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Muro de uma esquina pintado de verde com flores de pétalas amarelas e os dizeres "Arte da Saúde" em roxo.
Foto: Reynaldo Ribeiro

BH em Pauta: Programa de arte apoia crianças e adolescentes

criado em - atualizado em
Entre pincéis, música, arte, artesanato, dança e grafite, muitos sorrisos, inclusão social e a oportunidade de protagonizar a própria história. Essa é a proposta do programa Arte da Saúde – Ateliê de Cidadania, cujo público-alvo são crianças e adolescentes com idade entre 6 e 18 anos e que se encontram em situações de vulnerabilidade, risco social ou pessoal. 

Realizado em todas as regiões da cidade, o projeto é desenvolvido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Saúde e das Regionais, em parceria com a Cáritas Regional Minas Gerais. Trata-se de uma prática de promoção à saúde, que se utiliza das artes como ferramenta para produzir cidadania, reduzir a violência, ampliar o convívio familiar, comunitário e escolar. O fortalecimento da capacidade expressiva e criativa das crianças e dos adolescentes também faz parte do programa.

Na região Nordeste de Belo Horizonte há seis núcleos de atuação do Arte da Saúde. Eles estão presentes nos bairros Capitão Eduardo, Conjunto Paulo VI, Nazaré, Goiânia, São Marcos e Santa Cruz. 

As ações são desenvolvidas por meio de oficinas de artes plásticas, de artesanato, de música, de grafite e dança. O trabalho contempla ainda a circulação urbana, com o acesso das crianças e dos adolescentes ao cinema, espetáculos teatrais, exposições, eventos sociais e passeios em parques, além das reuniões com as famílias e a intersetorialidade entre as diversas áreas e os profissionais envolvidos. As oficinas são realizadas duas vezes por semana, nos períodos da manhã e da tarde, em horário alternado com a escola e reúne cerca de 12 crianças em cada turno.

“O Arte da Saúde é um trabalho desafiador, que consegue sensibilizar os participantes e provocar mudanças substanciais no curso da vida de muitas crianças e adolescentes”, afirma a psicóloga e coordenadora do programa na região Nordeste Adilcéia Campos. Para ela, os vínculos construídos e os resultados percebidos, a cada dia, são o maior incentivo para continuidade do trabalho. “Estamos falando de crianças e adolescentes, muitas vezes em situação de insuficiência familiar e até já cometendo pequenos delitos, que, por meio das ações do Arte da Saúde, conseguem enfrentar o processo de exclusão e resgatar a cidadania e a autoestima, isso é maravilhoso”, ressalta Adilcéia.


Experiências e aprendizagem

Cassiano Patrocínio Luiz da Silva, monitor da oficina de música Núcleo Canto Novo, no bairro Santa Cruz, sente-se realizado com o trabalho que faz no Arte da Saúde. “É a oportunidade que tenho para usar a música como ferramenta social, isso é um processo encantador. Vejo o tanto que as crianças e os adolescentes se envolvem, socializam e aprendem a enfrentar as dificuldades”, afirma Cassiano, que é estudante de Música na UFMG.

Paloma Oliveira dos Santos, 16, participa da oficina de música há dois meses e considera-se apaixonada por esta arte, mas diz ter encontrado nessa oficina muito mais do que a oportunidade de cantar e criar. “O que aprendemos aqui vai muito além da música, são ensinamentos para a vida toda. Aprendemos a respeitar as pessoas, a aceitar as diferenças e a participar do debate. O Arte na Saúde nos ajuda a aliviar o estresse, interagir e ser mais pacientes. Provoca mudanças em nós”, pontua Paloma.

As histórias de vida dos participantes das oficinas do programa Arte na Saúde são marcadas, muitas vezes, por experiências bem distintas, mas nos encontros, muitas coisas se tornam comuns: todas as crianças e os adolescentes têm as mesmas oportunidades, seja para criar, falar e ser ouvido. Não há disputa de qual o trabalho produzido é o melhor, pois não é objetivo tornar os participantes músicos, artistas, artesãos ou grafiteiros profissionais. O objetivo é a integração e inserção social, a redução de danos, a saúde física e mental das crianças e dos adolescentes assistidos.

Sirlene Aparecida Domingues, monitora da oficina de artesanato no Núcleo Goiânia há quatro anos e artesã há 30, diz-se apaixonada com o trabalho do Arte da Saúde. “É muito gratificante usar a arte para criar vínculos, estabelecer relações, promover a saúde e contribuir com a construção de projetos de vida, principalmente de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.”

Caio Eduardo Martins de Almeida, 10, integra uma das turmas da oficina de artesanato coordenada por Sirlene Domingues. Ele é um dos participantes que tiveram situações de vida transformadas a partir do programa Arte da Saúde. “Eu sinto-me muito feliz com o tempo que passo aqui. Aprendi a respeitar os meus colegas, dividir os materiais, parei de fazer bagunça na escola e até o meu relacionamento com o meu pai melhorou. Quero participar até os meus 18 anos e, se deixar, eu continuo”, empolga-se Caio.


Fluxo para encaminhamentos

Os encaminhamentos para o programa Arte da Saúde são realizados pelos centros de saúde. Em cada unidade há um profissional de referência para avaliação dos casos indicados pelas equipes de Saúde da Família, Saúde Mental, pelos núcleos de Apoio à Saúde da Família, Atendimento às Medidas Sócioeducativas e Protetivas, Conselho Tutelar, escolas, dentre outros.

Mensalmente, são realizadas reuniões entre o profissional de referência nas unidades básicas de saúde, os educadores e a coordenação regional do programa para discussão dos casos e construção das ações específicas para cada situação. Os principais motivos de encaminhamentos são dificuldades de aprendizagem, de relacionamento e interação social, hiperatividade, problemas de comportamento, ansiedade, agitação, vítimas de violências e negligências diversas.



Confira os locais de funcionamento dos Núcleos na região Nordeste

- Núcleo Capitão Eduardo - Oficina de Artesanato
Igreja Nossa Senhora da Rosa Mística - Rua Francisco de Almeida, 13, bairro Capitão Eduardo.

- Núcleo Nazaré - Oficina de Artesanato
Igreja Batista Canaã - Rua Pitágoras, 19, bairro Nazaré.

- Núcleo Paulo VI – Oficina de Grafite e Dança
Creche Vovó Geralda – Rua Paço da Liberdade, 2, Conjunto Paulo VI.

- Núcleo São Marcos – Oficina de Artes
Quadra de Esportes São Marcos - Rua Senhora Aparecida, 120.

- Núcleo Goiânia – Oficina de Artesanato
Sede do antigo Centro de Saúde Goiânia - Rua Tiziu, 179, Goiânia.

- Núcleo Canto Novo – Oficina de Música
Paróquia Pio X – Rua Itauninha, 550, Santa Cruz.
 
 

08/08/2017. Arte da Saúde - oficina de Grafitte. Fotos: Reynaldo Ribeiro/PBH