5 August 2025 -
Para iniciar as comemorações pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, celebrado em 19 de agosto, a Prefeitura de Belo Horizonte realiza a exposição “Contos e Encantos de Rua: Poemas e Retratos”, a partir desta quarta-feira (6) no Creas Norte (Rua Pastor Muryllo Cassete, 20, Bairro São Bernardo) das 9h às 18h. A exposição apresenta, de forma poética, as vozes das ruas, que contam histórias de resistência e transformação.
Realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), o evento reúne produções artísticas de pessoas em situação de rua acompanhadas pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) Norte, que compõe a oferta do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Apesar das adversidades das ruas, os usuários desse serviço encontram na arte um canal de expressão, memória e resistência.
Autorretratos, poesias, pinturas, esculturas e uma instalação audiovisual foram produzidos por meio do trabalho da Arte-Educação. A exposição tem a curadoria de Flavis Oureles e supervisão de Arte-Educação de Mary Astruss, que compõem a equipe do Seas.
Entre as obras expostas estão o "Auto-Retrato na Rua", composto por pinturas coletivas sobre papel em estrutura com guarda-chuvas realizadas por usuários da Regional Norte a partir de referências como Frida Kahlo e Van Gogh; os poemas de Eudes, do Bairro São Gabriel, que reúnem arte, registro, testemunho e resistência em papel A4; as pinturas, esculturas e desenhos de Carlos, reunidas da parte “O Corpo em Espera”.
O evento vai contar, ainda, com a exposição de cinco desenhos a lápis do artista Luiz Fernando de Paula (Japa), com temas que transitam entre espécies japonesas e paisagens subjetivas. Luiz Fernando também realizará desenhos ao vivo durante o evento.
O acervo inclui a instalação audiovisual “Histórias de Maloca”, realizada pelo arte-educador Flavis, que apresenta relatos reais de pessoas em situação de rua, revelando seus afetos, suas dores e percepções sobre o mundo. “Mais do que um registro documental, a instalação é um convite para que o público possa olhar e ouvir com mais empatia as realidades muitas vezes invisibilizadas da rua”, explica Flavis.
Arte-Educação
Curador da exposição e arte-educador, Flavis Oureles explica a importância da Arte-Educação para a população em situação de rua, complementando o trabalho dos serviços socioassistenciais. “É por meio da arte que conseguimos abrir diálogo, estabelecer vínculos afetivos e gerar pertencimento social. Quando nos referimos à população em situação de rua como ´invisibilizada`, tratamos de um processo sistemático de negação de humanidade, cidadania e subjetividade. A arte revela e amplia o campo do humano. Ela devolve ao sujeito o direito à expressão, à autoria e complexidade, e convida a sociedade a enxergar, não apenas ver”, destaca.