22 July 2019 -
Influenciados pelas obras do poeta Manoel de Barros e do artista plástico Vik Muniz, professora e alunos da Escola Municipal Prefeito Souza Lima, bairro Jardim Vitória, região Nordeste de Belo Horizonte, criaram o projeto Invencionática: um outro olhar para o ínfimo. A iniciativa tem como principal objetivo mostrar aos alunos e demais integrantes da comunidade escolar, a importância da reutilização dos resíduos produzidos.
A ideia é permitir aos alunos o desenvolvimento de novas capacidades cognitivas e de expansão o olhar crítico e sensível às pessoas e objetos que estão ao seu redor, usando como ferramentas a arte, a literatura, a imaginação, novos experimentos e as diversas produções artísticas. A proposta também integra o projeto Arte e Sustentabilidade, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação.
Idealizado pela professora de Artes da escola, Kátia Archanjo, o Invencionática ganhou espaço na imaginação dos alunos. “É muito gratificante acompanhar o interesse dos alunos pela arte e literatura, o entusiasmo, a participação ativa e o trabalho em equipe. O projeto reúne ações e muitas frentes de trabalho surgiram de demandas dos próprios alunos, como a discussão em relação ao lixo descartado de maneira irregular”, ressalta a professora, que fez uma conexão entre a situação levantada pelos alunos e o modo como o poeta Manoel de Barros valoriza o ínfimo e o que é desprezado.
A aluna Maria Eduarda, 14 anos, participa intensamente do projeto, cuja proposta considera bem diferenciada. “A professora Kátia nos propôs escolher um dos poemas de Manoel de Barros para trabalharmos a partir dele, e nós escolhemos ‘O apanhador de desperdícios’, pois é literalmente o que estamos fazendo: transformando o que é lixo em arte. Depois desse trabalho, passamos a ver as coisas inutilizadas com outros olhos, com outro significado”, afirma a aluna.
Recursos utilizados
Para trabalhar a temática com os alunos, Kátia Archanjo utilizou os filmes Lixo Extraordinário, de Vik Muniz, e Só Dez por Cento é Mentira, de Pedro César, além da exposição “Das raízes crianceiras às coisas olhadas de azul”, que apresenta os poemas de Manoel de Barros. Todos esses recursos contribuíram para as reflexões sobre a arte e a sustentabilidade e foram estímulos para os alunos, que transformaram a biblioteca da escola em um verdadeiro laboratório.
A professora Kátia Archanjo conta que as aulas de Arte viraram um laboratório de invenções. “Confeccionamos objetos e brinquedos tridimensionais com materiais recicláveis - alguns com algum tipo de tecnologia-; fizemos um livro ilustrado sobre o poema O livro sobre nada e usamos o celular para registrarmos a escola e as cenas do cotidiano a partir de um novo olhar. Além disso, fizemos um painel de assemblagem (colagens com objetos e materiais tridimensionais) da caricatura do poeta Manoel de Barros utilizando os resíduos coletados pelos alunos”, descreve.
Para a diretora da Escola Municipal Prefeito Souza Lima, Dionéia Pereira, o trabalho desenvolvido no projeto é muito importante para a escola e para a comunidade. “Trabalhar a conscientização dos nossos alunos por meio da arte, ações de sustentabilidade e literatura é um desejo permanente da escola e que repercute positivamente em toda a comunidade, e a professora Kátia vem executando muito bem essa proposta”, ressalta a diretora.
Novos desafios
Para compartilhar a iniciativa, foi criado um canal no YouTube – “Invencionática Arte na Escola”, com as ações do projeto que vai participar, no próximo mês de setembro, do evento UFMG Jovem e da 3ª Mostra de Investigação Científica Escolar. A mostra, promovida pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, é uma ação anual que busca dar visibilidade às ações pedagógicas de “investigação e pesquisa” nas mais diversas áreas do conhecimento.