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Aluna lê livro em sala de aula cheia, com professora e mais de dez alunos.
Foto: Divulgação PBH

Estudantes de escolas municipais publicam livros

criado em - atualizado em
“Realmente, nos acostumamos a fazer muitas coisas e, assim, acabamos vivendo de um jeito errado, vivemos não sendo nós mesmos. A julgar as pessoas pelas aparências, e não olhar através da janela da alma, como deveríamos”. Esse é um pequeno trecho do texto “Falsa Vivência” que, junto com muitos outros, compõem o livro Primeiras Crônicas – Releituras, publicação construída pelos alunos da Escola Municipal Padre Marzano Matias, localizada na região de Venda Nova. O fragmento, escrito pela estudante Isabela de Souza Fernandes, é uma retextualização da crônica “Eu sei, mas não devia”, da autora Marina Colassanti. 

 
Assim como este livro, outras 51 obras produzidas por estudantes do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental das escolas municipais de Belo Horizonte fazem parte do resultado alcançado, no último ano, por meio do Projeto Jornada Literária, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Todas as 52 publicações realizadas em 2017 estão disponíveis e podem ser conferidas na Biblioteca do Professor, localizada na Secretaria.


O Projeto Jornada Literária tem como objetivo propor a produção de um livro pelas escolas participantes da iniciativa, fruto do trabalho dos estudantes. Os alunos são incentivados à escrita por meio de oficinas de produção de textos literários, além de atividades culturais variadas, como saraus, encontros com escritores, encenações teatrais e contações de histórias. A partir das atividades planejadas nas formações ofertadas pela Smed, os professores inscritos nesta ação se tornam multiplicadores em seu ambiente, envolvendo a comunidade escolar, com a participação efetiva dos profissionais das bibliotecas. Essas diferentes atividades buscam ampliar os conhecimentos linguísticos dos estudantes e favorecer a aprendizagem.


Para a gerente dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Smed, Noara Resende, o Projeto busca formas de incentivar o trabalho com a leitura nas escolas. “A Jornada Literária, além de ser uma atividade que desenvolve e potencializa o protagonismo juvenil, tem papel importante no eixo da leitura. A leitura não se restringe a decodificar letras, mas envolve um trabalho coletivo das conexões do conhecimento e, principalmente, no desenvolvimento das múltiplas linguagens. O grande desafio da escola é colocar a leitura em seu cotidiano coletivo e a Jornada Literária instiga essa prática”, explicou.
  



Muitas histórias 

Em 2017, o tema do projeto foi “Eu leio, inspiro-me e conto: releituras”. A proposta motivou a produção de obras com assuntos variados e estimulou a criatividade dos alunos. Treze obras foram selecionadas por uma Comissão Julgadora Municipal, instituída pela Smed, para serem certificadas em primeiro, segundo e terceiro lugares. As publicações da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que teve ano passado a sua primeira participação, terão todas as suas obras certificadas.


A Escola Municipal Dom Bosco, localizada na regional Noroeste, ficou com o 1º lugar da categoria Língua Portuguesa 3º ciclo. Coordenado pela professora Dênia Andrade, a escola apresentou um trabalho desenvolvido pelos alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental. O livro “Somos muitos Severinos” faz a releitura da obra de João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina” e de quatro poemas de Carlos Drummond de Andrade. 


De acordo com a direção da escola, a experiência proporcionou aos alunos conhecer o universo social e cultural do ser humano que habita o sertão nordestino, possibilitando a expressão dos alunos através da reescrita. “Fazer parte desse projeto foi uma experiência muito bacana e construtiva. Inspirada nas obras de Carlos Drummond de Andrade, fiz alguns poemas, achei bem legal! Sem contar que eu pude conhecer um pouco mais o escritor João Cabral de Melo Neto e o seu livro, outra experiência muito interessante”, afirmou Ana Rocha, aluna do 8º ano da escola.


“Jornal dá poesia” é o nome da produção literária dos alunos do 6º ano da Escola Municipal Marconi, na região Centro-Sul. A obra, que foi certificada em 1º lugar na categoria Língua Portuguesa 2º ciclo, faz uma reescrita de textos encontrados em jornais, transformando classificados, receitas, horóscopo e outros, em poesia. 


Os alunos do 6º ano da Escola Municipal Aires da Mata Machado, orientados pelo professor Fábio Gonçalves Benevides Júnior, decidiram homenagear Esopo e La Fontaine e também a literatura de cordel. O resultado dessa mistura foi a produção da obra “Zap, Zap, Zoo”, um livro colorido, com muitas fotos, que alia a literatura à tecnologia. A produção faz uma releitura de fábulas diversas em formato de cordel e apresenta diálogos de personagens que são os próprios animais conversando pelo WhatsApp.  



Edição 2017 e expectativas para 2018

Em 2017, mais de 6 mil alunos participaram da 7ª edição do Projeto, dividido em seis categorias: Língua Portuguesa 3º Ciclo;  Língua Estrangeira ou edição bilíngue; Língua Portuguesa 2º Ciclo; EJA (incluída em 2017); Relato de prática pedagógica do Professor; e Relato de participação do profissional em atuação na biblioteca. Os contemplados na 7ª edição serão certificados neste ano, em data ainda a ser confirmada, em evento que também irá revelar o tema da 8ª Jornada Literária.


16/03/2018. Projeto Jornada Literária. Fotos: PBH/Divulgação