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Pequeno lago na Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, com ponte de madeira e vegetais em volta.
Foto: Stênio Lima

BH em Pauta: Com a força da natureza

criado em - atualizado em

A Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, na Região Norte de Belo Horizonte, aposta em uma fórmula lúdica para melhorar a formação de crianças e adolescentes. Por meio do contato direto com a natureza, estudantes do 1º ao 9º ano da educação básica aprendem sobre o cuidado e preservação do meio ambiente dentro da escola. A relação com a água, plantas e animais e a reutilização de lixo, além da integração com a comunidade, melhoraram o aprendizado e a saúde dos alunos, assegura a direção da escola.

Com o Programa Escola Integrada desde agosto de 2009, a instituição expande o aprendizado para além do contexto da sala de aula tradicional e estimula, nos 365 estudantes participantes, a ocupação de outros espaços, trazendo ludicidade ao ensino. Além do estímulo às artes e ao esporte, a Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes aposta no meio ambiente como um atrativo. 

Ações como hortas tradicionais e o desenvolvimento de tecnologias para o plantio - como hidroponia, aquaponia e aeroponia - passaram a fazer parte da rotina da escola. Dessa forma, crianças e adolescentes acompanham todo o processo de cultivo de alimentos como alface, taioba, salsinha, cebolinha, batata e até morango. Para Rubens Ribeiro, de 6 anos, participar do processo de produção da merenda que ele e os outros colegas irão comer é o mais interessante.  “As plantas aqui na horta são as plantas que vão estar no nosso almoço. A tia lá da cozinha coloca na salada”, explica o pequeno Rubens, que fica por nove horas na escola e faz cinco refeições nesse tempo. 

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O diretor da escola e responsável por introduzir as ações ecológicas na proposta pedagógica da escola, Manoel Pantuzo, explica que mesmo tendo como meta a produção de toda a salada consumida na escola, esta não é a finalidade principal: “O objetivo não é a produção. Isso é consequência. O objetivo é o aprendizado, o ensino dos meninos e o contato com o meio ambiente”.

A revitalização da mina d’água que passa pela área da escola foi o ponto alto das ações do Programa Escola Integrada. O espaço, que antes era motivo de insegurança para os pais, transformou-se em um lago cheio de vida, com peixes ornamentais, e local de aprendizado para as crianças, além de fonte de economia para as contas da escola. A água que vem da fonte é usada, desde 2015, para irrigação da horta e lavagem do chão da escola. Essas mudanças geraram uma economia de 68% nas despesas referentes à água.

Mas as transformações não pararam por aí. O diretor da escola destaca que a conexão com o meio ambiente melhorou o clima escolar, impactando também o aprendizado. “Os meninos passaram a vir para a escola, passaram a curtir a escola, fazer o que a escola propõe e propor coisas novas. Eles têm muito mais interesse em participar das atividades que acontecem dentro da sala, sabendo que o que acontece fora também é importante.” 

O diretor ainda conta que a saúde dos alunos mudou após as atividades de valorização ambiental. “Antes do projeto de meio ambiente e de horta começarem, os meninos tinham muito problema de saúde, porque comiam mal. Depois que a gente começou com esse trabalho, eles passaram a se alimentar muito. Toda a salada que nós colocamos, eles comem. Isso aumentou os níveis de saúde dos alunos, tudo comprovado pelo Programa de Saúde na Escola, que avalia a saúde dos alunos”, ressalta.



Parcerias



As parcerias firmadas entre a escola e a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Zoo-Botânica e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, renderam frutos. A Fundação enviou mudas de hortaliças e de árvores frutíferas e ornamentais que os alunos plantaram, além terra enriquecida para melhorar a qualidade das plantas. Já a Secretaria de Meio Ambiente colabora com o suporte técnico. Profissionais atuam diretamente com os estudantes, demonstrando a importância da preservação da natureza de forma lúdica e prática para os estudantes participantes do projeto.
 


Chico, uma fera da Física



O nome da escola, localizada na rua dos Mamoeiros, no bairro Vila Clóris, é uma homenagem ao físico mineiro Francisco de Assis Magalhães Gomes, o Chico Bomba Atômica, que se destacou por experimentos e ensinos nas faculdades mais conceituadas de Belo Horizonte. Agora, a escola que leva o nome dele também realiza experiências que visam o desenvolvimento do aprendizado, mas em relação ao meio ambiente. São maneiras alternativas e tecnológicas de plantio. 

Técnicas como a hidroponia, plantio sem uso do solo a partir de água e nutrientes; a aquaponia, sistema de plantio que une a hidroponia à piscicultura (cultivo de peixes); e a aeroponia, plantio no qual as plantas ficam suspensas no ar e recebem nutrientes pela raiz, aumentam a capacidade e os meios de produção, mesmo para ambientes com pouco espaço.  

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Programa Escola Integrada


Implantado em 173 escolas da rede municipal, o programa Escola Integrada beneficia cerca de 55 mil alunos entre 6 e 14 anos. Na Escola Integrada, a jornada educativa foi ampliada para nove horas diárias. As crianças e os adolescentes atendidos recebem cinco refeições diárias.

O programa tem como objetivo incrementar a qualidade do ensino, incorporando novas estratégias pedagógicas às atividades regulares da escola. As atividades envolvem, além das escolas, ONGs, universidades e a comunidade, com a utilização de espaços e recursos humanos já existentes, mobilizando, principalmente, a comunidade no processo educacional.

Diariamente são oferecidas oficinas de artes, dança, cultura, brincadeiras, contação de histórias, jogos, esportes, informática, conhecimento, reforço escolar, leitura, inglês, cidadania, entre outras. Esses projetos de intervenção são desenvolvidos por alunos das universidades parceiras do programa, para que tenham a possibilidade de aplicar na prática os conhecimentos apreendidos.