24 Maio 2021 -
A música dá o tom da programação que conclui a primeira etapa do Circuito Municipal de Cultura, com duas mostras on-line e gratuitas, que exploram variadas estéticas e sonoridades. Entre os dias 28 e 30 de maio, acontece o Circuito Instrumental, com a exibição de três shows gravados, de representantes da nova geração do gênero, além de uma live do célebre guitarrista, compositor e cantor mineiro Toninho Horta, vencedor do Grammy Latino 2020 de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. O músico também participa de um bate-papo sobre o jazz em Belo Horizonte, com a presença de Célio Balona e Leonardo Brasilino. Já entre os dias 3 e 6 de junho, é a vez da Mostra Música de Periferia chegar à programação, com oito pílulas audiovisuais com a participação de artistas de origem periférica de Minas Gerais e de outros estados.
Todas as atrações do Circuito Instrumental e da Mostra Música de Periferia foram gravadas sem presença de público e seguindo cuidadosamente os protocolos sanitários de combate e prevenção à Covid-19 em Belo Horizonte. As programações serão exibidas no YouTube da Fundação Municipal de Cultura, no site e no Facebook do Circuito Municipal de Cultura, projeto realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e da Fundação Municipal de Cultura (FMC), em parceria com o Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (CIRC).
Secretária Municipal de Cultura e presidenta interina da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin destaca que a primeira etapa do projeto, que será concluída em junho, teve um público expressivo, além de ter realizado um importante atendimento ao setor cultural da cidade.
“Mesmo com todos os desafios com os quais nos deparamos em 2020, impostos pela pandemia, a Prefeitura de Belo Horizonte reafirmou seu compromisso com o atendimento à população e com o fomento à cadeia produtiva cultural da cidade. Por meio do Circuito Municipal de Cultura, realizou 313 apresentações culturais, alcançando um público de mais de 450 mil pessoas. Desde o início do projeto, mais de 1.250 trabalhadores da cultura, entre artistas, produtores, técnicos e mestres da cultura popular participaram das atividades, reforçando seu importante papel de fomento ao setor em Belo Horizonte”, diz a secretária.
O sucesso do projeto é confirmado com a sua continuidade, com o início das atividades da etapa 2 do Circuito Municipal de Cultura já a partir de julho. Com investimento de R$ 2,2 millhões pela Prefeitura, o projeto seguirá ofertando programação cultural continuamente para a população de Belo Horizonte, com atividades virtuais ou híbridas e presenciais, conforme o avanço da pandemia. Todas as novidades e informações podem ser acompanhadas pelo site circuitomunicipaldecultura.com.br.
Música instrumental
A atração que abre a programação da Mostra Circuito Instrumental é “Um Bate-papo Sobre a História do Jazz em BH”, que contará com três célebres presenças: do guitarrista, cantor, compositor, arranjador e produtor musical Toninho Horta; do pianista, tecladista, acordeonista e vibrafonista Célio Balona; e do trombonista, arranjador, compositor, cantor e professor Leonardo Brasilino. A conversa, que será exibida ao vivo, às 20h, terá mediação da escritora e jornalista Malluh Praxedes. “Estamos juntando artistas de várias gerações da música instrumental mineira. Célio é da turma do meu irmão, Paulinho, que foi meu guru e era 15 anos mais velho que eu. Brasilino é um jovem, do trombone, que tem feito trabalhos muito interessantes na cidade e fora dela. É importante ver, com atenção, o olhar da nova geração”, afirma Toninho Horta.
No dia 29, serão mostrados, justamente, trabalhos de expoentes da nova geração da música instrumental mineira. Às 16h, será publicado um vídeo que reúne três apresentações gravadas, editadas na sequência. Primeiro, o Duo Mitre, formado pelas irmãs Luísa Mitre (piano) e Natália Mitre (vibrafone e percussão), apresenta um repertório de peças autorais, presentes no disco de estreia, “SEIVA”, que será lançado ainda neste ano. Depois, o pianista Davi Fonseca e a contrabaixista Camila Rocha, parceiros musicais há anos, que agora experimentam arranjos inéditos para suas composições em um formato duo. Por fim, o grupo Modus Novus, que apresentam músicas compostas no período Barroco dos séculos XVII e XVIII, tendo como fio condutor a pesquisa de fontes históricas de interpretação.
A programação do Circuito Instrumental se encerra no dia 30, às 17h, com a live de Toninho Horta, que terá participação da cantora e compositora Júlia Ribas. Para o artista, a apresentação é, antes de tudo, uma maneira de levar alento às pessoas na pandemia. “A música vem para confortar. É uma das formas da gente superar a angústia, a melancolia, a tristeza destes tempos. Eu fico muito feliz de mostrar o meu trabalho, com uma banda especial. Todos mineiros, a prata da casa. Uma honra fazer este show com a Prefeitura, num momento em que ganhei o Grammy com o disco que leva o nome de Belo Horizonte”, destaca o músico, ressaltando a Orquestra Fantasma, grupo que o acompanha há mais de 20 anos. “Vai ser um show bem instrumental, com músicas que dão ‘pano pra manga’ para o improviso. Deve ter uma ou outra do disco novo. Não é um show de inéditas, mas mais lado B”, completa.
