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Homem declama poesia à frente de um mural com vários escritos.
Foto: Andréa Moreira/PBH

BH em Pauta: Concurso de poesias movimenta Pampulha

criado em - atualizado em

Ao escrever a poesia "Uma Dose de Respeito", a usuária do Centro de Convivência Pampulha Kássia Soares revelou como se sente nas relações construídas nos ambientes nos quais convive. Kássia teve esta oportunidade ao participar do concurso de poesias “Piralógicapoética”. 
 

“Foi um espaço para expor minhas ideias e escutar as ideias dos outros colegas. Eu já tinha escrito poesias antes, mas nenhuma se tornou conhecida de outras pessoas.” Para os colegas, Kássia deixa um recado, incentivando-os a participarem também: “É muito importante nossas ideias se tornarem conhecidas de outras pessoas.”
 

Com temática livre em versos ou prosa, o 2º Concurso de Poesias Piralógicapoética está inserido no contexto de engajamento do Centro de Convivência Pampulha na luta por uma sociedade sem manicômios. “O concurso tem como objetivo fomentar nos usuários o desejo de expressarem-se poeticamente, através da escrita. Além disso, proporciona um encontro afetuoso entre usuários, familiares e trabalhadores”, afirma a gerente do Centro de Convivência Pampulha, Wilma dos Santos Ribeiro.

O espaço público municipal tem proporcionado aos usuários a possibilidade de ir além do sofrimento mental. As oficinas e atividades das quais eles participam oferecem novas perspectivas de existência para cada um. Por meio da reconstrução de vínculos e relações, muitos usuários retornam à vida escolar, laboral e social.
 

Das mais de 30 poesias inscritas no Piralógicapoética, realizado em setembro, 15 foram selecionadas de acordo com os critérios de criatividade e originalidade. No dia do concurso, os autores tiveram a oportunidade de declamar as poesias para um público. Além das apresentações culturais, o público também saboreou deliciosos caldos, biscoitos e arroz doce preparados em parceria com a Escola Municipal Dom Orione.
 

A ambientação do espaço foi especialmente preparada para este dia. Na entrada do Centro de Convivência, grandes painéis com telas pintadas pelos usuários nas oficinas de pintura. Na área externa, foi pintado um painel como fundo de palco produzido pela artista plástica Valéria Almeida, com a colaboração dos estudantes do 3º período de medicina da UNIFENAS. Ao longo do evento, o público apreciou uma variada programação cultural, com apresentações musicais e teatrais, além de declamação livre de poesia por vários usuários.
 



Luta antimanicomial

 
O Centro de Convivência Pampulha compõe a rede de serviços de saúde mental municipal que atende a um público que, em razão do sofrimento mental, é tratado com discriminação e preconceito, tornando-se invisível na sociedade.

Dentro das diretrizes e ações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os centros de convivência da rede municipal de saúde mental têm conseguido trabalhar com os usuários as mais diversas áreas de expressão cultural, seja através das artes plásticas, da música, da literatura, do teatro, do artesanato, culminando, na maioria das vezes, em eventos locais ou externos, objetivando construir outras possibilidades de inserção social para as pessoas em sofrimento mental.

Nesse sentido, o Centro de Convivência Pampulha tem uma trajetória importante na luta antimanicomial, implementando projetos como “Diálogo com a Cidade”, “EDUCARTE - Feira de Educação, Ciência e Arte” e o “Concurso de Poesia Piralógicapoética”, que constituem intervenções desenvolvidas por esse serviço na contramão da exclusão social.

O Centro de Convivência Pampulha fica na avenida Dom Orione, 220, no bairro São Luís.
 
 

03/10/17. Concurso de poesias do Centro de Convivência Pampulha. Fotos: Andreá Moreira/PBH