de Cultura, avalia o evento como imprescindível no cenário de Belo Horizonte. “O FAN não apenas coloca em foco expressões artísticas da cultura de matriz africana, como também suscita reflexões necessárias sobre sua presença e seu espaço na sociedade brasileira”.

 

No terceiro ano da a Década Internacional de Afrodescendentes instituída pela ONU e data em que se comemora os 120 anos de Belo Horizonte, as iniciativas culturais e políticas de valorização da cidade serão celebradas com atenção para a dimensão do gênero.


Considerado um dos mais importantes eventos do segmento fora do continente africano, o FAN-BH é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, e parceria cultural do Sesc e do Governo do Estado, por meio da Fundação Clóvis Salgado. As ações educativas são realizadas em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação (Smed).

 

A programação do festival pode ser conferida no site: www.fanbh.com.br.

 

Curadoria

Reforçando o protagonismo feminino-negro, a equipe curatorial conta com nomes de mulheres ligadas à produção cultural e à militância negra em Belo Horizonte. As curadoras do FAN-BH 2017 são: Carlandreia Ribeiro, atriz e dramaturga, com larga experiência na cena negra da cidade; Luciana Gomes (Dj Black Josie), DJ renomada da cena musical de BH, com formação em música erudita; Karu Torres, pesquisadora das artes e cultura negra, além de produtora de edições anteriores do FAN-BH.

 

Abertura oficial

Nesta edição, Joaquina Maria da Conceição da Lapinha, a primeira cantora lírica negra brasileira de que se tem registro, é a homenageada. De acordo com a curadora do FAN-BH, Luciana Gomes (Dj Black Josie), em 1795, Lapinha atuou, inclusive, fora do país em Portugal, na virada do século XVIII para o XIX. O contexto musical da época seguia a tradição romana e não permitia a participação de mulheres. A atuação de Joaquina ao interpretar compositores renomados, segundo a curadora, aparece em registros de jornais de Lisboa e Porto, e em relatos de 1795 até 1796, e impressiona.

 

“O negro não só participou da música colonial brasileira, ele foi protagonista. É neste contexto que homenageamos Lapinha. As mulheres não podiam cantar nos teatros, mas quando houve essa autorização, os negros estavam inseridos no processo e, ao que tudo indica, a primeira mulher em condições técnicas de se apresentar nestes locais foi justamente Joaquina Maria da Conceição”, conclui. Em sua homenagem, concertos serão realizados no Conservatório de Música da UFMG e no Museu de Arte da Pampulha.

 

Em diálogo com a trajetória de Lapinha e destacando a contribuição do povo negro na música erudita, a abertura oficial do FAN-BH 2017 acontece com a apresentação de árias da Ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, no dia 15 de outubro, às 9h30, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. A orquestra jazzística de 1935 foi executada com um elenco composto unicamente de cantores negros com formação clássica. Um trabalho admirado pela mistura de Técnicas orquestrais europeias com o estilos jazz e folk, transitando entre o erudito e o popular.

 

Uma parceria entre o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, e a Fundação Municipal de Cultura, reúne a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o Coral Lírico de Minas Gerais e os renomados solistas Luiz-Ottavio Faria, no papel de Porgy, e Marly Montoni, interpretando Bess. No Grande Teatro do Palácio das Artes, a ópera será apresentada entre os dias 21 e 31 de outubro, com direção musical e regência de Silvio Viegas e concepção e direção cênica de Fernando Bicudo. Integram o elenco de Porgy and Bess, a Cia. de Dança Palácio das Artes e o Coral Infantojuvenil do Cefart.

 

FAN Mulher 2017

Rosália Diogo, coordenadora do FAN-BH e conselheira no Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Belo Horizonte, destaca que as mulheres não formam um grupo homogêneo. “Cada mulher reúne em si outras diversas identidades, diferentes culturas, etnias, orientações sexuais, idades, credos, cores e outras características. Quando as diferenças são transformadas em desigualdades, tornam-se necessárias políticas públicas específicas de promoção de igualdade de direitos, visibilidade, e enfrentamento às desigualdades, especialmente no que toca à condição da mulher negra enquanto sujeito social e político”.

 

Mesas de conversa

Os desafios históricos e atuais enfrentados pelas mulheres negras no Brasil e suas conquistas frente ao atual cenário do país serão pautas dos debates durante o 9º FAN-BH. Para discutir esses assuntos, diversas mesas estão previstas e contarão com a presença de personalidades nacionais e locais, como Alexandra Loras, Eliane Dias, Elisa Lucinda, Áurea Carolina, Vanessa Beco, Leda Maria Martins, Ana Maria Gonçalves, Maria Flor Guerreira – Pataxó, entre outras. Um evento em destaque é o "Roda de Conversa: O protagonismo da mulher negra no Brasil" realizada pelo Sesc. Além da abordagem histórico-cultural, o objetivo é que o encontro seja uma celebração da representatividade da mulher negra no país. Na ocasião serão tratados os desafios, as histórias de lutas, o momento atual do Brasil, a força e o empoderamento feminino.

 

Cinema negro

A mostra de cinema do 9º FAN-BH ocupará o MIS Cine Santa Tereza com exibição de filmes que versam sobre a mulher negra ou que foram dirigidos por mulheres negras. A curadoria buscou o fomento do pluralismo, da diversidade e da equidade culturais, dentro do cenário do audiovisual nacional. O público poderá assistir a documentários, longas e curtas de ficção brasileiros, além de participar das rodas de conversa com as diretoras.

 

Exposições

As artes visuais e plásticas ganham um destaque especial nesta edição do FAN-BH, com participação de Maria Rosa, Leon Passos, Lori Figueiró e Simone Moura. Por meio de fotográficas, esculturas, painéis e objetos, os artistas vão colocar a memória afro-brasileira em discussão, homenageando personagens de grande importância e refletindo sobre os territórios agora ocupados pelos povos negros.

 

Ubuntu – Encontro da Diversidade Religiosa

Um momento simbólico e tradicional do FAN-BH, o “Ubuntu - Encontro da Diversidade Religiosa”, reúne grupos de diferentes crenças ligados às religiões de matriz africana, católica, evangélica, muçulmana e judaica. A palavra Ubuntu é de origem africana e o significado pode ser resumido como “sou quem sou porque somos todos nós”. A proposta do encontro é justamente e o fortalecimento da diversidade religiosa, firmando a noção de união das diferenças, harmonia entre povos e crenças.

 

Fanzinho

Com programação dedicada às crianças e adolescentes, o Fanzinho terá roda de capoeira, apresentações teatrais e de música, além de leituras e oficinas de dança. As atividades estão distribuídas por espaços como Parque Municipal, MIS Santa Tereza, Teatro Marília e Centro de Referência da Juventude.

 

Ojá – Mercado de Trocas e Saberes

O tradicional Ojá - Mercado de Trocas e Saberes também marca presença durante todo o 9º FAN-BH, reunindo empreendedores de beleza, moda, artes plásticas, artesanato, entre outros, com propostas direcionadas para a temática afro-brasileira.

 

Festival de Arte Negra de Belo Horizonte - FAN-BH 2017

De 15 a 22 de outubro de 2017

Programação:  www.fanbh.com.br

A entrada é gratuita para toda a programação oficial.

Pode haver cobrança de ingressos na programação associada.