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Belo Horizonte ganhará novo espaço cultural em casarão histórico da Prefeitura
Foto: Orlando Bento

Belo Horizonte ganhará novo espaço cultural em casarão histórico da Prefeitura

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A Prefeitura de Belo Horizonte realizou nesta sexta-feira (30) a entrega do casarão histórico conhecido como Casa Rosada, para a gestão do Minas Tênis Clube e implantação de um espaço cultural. O imóvel foi cedido ao Minas pelo período de 20 anos e será a extensão do Centro Cultural Unimed-BH Minas, braço cultural e público do Clube, que vai abrigar, dentre outras atividades, uma exposição histórica sobre a construção da Cidade de Belo Horizonte. Participaram da assinatura do Termo de Cessão a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, o secretário Municipal da Fazenda, Leonardo Colombini, o secretário Adjunto da Fazenda, Breno Serôa da Motta, o presidente do Minas, Carlos Henrique Martins Teixeira, o vice-presidente do Clube, Wagner Furtado Veloso, além do diretor de Cultura, André Rubião Resende e da gerente de Divisão de Cultura, Wanderleia Magalhães.

Localizado na Rua da Bahia, próximo à Praça da Liberdade, o imóvel foi incorporado ao Patrimônio da PBH, ficando sob a guarda da Secretaria Municipal da Fazenda, responsável pela gestão do patrimônio imobiliário do Município. Após a incorporação, deve ser dada destinação cultural ao espaço, conforme decisão do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte - CDPCM-BH, bem como garantir a manutenção e preservação do imóvel. A Secretaria Municipal da Fazenda intermediou as tratativas com o Minas Tênis Clube para a assinatura do Termo de Cessão. 

A partir de agora o Minas desenvolverá o projeto de ocupação cultural da Casa Rosada, assim como o da exposição sobre a Comissão Construtora da Cidade e seus 125 anos, com o acompanhamento e parceria da Secretaria e Fundação Municipal de Cultura. 

O projeto da Casa Rosada é de 1929, de autoria do arquiteto Luiz Signorelli, encomendado por Agenor Gomes Nogueira e ocupada inicialmente pela família Maurício da Rocha. Luiz Signorelli projetou uma edificação de partido clássico com ornamentos cautelosamente aplicados, que possuem uma característica marcante: a profusão de rosas, flor de predileção da proprietária da edificação à época. O imóvel é um rico registro da primeira fase de ocupação da Rua da Bahia, marcando, com seu estilo arquitetônico eclético e de influência neoclássica, a paisagem urbana da capital. 

Segundo a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a destinação cultural que será dada à Casa Rosada é a melhor maneira de garantir a preservação e a proteção deste bem cultural. “É preciso garantir o uso afetivo deste imóvel pela coletividade. Nesse sentido, a abertura da edificação para visitação do público permite a apropriação desse espaço pelos moradores da cidade e visitantes, a fruição do bem cultural em sua integralidade, além da valorização de nosso patrimônio cultural e da memória da cidade”.

Para Luciana Féres, a cessão do imóvel ao Minas vai potencializar a fruição dos habitantes da cidade aos bens culturais nela existentes, criando assim uma sensação de pertencimento que garantirá às gerações futuras o direito à memória da cidade. “Belo Horizonte é uma cidade planejada que surge sob a égide dos ideais de modernização e progresso. A história da nossa cidade reside nas memórias dos habitantes, em seu traçado e ambiência urbanos, e no patrimônio arquitetônico que resiste às demolições e transformações urbanas. Este rico patrimônio cultural faz parte da história de Belo Horizonte e de seus habitantes. Com a assinatura desse Termo de Cessão, muitas pessoas terão a oportunidade de conhecer essa maravilhosa arquitetura. Uma joia arquitetônica que foi construída em 1929”. 

Para Leonardo Colombini, secretário Municipal da Fazenda, “trata-se de uma importante entrega de um espaço de memória aberto à população que reflete os primeiros anos da capital. A parceria firmada garantirá o uso cultural deste Patrimônio Público Municipal”. 

Carlos Henrique Martins Teixeira, presidente do Minas Tênis Clube, vê na parceria uma forma de ampliação do espaço cultural do Minas bem como uma maneira de manter firme um dos pilares minastenista, a Cultura, para toda sociedade. “A Casa Rosada é nossa vizinha e sempre nos encantou por sua arquitetura e beleza. Agora, incorporada ao nosso Centro Cultural, será mais um espaço que vai trazer para o belo-horizontino o acesso à cultura e à arte, fundamentais para a construção de uma sociedade saudável”, diz o gestor. 

Tombamento e restauração – Exemplar de rara condição na cidade de Belo Horizonte, a Casa Rosada encontra-se praticamente intacta no que se refere à conservação de seus materiais originais de revestimento interno, especialmente banheiro, áreas molhadas, piso em tacaria, esquadrias e escada monumental. Esses elementos demonstram a sofisticação da edificação e remetem ao gosto estético da elite mineira dos anos de 1930. 

A Casa Rosada foi tombada pelo Patrimônio Municipal em 12 de novembro de 2002. O bem cultural está inserido no “Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências”, também protegido. Em 2015, o CDPCM-BH aprovou o projeto para a construção de uma nova edificação, de autoria do arquiteto Gustavo Penna, para terreno conformado pelo lote em que se encontra esse bem cultural. Entre as condições para a aprovação deste novo projeto estava a restauração integral da Casa Rosada e a transferência em cessão, a fim de que o imóvel histórico fosse destinado a um uso cultural. 

A restauração da Casa Rosada teve por objetivo resgatar a integridade física e estética da edificação, a fim de valoriza-la e requalificá-la em sua integralidade. Para isso as obras de restauração contemplaram esquadrias em madeira de carvalho e ferragens, pisos em tacaria policromada, pisos em ladrilhos, rodapés e rodatetos, forros, painéis de parede, azulejos ingleses, armários, elementos ornamentais e integrados (pilar, balaústre, beiral, colunas, arandelas, estuques), pinturas parietais (prospecções e recomposições), vitrais da Casa Conrado de São Paulo, fachadas, porte-cochère, varanda, terraço e passarela, gradis, argamassas históricas, louças de banheiros e áreas molhadas, paredes internas e externas, recuperação do telhado (telhas cerâmicas planas francesas), fundação (sondagens, reforços e recomposições). O projeto de restauração foi aprovado pelo CDPCM-BH em 2017. As obras foram executadas entre 2018 e 2020.