23 January 2018 -
“Eu procurei ajuda, pois tinha depressão. Fiz terapia e o médico sugeriu que eu participasse de algum grupo.” Assim começou, há sete meses, a história de Maria Lúcia dos Santos no projeto “Para Elas – Por Elas, Por Eles, Por Nós”, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais.
“Com a minha entrada no Para Elas, tive a oportunidade de sair de casa, de conversar e de brincar; atividades que antes eu não fazia, e isso mudou meu modo de viver”, completa Maria Lúcia, feliz por integrar o projeto.
O objetivo do trabalho é transformar a realidade de mulheres vítimas de violência ou que vivem alguma vulnerabilidade social. Além do atendimento ambulatorial às mulheres, no Hospital das Clínicas, na UFMG, são oferecidas diferentes oficinas em quatro Coordenadorias de Atendimento Regionais; Barreiro, Leste, Centro Sul e Norte.
“Neste mês de janeiro, o atendimento ambulatorial e as oficinas também são oferecidas no CRAS Santa Rosa, na Regional Pampulha. A ideia é que o projeto chegue a todas as regionais”, afirma Sônia Lopes Siqueira, assistente social da PBH.
Nos encontros semanais na Regional Leste, sempre conduzidos por técnicos da Saúde e da Assistência Social da PBH, e também por profissionais da UFMG, já foram realizadas oficinas de bijuterias, de produção de bonecas e de artesanato, entre outras. No último deles, a atividade foi uma oficina de produção de abadá para participação no Carnaval de Belo Horizonte.
Maria do Carmo Ferreira, integrante do grupo há seis meses, afirma viver uma grande aprendizagem. “Hoje, quando eu vejo uma colega contando sua dificuldade, eu consigo me colocar no lugar dela e ver que todos nós passamos por situações difíceis, e que isso não é motivo para desistir; é motivo para ter força, vencer e ajudar quem precisa.”
As mulheres que participam do grupo são encaminhadas ao projeto por serviços da PBH, como centros de saúde e casas de apoio, e pela Delegacia de Mulheres.
Amizade e qualidade de vida
Assistente social da PBH, Silvana de Cássia Silveira, avalia que as oficinas realizadas com essas mulheres são instrumentos para a criação de vínculo comunitário e contribuem para que elas obtenham importantes informações sobre os benefícios e direitos da política de assistência social. “Por meio das oficinas e das ações coletivas, conseguimos trabalhar o fortalecimento de vínculos, base do nosso trabalho.”
Segundo Sandra Fernandes de Freitas, enfermeira da Diretoria Regional de Saúde Leste, são visíveis os benefícios que a convivência promovida pelas oficinas oferece às mulheres. “Todas elas já se mostram mais seguras de si, se dizem mais felizes. Algumas fizeram fortes laços de amizade e contam que mantém contato umas com as outras mesmo fora do ambiente onde os encontros são realizados. Elas demonstram por suas falas que tiveram uma grande melhora em sua qualidade de vida.”
Psicopedagoga e mestre em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência pela UFMG, Lauriza Maria Nunes afirma que as oficinas promovem o empoderamento das mulheres, pois muitas delas, que não possuem um trabalho fora de casa e dependem financeiramente de alguém, podem vender o produto fabricado. “Metade do lucro obtido com a venda das bijuterias vai para as participantes e a outra metade vai para o projeto.”