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Cinco pessoas em torno de uma mesa, fazendo oficina de lambe-lambe.
Foto: Leila Porto/PBH

Centros potencializam histórias de superação de portadores de sofrimento mental

criado em - atualizado em

Satisfação, alegria e oportunidade de viver uma nova história. São sensações que hoje o usuário do Centro de Convivência Oeste, Ragner Almeida, compartilha com os colegas. Os Centros de Convivência são equipamentos da Prefeitura de Belo Horizonte, gerenciados pela Secretaria Municipal de Saúde, que contribuem no processo de reinserção do indivíduo por meio da convivência em atividades prazerosas e criativas que, aliadas ao tratamento convencional, estimulam a recuperação e transforma o indivíduo em protagonista da sua própria história. Belo Horizonte conta com nove Centros de Convivências, distribuídos nas nove regionais da cidade.

 

Há seis anos Ragner frequenta o Centro de Convivência Oeste, participando de atividades como bordado, Lian Gong e pintura. Além disso, venceu a timidez, fez novas amizades e superou suas próprias limitações. “Eu tinha problemas de relacionamento com a família, não conseguia me manter em empregos. Fui diagnosticado com transtorno bipolar que me deixava insociável. Após entender que eu precisava de ajuda, aceitar o tratamento e tomar a medicação correta, eu fui me restabelecendo. Meu humor agora é muito melhor, passei a ser comunicativo, aprendi a dialogar sem discutir, para mim foi uma conquista”, relata.

 

As mudanças na vida de Ragner não pararam por aí. Após seguir firme com o tratamento na unidade, participando das atividades, ele também conquistou confiança. “Com o progresso do tratamento, estou conseguindo produzir mais. Minha atividade preferida aqui é o bordado. Minha alegria é ver uma peça feita por mim sendo vendida aqui, isso me estimula cada vez mais”, relata.
 

De acordo com a gerente do Centro, Giselle Campos Amorim, a unidade conta com atividades variadas que ocorrem em dois turnos. São oferecidas oficinas de bordado e costura, letras e jogos, teatro e relaxamento, desenho e pintura, mosaico, música, arte em papel e toy art, que é uma oficina de bonecos e brinquedos. Há ainda atividades físicas realizadas por uma educadora física e Lian Gong.

 

“Quando a pessoa chega pela primeira vez, ela passa por uma entrevista previamente agendada. Sugerimos, nesse momento, também a presença de um familiar, que possa acompanhar e entender a proposta”, explica a gerente.  Os usuários do serviço podem decidir, já nessa entrevista, qual a frequência que desejam participar e quais atividades são do seu interesse. “Tem usuário que frequenta uma vez por semana como forma de desenvolver uma habilidade, se expressar ou até como forma de gerar renda”, completa Giselle.

 

Maria de Lourdes Moraes também é usuária da unidade e relata as mudanças ocorridas após a participação das atividades. “Sou portadora de esquizofrenia e não tenho parentes na cidade. Já cheguei a morar nas ruas. Hoje estou muito bem. Não gosto de ficar em casa sem ter o que fazer, então venho passar as manhãs no Centro de Convivência fazendo o que mais gosto, que é bordar”, relata orgulhosa, exibindo um quadro produzido por ela, com flores em técnica de bordado, e que fica exposto na sala de oficina de artes.

 

O Centro de Convivência Oeste funciona de segunda a sexta das 8h às 18h, na rua General Andrade Neves, 25, Gutierrez. Para acessar o serviço o usuário deve ser portador de sofrimento mental, estar em tratamento e ser morador da região Oeste. O encaminhamento pode ser feito por meio dos Centros de Saúde e Centros de Referência em Saúde Mental da regional.

 

 

 

15/10/2019. Centro de Convivência Oeste. Fotos: Leila Porto/PBH