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Rinoceronte branco, animal mais velho do Zoo de BH, coleciona curiosidades
Suziane Brugnara

Rinoceronte branco, animal mais velho do Zoo de BH, coleciona curiosidades

criado em - atualizado em

No auge dos 53 anos de idade - um recorde considerando todos os animais da mesma espécie que vivem ou viveram sob cuidados humanos em todo o mundo – a rinoceronte Luna já apresenta algumas doenças típicas da idade avançada: uma conjuntivite crônica e algumas dermatites, comuns na espécie. Ela é o animal mais velho do Zoológico de Belo Horizonte, e pesquisa realizada pela equipe técnica aponta que o rinoceronte branco do sul (Cerathoterium simum simum) mais longevo do mundo faleceu com 55 anos de idade, na França.

 

A dois anos de alcançar a marca, Luna recebe cuidados intensivos e diários no Zoo de BH. Seus olhos são limpos duas vezes ao dia pela equipe veterinária e recebem medicamentos sempre que necessário. A pele é avaliada e as feridas recebem dermomedicamentos diários. O procedimento pode ser feito rotineiramente devido ao Programa de Condicionamento Animal do Zoológico, no qual Luna foi "treinada".

 

Trata-se de um conjunto de técnicas para que, sem necessidade de sedação ou contenções mais radicais, seja possível realizar atividades de manejo e procedimentos médico-veterinários. Como recompensa, o animal recebe algo que goste, como por exemplo, ser escovada.

 

A alimentação é planejada considerando as necessidades nutricionais específicas da idade. A espécie é herbívora e se alimenta, preferencialmente, de gramíneas. No Zoo de BH, que possui produção de hortifrutis próprios, esses itens são cultivados sem aditivos químicos e, por isso, os vegetais, frutas e capim servidos para Luna são bastante ricos em qualidade e sabor. Ela ainda recebe vitaminas e minerais que ajudam a suplementar nutrientes necessários nesta fase da vida e contribuem para os processos de cicatrização da pele. 

 

A saúde da Luna é monitorada de perto por uma equipe multidisciplinar do Zoo de BH, que ainda mantém parcerias com os mais diversos especialistas do Brasil para atender prontamente todos os animais, em qualquer urgência, preventiva ou corretiva. Recentemente Luna passou por exames de imagens e foram colhidos materiais biológicos para exames.

 

Uma curiosidade sobre os rinocerontes é que eles adoram tomar banhos de lama, que serve como repelente natural de insetos e ajudam a aliviar os desconfortos de possíveis carrapatos no corpo. Portanto, o tanque do recinto onde a Luna vive no Zoo de BH não tem apenas água e, por isso, é importante para seu bem-estar. 

 

 

História de vida 

 

Luna nasceu em 4 de maio de 1970 e chegou ao Zoológico de Belo Horizonte em dezembro de 1972, vinda da Alemanha Ocidental. Além de já ter superado a expectativa da espécie (sob cuidados humanos, é de 50 anos, e na natureza, de 30 anos), teve apenas dois companheiros em BH, mas não teve filhotinhos.

 

O primeiro macho com quem viveu - trazido junto com ela a BH - faleceu antes de alcançar a idade reprodutiva. Após um período vivendo sozinha, Luna recebeu seu segundo e - até então - último companheiro: Doran, cuja diferença de idade em relação a ela (21 anos) não favoreceu o processo reprodutivo. Doran faleceu em 2018, em decorrência de infecções secundárias causadas por uma pododermatite, doença de pele comum na espécie. 

 

Vale lembrar que a chegada de novos animais a um Zoológico depende de fatores diversos, muitos dos quais são alheios ao desejo da instituição ou de seus visitantes, já que os Zoos atualizados, como é o caso de BH,  mantêm sob seus cuidados apenas animais que precisam disso (os que não têm como retornar ou viver na natureza), e isso também depende da existência de animais com este perfil em outras instituições. 

 

 

Setembro tem data dedicada à espécie

 

No dia 22 de setembro é comemorado o Dia Mundial do Rinoceronte, data instituída em 2010 por iniciativa do Fundo Mundial da Natureza (WWF)-África do Sul. A ocasião tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para o estado de conservação dessa espécie e fazer uma reflexão sobre as principais ameaças, bem como sobre os esforços em prol da conservação das espécies de rinocerontes em todo o Planeta. 

 

Curiosidades sobre o rinoceronte branco

 

Apesar do nome, o rinoceronte branco não é, de fato, branco: ele possui a pele acinzentada. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o nome popular dessa espécie está relacionado a um mal-entendido histórico. É chamado de “branco” por causa de sua mandíbula “larga”, que os colonos africânderes, descendentes de holandeses, chamavam por “wijd” (largo), em inglês “wide”, mas os ingleses entenderam “white” (branco). 

A espécie apresenta dois cornos na parte frontal da cabeça, que são formados por filamentos de queratina, proteína que também constitui os pelos e as unhas. Os cornos desse animal são estruturas únicas, não pareadas, que se formam na linha média da região do nariz. É o maior dentre as cinco espécies de rinocerontes encontrados no planeta. Chega a medir mais de quatro metros de comprimento e 1,85 metros de altura (do ombro).

O peso corporal de um macho adulto é de até 3,6 mil kg. O macho é maior que a fêmea. Possui poucos pêlos esparsos, que se concentram na ponta da cauda e nas orelhas curtas. Seus olhos são pequenos e é dotado de excelente audição. Suas orelhas são capazes de se mover de forma independente para captar melhor os sons do ambiente. O olfato também é bastante desenvolvido. Já a visão desse animal é bastante limitada.

Estado de conservação da espécie

A subespécie de rinoceronte-branco-do-sul (Ceratotherium simum simum) aparece na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção, na categoria “Quase ameaçada” (IUCN, 2021-1). 

O número de rinocerontes-brancos aumentou consideravelmente de 1992 a 2007 graças às medidas de proteção e várias translocações, que consistem na transferência de indivíduos ou populações selvagens de uma área de ocorrência para outra. No entanto, no período de 2012-2017 estima-se que a população sofreu uma redução de 15%, em virtude do aumento da caça predatória, inclusive, no Parque Nacional do Kruger na África do Sul, onde vive a maior população. A redução do número de rinocerontes-brancos pode estar relacionada também à severa seca que atingiu o sul do continente africano, em 2015-2016.