Toninho Horta destaca a importância de celebrar os novos talentos do gênero, fruto de uma tradição de qualidade perpetuada há décadas no estado. “O cenário musical instrumental de Minas Gerais hoje é muito fértil, e eu fico muito feliz, porque a gente está batalhando por isso há anos. Desde aquele seminário que eu realizei em 1986, com a nata dos músicos instrumentistas brasileiros, um festival durante 20 dias, em Ouro Preto”, afirma, relembrando o icônico Seminário de Música Instrumental. “Minas se transformou num celeiro enorme de grandes talentos, e em todos os instrumentos: piano, contrabaixo, sopros. Acho que muita gente ainda vai surpreender no cenário nacional”.
Mostra Música de Periferia
Marcado por produções que afirmam a força da música contemporânea em sua diversidade, conectadas em seus territórios e cotidianos, o som “das quebradas” de BH mostra fôlego com nomes de diferentes vertentes. Prova disso é a programação da Mostra Música de Periferia, cuja curadoria foi feita por uma equipe que contou com Kdu dos Anjos, artista contemporâneo de BH, que apresenta as pílulas audiovisuais da programação, com duração de 15 minutos de cada. Os vídeos trazem quatro artistas locais e quatro nacionais (reunidos em duplas, de acordo com a afinidade de suas propostas), que narram suas histórias, falam de processos de composição e performam uma música. Quem abre a Mostra, no dia 3 de junho, às 18h, é o bate-papo “Vivências e Estética no Rap em BH”, uma conversa gravada entre os rappers mineiros Shabê e Edy X, com mediação do rimador e jornalista Roger Deff.
Às 19h, horário em que todas as pílulas serão publicadas, é a vez de conferir os vídeos que apresentam o mineiro Marquim d’Morais e o capixaba Fabriccio. Nascido e criado no Aglomerado da Serra, Marquim d’Morais é cantor, compositor, poeta e capoeirista. Seu trabalho traz ritmos variados de uma nova MPB - que, segundo Kdu dos Anjos, pode-se chamar de “MPB de favela”. A sonoridade marcante e as letras com forte complexidade social, que exploram o cotidiano das periferias, estão presentes em seu primeiro álbum, “Do Alto do Morro”, de 2017. Natural de Vitória, no Espírito Santo, Fabriccio é um dos novos nomes da MPB e do R&B nacional. Assim como Marquim, usa o violão e as melodias de sua voz, potente e periférica, para compor. Traz na bagagem um EP, “Desajeito” (2012), e um disco cheio, “Jungle” (2017), que tem participações de Tássia Reis e Luedji Luna.
A pílula do dia 4 de junho apresenta a cantora Mac Júlia, um dos grandes talentos do rap contemporâneo de Belo Horizonte. Natural de Betim, a artista apelidada “Dona Onça” tem 22 anos, é mãe e canta em seu trabalho amores e decepções, em linhas certeiras e voz penetrante. Lançou, no ano passado, “Simbiose”, seu terceiro disco, logo após o elogiado “Sextape” (2019). Tal como a mineira, a dupla de irmãs gêmeas paulistanas Tasha e Tracie também evidenciam a força da mulher no hip-hop e, portanto, protagonizam o outro vídeo do dia. MCs, DJs, diretoras de arte, produtoras culturais e ativistas periféricas, ambas trabalham em prol da autonomia e da autoestima do jovem favelado, principalmente por meio do projeto “Expensive Shit”, que mistura moda, música, história, cultura e internet.
Além da potência feminina, a Mostra ressalta a importância de produções periféricas que trazem como temas a diversidade de gênero e a liberdade de orientação sexual. No dia 5, será exibido o vídeo que apresenta Azzula, uma das facetas do cantor, compositor, ator mineiro e drag queen Sam Luca. O artista apresenta uma música pop tocante, com voz refinada e presença de palco ímpar, que mostra a força da drag queen, uma das mais emblemáticas expressões artísticas do universo LGBTQIA+. Azzula faz dupla com Harley (SP), artista que vem abrindo um espaço importante para a diversidade no rap. Cantor, compositor, performer e ator, ele integra o grupo Quebrada Queer e mostra uma visão poética da icônica comunidade do Capão Redondo. Suas rimas falam de preconceitos, processos de amor e desamor, sensualidade e sexualidade.
Já no dia 6 a Mostra Música de Periferia exibe o vídeo que apresenta o bloco Swing Safado, criado no Conjunto Santa Maria, na Zona Centro-Sul de Belo Horizonte - notória fonte de talentos artísticos, que abriga a Quadra da Escola de Samba Cidade Jardim. Filho do Carnaval de rua de BH, o grupo brinca com músicas populares brasileiras que vêm das periferias e com suas letras de duplo sentido, proporcionando apresentações enérgicas, principalmente para amantes do pagode baiano, do funk e do axé. No mesmo dia, será publicado o vídeo que conta a história de Raoni, integrante da banda ÀTTØØXXÁ, espécie de Swing Safado da Bahia. Cantor e compositor, Raoni Gomes é natural de Paulo Afonso (BA) e também é conhecido como Raoni KNalha. Entre outras músicas, o sucesso “Elas gostam (Popa da Bunda)”, da banda baiana, foi composto pelo artista.
Circuito Municipal de Cultura
Projeto estratégico da Prefeitura de Belo Horizonte, o Circuito Municipal de Cultura foi lançado em dezembro de 2019, com grande show de Jorge Ben Jor na Praça da Estação. Em maio de 2020, foi lançado o Circuito em Casa, como parte do Circuito Municipal de Cultura, criado para ampliar as opções culturais para a população que está em casa durante a pandemia da Covid-19. Toda a programação do Circuito Municipal de Cultura é gratuita, contemplando as diversas linguagens artísticas e faixas etárias. Suas ações integram a Política de Promoção das Artes do município.