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6 fotografias antigas na parede e banner explicativo sobre a exposição
Foto: Álvaro Sales/PBH

Exposição Memórias Urbanas leva fotografias históricas para várias regiões de BH

criado em - atualizado em
O Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), espaço gerido pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura (FMC), abriga e expõe acervos importantes da história da capital mineira, fortalecendo os laços de pertencimento identitário e estabelecendo diálogo permanente para a construção coletiva das memórias locais. Uma das atrações de destaque do MHAB é a exposição Memórias Urbanas, uma verdadeira viagem no tempo através de imagens, que segue em sua segunda edição, proporcionando acesso aos acervos fotográficos do museu nas mais diversas regiões de Belo Horizonte, em parceria com os Centros Culturais.
 
A ideia de uma mostra itinerante teve início em 2013, quando foi organizada a primeira edição, que celebrou o trabalho do renomado fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. Na exposição chamada “Sebastião Salgado: fotografia comprometida”, os 17 Centros Culturais mantidos pela FMC receberam imagens de reprodução de dez fotografias originais do artista, integrantes das séries “Trabalhadores”, “Terra” e “Êxodos”, e pertencentes ao acervo do MHAB. 
 
Em 2018 e parte do ano de 2019, o projeto se dedica à rememoração e celebra Belo Horizonte através de fotografias históricas de autores diversos. 
 

Histórias e afetos 

Segundo a coordenadora do MHAB, Natercia Pons, as fotografias retratam espaços, percursos e construções que evocam memórias dos seus habitantes. “Além disso, a exposição desperta a curiosidade dos interessados em visualizar a Belo Horizonte de tempos passados e como se deram as transformações que configuraram o presente”. 
 
Moradora do bairro Lagoinha, Nádia Mansur, 52 anos, é uma das pessoas que se encantaram pela exposição e com a possibilidade de ver a cidade por novos ângulos. “Com estas fotos a gente tem uma ideia de como a cidade começou, podemos fazer uma viagem pelo que ela era e pelo que é hoje, pelo seu desenvolvimento”.    
 
A coordenadora do MHAB ressalta que a preciosidade dos registros também está na representação de uma realidade física e simbólica. “Os lugares existem no traçado urbano, na linguagem e na tradição, além de contarem histórias de apropriações, conflitos e mudanças”.  Felipe Rodrigues, 26 anos, estudante de artes visuais, morador do bairro Indaiá, visitou a mostra e destacou sua relevância para a comunidade. “A exposição é muito interessante! Estas fotos registram e resgatam a história e a cultura de BH”.
 

Itinerância

Até o momento, a exposição já passou pelos Centros Culturais Padre Eustáquio, Bairro das Indústrias e Liberalino Alves de Oliveira (CCLAO). Neste mês de agosto, será exibida no Zilah Spósito, e, nos meses seguintes, segue para as demais regiões. 
 
Além das significações coletivas, cada habitante tem uma relação particular com as imagens e os espaços. Márcia Araújo, 51 anos, moradora do Castelo, recepcionista do CCLAO, relata sua experiência muito pessoal e nostálgica ao ter contato com as fotos históricas durante a visita da exposição. “Nestas fotos revivi momentos de minha adolescência, nos anos 80, quando ainda tínhamos os cinemas de rua. Eram locais de sonhos e namoros interrompidos pelo lanterninha do cinema”. Segundo ela, a participação do público foi expressiva.
 
“Aproximadamente 150 pessoas já visitaram a exposição, sendo este um número aproximado, uma vez que as pessoas têm ‘resistência’ em assinar o livro de presença”. Sobre a idade dos frequentadores, ela diz que em sua maior parte são idosos, embora a presença de adultos e crianças seja constante. A exposição também recebe grupos de estudantes adolescentes. Marcia também comenta sobre as diferentes reações do público frente às fotografias. “Os mais velhos sempre dizem que eram bons tempos, tempos melhores e relatam suas experiências nos diversos locais retratados. Os mais jovens têm dúvidas e questionam se os locais eram assim mesmo” completa.
 

MHAB amplia diálogos

A coordenadora Natercia Pons ressalta a importância do Memórias Urbanas para além da divulgação do acervo do museu. “A mostra promove o diálogo entre diretorias da FMC e discussões sobre preservação do patrimônio e formas de ocupação urbana, além de nos fazer refletir sobre o futuro da cidade e de suas edificações”. Natercia também chama atenção para o alcance da atração. “A exposição amplia a programação dos centros culturais, sensibilizando públicos diversos para as questões de memória, identidade cultural e preservação, contribuindo para a descentralização da cultura”, finaliza.
 

09/08/2018. Memórias urbanas. Fotos: Álvaro Sales/PBH