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Nove mulheres reunidas em torno de mesa com panos, linhas e cadernos.
Foto: Barbara Donadoni/PBH

BH em Pauta: Reuniões reforçam a autoestima das mulheres

criado em - atualizado em
O grupo Mulheres que Brilham é uma oficina de convivência realizada pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) do CRAS Apolônia, com o intuito de promover a convivência entre as mulheres da comunidade, fortalecer os vínculos, trabalhar questões como autoestima, pertencimento e incentivá-las a participar de algum tipo de atividade.
 
Os encontros do grupo, referência para a região, acontecem quinzenalmente, às quartas-feiras, entre 9h e 11h. Por meio da oficina, muitas mulheres conseguem superar situações conflituosas que vivenciam em casa. “As atividades coletivas têm o poder de transformar, pois através da troca, do apoio e das reflexões, as mulheres se fortalecem e se reconhecem como protagonistas da própria história”, explica a assistente social Nathalia Stephanie Ribeiro Ventura, coordenadora interina do CRAS Apolônia e coordenadora das atividades do grupo.

No ano passado, o grupo desenvolveu um trabalho de pesquisa sobre a vida de duas mulheres que se destacaram na história: a pintora mexicana Frida Kahlo e a escritora brasileira Clarice Lispector. A partir da pesquisa, discutiram os desafios de “ser mulher” em uma sociedade preconceituosa. Como produto final e com a participação da artista plástica Kennya Ramalho Luz, produziram camisetas customizadas com a imagem de Frida Khalo e frases da pintora. “O objetivo da atividade foi alcançado, mas para além dele, foi despertado nas mulheres o desejo pela arte, o anseio por conhecer novos artistas e a valorização de outras expressões culturais como exposições e museus. Os frutos estão sendo colhidos até hoje”, conta Nathalia.
 

Atualmente, o grupo tem 25 mulheres inscritas, com tendência a aumentar o número. “A oficina é permanentemente aberta à adesão de novas participantes, e tem como foco suscitar discussões sobre temas relevantes às mulheres, refletindo sobre a questão do gênero, violência doméstica, preconceitos etc. Uma mistura de cotidiano, afetos, pertencimento e identidade, buscando fortalecer a rede de apoio e a participação social”, pondera Nathalia. 
 


Representante popular

A percepção da coordenadora pode ser constatada na história da aposentada Marlene de Fátima Teodoro Silva, de 59 anos. A relação de Marlene com o grupo começou há mais de 13 anos, quando ela teve depressão. “Estava passando por problemas pessoais, o que levou a uma forte depressão. Fiz diversos tratamentos psicológicos, todos sem sucesso. Comecei a tomar remédios antidepressivos e ainda assim não melhorava a depressão. Acabei tendo outros problemas de saúde, como hipertensão”, relata ela.
 

Em um encontro do grupo para hipertensos do Centro de Saúde Jardim Leblon, foi aconselhada pela enfermeira que a acompanhava a ir a uma das reuniões do grupo de mulheres promovido pelo CRAS Apolônia.
 

Marlene conta que foi, mas, em princípio, não quis participar da oficina. “Sentia vontade de ir aos encontros, mas ficava sentada longe das outras mulheres". Incentivada pela assistente social, ela continuou participando dos encontros e com o tempo foi se sentindo à vontade para contar a própria história. Marlene afirma que o grupo transformou a vida dela. “Passei a me interessar pelas coisas e já não ficava só chorando. Comecei a participar mesmo. Eu tomava remédio e não adiantava nada, depois que eu entrei no grupo não precisei mais tomar remédio de depressão”, comemora.
 

Desde então, ela se dedica ao grupo e garante que nas oficinas cada uma divide as experiências com as outras, passando coisas boas e se apoiando, o que as torna uma grande família. “O pessoal tem que saber que isso aqui é bom, que eu fui ajudada e, graças a Deus, eu já pude ajudar alguém também.”
 

Tamanha dedicação e amor ao grupo fizeram com que Marlene fosse escolhida representante dos usuários dos CRAS de Venda Nova para o Conselho Municipal de Assistência Social.

 

CRAS Apolônia

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é a porta de entrada para os serviços sociais ofertados pela Prefeitura de Belo Horizonte para as famílias em situação de vulnerabilidade social. O CRAS Apolônia, localizado na rua Visconde de Itaboraí, 304, bairro Jardim Leblon, na região de Venda Nova, oferece espaços de convivência e reflexão para a comunidade.

 

29/08/2017. CRAS Apolonia promove encontro de mulheres. Fotos: Bárbara Donadoni/PBH