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Mulher palestra para mais de trinta pessoas sentadas na sala JK, na sede da PBH.
Foto: Rodrigo Clemente/PBH

Cultura da paz por meio da linguagem é proposta em palestra do projeto Ser Mais

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Romper com a cultura de confronto e dominação arraigada na sociedade, substituindo-a pelo exercício da empatia nas relações pessoais em busca de uma vida melhor, foi a proposta apresentada pelo projeto Ser Mais em sua edição do dia 29 de maio, na sede da Prefeitura. A palestra Diálogos Autênticos, ministrada pela psicóloga Sílvia Silva, trouxe aos participantes a noção da Comunicação Não Violenta (CNV), conceito sistematizado pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, quando trabalhava na mediação de conflitos no período de transição para o fim da segregação racial em escolas e universidades dos Estados Unidos no final da década de 1960.

 

Sílvia Silva iniciou a sessão abrindo espaço para a interação com a plateia, que se estendeu por toda a palestra. Ela propôs que os presentes buscassem na memória situações em que a comunicação tenha sido prejudicada por desentendimentos e cujos resultados poderiam ter sido melhores se o diálogo fosse diferente. Várias pessoas deram exemplos de conversas fracassadas por falta de escuta, pressa, incompreensão e outros ruídos frequentes no dia a dia.

 

A partir dos casos apresentados, a palestrante prosseguiu explicando que vivemos numa cultura de violência na qual somos introduzidos desde o início da vida e nem nos damos conta, porque essa violência nem sempre é explícita ou física, mas simbólica, elemento de sustentação da hierarquia presente na sociedade. Ela ilustra a explicação com uma frase de Marshall Rosenberg, que afirma: “Todas as vezes em que nossas interações estão no campo da dor, do sofrimento, prejuízo, dano ou controle do outro, estamos no campo da comunicação violenta”.

 

Segundo Sílvia Silva, por meio da Comunicação Não Violenta é possível mudar a concepção de comunicação e colocar a linguagem a serviço de uma vida melhor, utilizando-a de forma a valorizar a humanidade que existe em cada um de nós em vez de tê-la como instrumento de dominação.

 

A psicóloga alertou para o fato de que esse exercício não deve ser confundido com a utilização de uma linguagem educada, com palavras escolhidas para se alcançar o que se quer, pois, assim, permaneceríamos na lógica da dominação e da violência. Antes, deve ser entendido como uma filosofia prática, que convida a repensar o mundo e os impactos que provocamos em nossas relações. Dessa forma, a Comunicação Não Violenta tem potencial para aumentar a nossa capacidade de autoconhecimento e de escolha, de tornar-nos mais aptos à mediação de conflitos nas relações de trabalho, no convívio escolar, familiar e nas relações afetivas, além de possibilitar transformações sociais por meio da empatia e da cultura da paz.