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Imagem em preto e branco de pessoa encolhida em um canto, representando um paciente com sofrimento mental
Foto: Faiza Khálida/PBH

BH tem Serviço de Urgência Psiquiátrica

criado em - atualizado em

Criado em setembro de 2006, o Serviço de Urgência Psiquiátrica (SUP) é o único serviço que acolhe moradores de Belo Horizonte com urgência psiquiátrica intensiva todas as noites, inclusive finais de semana e feriados.

 

Localizado na área hospitalar, ao lado da Santa Casa, o SUP (Av. Francisco Sales 111, Santa Efigênia) começa a receber os pacientes a partir das 19h, encaminhados SAMU, Corpo de Bombeiros, hospitais da rede privada e das unidades de atendimento público como as UPA`s (Unidade de Pronto Atendimento) e os Cersam´s (Centro de Referência à Saúde Mental).

 

Os Cersam´s atendem nas modalidades de ambulatório (consultas), semi-intensivo (quando o paciente volta para sua casa à noite) e intensivo (período integral).  Se estes pacientes precisarem de alguma intervenção urgente a partir das 19h00, serão encaminhados para o SUP.

 

Em cada plantão, conta com dois médicos psiquiatras, dois enfermeiros e quatro auxiliares de enfermagem. São sete leitos, mas em noites de grande demanda consegue-se atender até 11 pessoas.

 

Gerente há dois anos e meio, Míriam Maria Gonçalves Chaves ressalta que, em menos de seis meses da nova gestão foi autorizada mais um psiquiatra para o SUP, pelo Secretário da Saúde, Jakson Machado Pinto, o que qualificou muito o atendimento.

 

A busca pela humanização no tratamento psiquiátrico é uma preocupação constante da gerente, que faz questão de trabalhar este aspecto com toda equipe. A começar pela terminologia, eles não recebem pacientes, eles “acolhem” pessoas em situações “de sofrimento mental”. Os consultórios são “salas de acolhimento”. “A urgência psiquiátrica é uma urgência subjetiva, quando o sujeito transborda ele precisa ser acolhido. A pessoa em sofrimento mental tem uma delicadeza tanto para perceber quanto para sentir. A  forma de você abordar já é interpretada por eles. Se você foi ríspida, se você foi acolhedora, a questão de estabelecer ou não  um vínculo e eles devolvem para gente. Eles percebem isso, eu tenho 5 anos de trabalho com saúde mental anos e nunca fui agredida. É impressionante a relação de transferência e inter-transferência que eles têm com a gente” ressalta Míriam.  

 

Outro aspecto destacado por Míriam é o tamanho da dor dos pacientes. “A gente é capaz de mensurar o que um diabético está sentindo, o que uma pessoa ferida está sentindo mas e a dor da essência, o sofrimento psíquico, esta dor dor é imensurável,  por isso tem que ter  a sensibilidade para acolher, eu adoro e me encontrei na enfermagem trabalhando com saúde mental” diz.

 

Esta satisfação com o trabalho também está presente nos depoimentos de outras pessoas da equipe. Dr. Marcelo Gomes Teles, psiquiatra, plantonista às sextas-feiras e sábados, está no SUP desde sua inauguração, relata que é “o trabalho que eu mais gosto na minha carreira, em 28 anos de psiquiatria, em todos estes anos eu só me afastei duas vezes por motivo de saúde. A gente que está aqui não está de pára-quedas, a gente sabe por que está aqui.”

 

Leandro Boson Gamboji, há dois anos no SUP, afirma  gostar de trabalhar no SUP da equipe. “Gosto de atender às urgências, pelo menos uma vez por semana. É o atendimento terciário de urgência mesmo. Não tem mais onde recorrer, já acionou bombeiros, polícia, SAMU ou passou por outra unidade de urgência, por exemplo as UPA´s e aí o paciente chega para avaliação psiquiátrica aqui”.

 

O local, reformado há pouco tempo,  tem cores variadas, pequenos ambientes, tudo para dar a sensação de acolhimento aos que ali chegam para serem tratados. Nota-se também um grande entrosamento da equipe. Médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem participam da discussão e definem qual o melhor procedimento a ser adotado em cada caso. Este é outro diferencial do SUP, um serviço totalmente gratuito da rede municipal de saúde (SUS-BH) que é de grande importância para os moradores de Belo Horizonte.