Em dois dias de folia na capital, 10 toneladas de materiais recicláveis deixaram de ir para o lixo e já estão se transformando em fonte de renda para diversas famílias. Todos esses resíduos foram recolhidos de ruas e avenidas de Belo Horizonte pelos catadores que continuam sendo cadastrados pela Prefeitura nas tendas de triagem para atuar no Carnaval. Ao todo, participam 200 profissionais que irão vender os materiais coletados às cooperativas Asmare e Coopesol Leste. Durante os desfiles dos blocos, seja de dia ou no período da noite, onde houver público consumindo alimentos, lá estarão eles selecionando papel, metal, plástico, isopor e vidro para a reciclagem. Os maiores volumes registrados são de garrafas PET e latinhas. A ação é promovida pela Belotur, Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania.

A chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU, Ana Paula da Costa Assunção, explica que o foco da iniciativa é exatamente os catadores avulsos da cidade. Aqueles que, no dia a dia, recolhem, por conta própria, os recicláveis, sem vínculo com as associações. “Neste caso, em vez de terem que procurar sucateiros ou ferros-velhos para comercializarem os recicláveis coletados, colocamos à disposição deles tendas seguras e com banheiros químicos para a triagem do material e para a destinação dos resíduos diretamente às cooperativas parceiras da PBH”, destaca. “Sabemos do importante papel que esses catadores desempenham nos eventos e como é necessário que tenham um espaço apropriado para separarem os materiais, evitando, assim, o surgimento de pontos irregulares de rejeitos sobre calçadas ou praças”, reforçou.

Três centrais de triagem foram montadas: uma nas proximidades da Praça da Estação, outra na Savassi e uma terceira no bairro de Santa Tereza. Nesses espaços, os trabalhadores recebem da Prefeitura almoço, lanches e água mineral.

Inspirado na proposta do município, o Bloco Abalô-caxi, que agitou os foliões ontem na avenida Assis Chateaubriand, no bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, também estabeleceu uma parceria com os catadores e doou para o projeto 500 quilos de recicláveis recolhidos após a passagem do cortejo.

Esperança e valorização

Maria Madalena Rodrigues Duarte Lima já foi catadora avulsa, iniciando na profissão ainda bem jovem e hoje ela se sente orgulhosa por ter se tornado presidente da Rede Cataunidos. Nesses dias de folia, ela começa a jornada na tenda de recicláveis da Prefeitura às 8h e só para às 18h e conta como os catadores avulsos estão satisfeitos com o preço justo praticado pelas cooperativas na compra dos recicláveis do Carnaval. “Acostumados a venderem os materiais no mercado com um valor inferior, nossos guerreiros das ruas dão um sorriso de satisfação ao perceberem que estão lucrando muito mais com esse apoio dado pelo evento. É extraordinário esse vínculo com Belo Horizonte e esperamos, nos próximos anos, aprimorar ainda mais essa cooperação para o bem de todos”.