Pular para o conteúdo principal

PBH e UFMG apresentam pesquisa com foco na população LGBT+ com mais de 60 anos
Foto: Adão de Souza/ PBH

PBH e UFMG apresentam pesquisa com foco na população LGBT+ com mais de 60 anos

criado em - atualizado em

A Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Diverso UFMG, apresentou nesta terça-feira (27) os resultados da pesquisa “Envelhecimento da população LGBT+: diagnóstico sobre o longeviver e o acesso aos serviços públicos municipais”. O diagnóstico revela o perfil deste público no município, além de aspectos vinculados ao acesso a serviços públicos, como saúde, segurança e assistência social, além de aspectos de sociabilidade e violações de direitos sofridas em função da orientação sexual ou da identidade de gênero. O evento de lançamento contou com a presença do Secretário Nacional do Idoso, Alexandre da Silva.

 

Na pesquisa, realizada em formato virtual, 114 pessoas responderam ao questionário, disponível de junho de 2021 a setembro de 2022. Também foram realizadas entrevistas e encontros presenciais. Em síntese, a pesquisa contou com participação de pessoas das diversas orientações sexuais como gays, lésbicas, bissexuais e também de identidades de gênero como trans, travestis, não binárias e cisgêneros.

 

“Sabemos que não se faz política pública sem informação, por isso, a pesquisa nasceu da necessidade de identificarmos as demandas deste público. A Longeviver vem da necessidade de conhecer as violações próprias do processo de envelhecimento que podem ser agravados pela discriminação sofrida pela população LGBTQIA+”, explica o subsecretário de Direitos de Cidadania, Thiago Alves.

 

A pesquisa identificou, de forma detalhada, que 64% das pessoas que responderam à pesquisa encontrava-se na faixa etária de 60 a 64 anos, 27% possuía de 65 a 69 anos e 8% ultrapassava os 70 anos de idade. No aspecto racial, a maioria é branca (68%), seguida por negros (30%), considerando pretos e pardos, amarelos (1%) e indígenas (1%). Gays representam a maioria das pessoas que responderam (68%), seguidos por lésbicas (25%) e por pansexuais e bissexuais (4%), sendo o restante (3%) composto por pessoas que se autodeclararam heterossexuais, assexuais ou que utilizaram o campo “outro”. Já para a identidade de gênero, predominância de homens cis (49%), seguido de mulheres cisgêneras (16%), e pessoas trans (4%) - esta última categoria incluindo travestis, homens e mulheres trans. Os demais (31%) não souberam responder. 

 

“Destaco a conectividade dos atores centrais no processo de compreensão na temática LGBT como elemento de importância no diagnóstico da pesquisa Longeviver LGBT. A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a UFMG têm se envolvido cada vez mais com pautas afetas aos direitos humanos. A pesquisa Longeviver é o resultado de escuta de 75 histórias de vida com um diagnóstico feito ao longo dos últimos anos com a população LGBT idosa de Belo Horizonte, trazendo dados inéditos”, destaca o professor e coordenador do Diverso UFMG, Pedro Nicoli.

 

Outro aspecto da pesquisa que chama a atenção é que pouco mais da metade dos que responderam (52%) informou viver a sexualidade e/ou identidade de gênero de forma totalmente pública na velhice, enquanto na juventude e na vida adulta esse número era bem menor: apenas 21% das pessoas. Por outro lado, 45% das pessoas afirmou viver a sexualidade e identidade de gênero de forma parcialmente pública, enquanto que na juventude e vida adulta esse número era bem maior: 52% afirmou que revelava essas informações para apenas algumas pessoas.

 

Quase metade (45%) dos participantes da pesquisa afirmaram já ter sofrido violência ou discriminação em razão da orientação sexual e identidade de gênero. As violações foram cometidas, na maioria das vezes, por desconhecidos, ou por pessoas do ambiente profissional, familiares, amigos ou conhecidas e pessoas do ambiente educacional. Mais de um quarto (26%) afirmou já ter vivenciado violências e discriminações por ser pessoa idosa, e os espaços/instituições onde mais ocorreram as referidas violências e discriminações foram em via pública, espaços LGBT+ (bares e espaços de convivência), em locais de lazer e no trabalho.

 

Parceria

 

A pesquisa é fruto de uma parceria de longa data entre o Diverso UFMG - Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de Gênero, programa de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, e a Diretoria de Políticas para a População LGBT (DLGBT), órgão ligado à Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania da PBH. Para a realização da pesquisa, foram investidos R$297,925,00, repassados pelo Fundo Municipal de Direitos da Pessoa Idosa. O relatório da pesquisa foi publicado em formato de livro e também lançado nesta tarde.